Médico apresenta verdades e mitos sobre câncer de próstata

Superintendente da FIDI, explica a respeito de exames e prevenção

Da redação

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o câncer de próstata é o tipo que mais mata no país, tirando a vida de mais de 16.300 homens em 2021, ou seja, uma morte a cada 32 minutos.

O número calculado de casos novos para o triênio de 2023 a 2025 é de 71.730, o que representa 67,86 casos a cada 100 mil homens, e, excluindo o câncer de pele não melanoma, o de próstata é o mais frequente entre as pessoas do sexo masculino, liderando em todas as regiões do país.

Diante desse cenário, incentivar a conscientização sobre a doença é essencial para a saúde do homem e, para isso, desde 2011 o Brasil promove a campanha “Novembro Azul”, em alusão ao 17 de novembro, o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

Para contribuir com a ação, o médico radiologista intervencionista e superintendente da FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem), Harley de Nicola, comenta sobre os mitos e verdades a respeito do diagnóstico, prevenção e tratamento.

Professor doutor do Departamento de Radiologia da Escola Paulista de Medicina e atuante na área científica e acadêmica, o médico responde a uma série de questionamentos. Entre eles, o que um homem precisa saber para diagnosticar e tratar a doença?

Ele também explica se é verdade ou mito que um único exame já pode afirmar que o paciente tem câncer, além de tirar dúvidas a partir de respostas curtas, de modo a explicar se o exame de toque retal é invasivo, ou então, se só homens com mais de 50 anos têm a doença.

De acordo com Nicola, é fato que morrem mais homens que mulheres de câncer. Segundo o médico, eles são 50% mais propensos a morrer de câncer do que elas. Os dados são da Cancer Research UK. No mundo, 4,6 milhões pessoas do sexo masculino perdem a vida para doença por ano. Já as do sexo feminino, somam cerca de 3,5 milhões. E a doença em homens tende a ser mais agressiva e com pior prognóstico que em mulheres.

Além disso, Nicola aponta que a vergonha, questões culturais, medo de descobrir doenças graves e dificuldades em verbalizar o que sentem são apontados como as principais justificativas usadas pelos homens para não procurar ajuda médica. “Ou seja, muitas vidas podem ser salvas se diminuírem os preconceitos em torno do cuidado masculino”, diz.

Um dos mitos derrubados pelo médico é o de que o câncer de próstata é totalmente silencioso. De acordo com o pesquisador, pequenos incidentes no dia a dia podem ser sinais de alteração do funcionamento da próstata. Entre eles, inchaço da glândula, uma urina que é eliminada com mais dificuldade e mais fraca, se o vaso sanitário fica com respingos espalhados pela bacia, além de dores frequentes que aparecem na região da virilha.

“Em casos mais graves, a presença de sangue na urina e incômodos na lombar e abdominal podem significar que a doença pode estar em nível mais avançado”, alerta o profissional. “Por isso, aqui, reforço a necessidade de check-up constante para que o diagnóstico ocorra o mais cedo possível, aumentando a chance de recuperação”, complementa.

Segundo o médico, é mentira que só um exame é capaz de detectar a doença. O diagnóstico do câncer de próstata tem três bases: o PSA, feito com amostra sanguínea; o de toque retal, realizado por um urologista; e a ultrassom.

“Com o avanço da medicina e o aumento da precisão dos exames de imagem, antes de fazer um procedimento invasivo, está cada vez mais comum solicitar uma ressonância magnética da glândula. Em um cenário com positivo de mais da metade desses três exames, o médico pode solicitar uma biópsia na glândula e, assim, fechar o diagnóstico”, explica.

Outro mito é dizer que hemorroidas e doenças retais impedem a realização do exame de toque. Conforme Nicola, esses tipos de doenças não são barreiras para o médico fazer o exame. “Trago informações para tranquilizar os homens: o toque retal é muito rápido e indolor”, frisa.

Por outro lado, o médico afirma que a genética é fator de risco. Se o homem tem, em seu histórico familiar, casos da doença, é mais importante ainda que ele faça acompanhamento médico frequente. Ter mais de 50 anos, ser sedentário, ter sobrepeso e negligenciar a saúde são fatores que podem potencializar a doença. “Isso não quer dizer que somente pessoas com esses perfis têm a doença, pois ela pode aparecer em qualquer um”, conta.

Por esse motivo, ter desde sempre uma alimentação saudável e controle do peso corporal, praticar regularmente atividade física, não fumar e consumir com moderação bebidas alcoólicas são fundamentais para prevenção da doença, além do check-up regular.

Nicola relata, ainda, que diferentemente do que se diz, o câncer de próstata não causa disfunção erétil. Segundo o médico, homens que possuem vida sexual ativa antes do tratamento tendem a retomar aos mesmos níveis ao ser considerado curado, assim como os níveis de fertilidade.

“Lógico que a tendência é de queda durante o processo de cura, porém a disfunção erétil normalmente é revertida”, argumenta. “Aqui, reforço que quanto antes o câncer for descoberto, as chances de uma possível alteração nesse quesito diminuem”, acrescenta o profissional.

Por fim, o médico destaca que a principal medida a ser adotada pelos homens é deixar o preconceito de lado. “O homem deve procurar o médico regularmente, fazer todos os exames prescritos e acompanhar os resultados. Deve, também, conhecer seu histórico familiar, cuidar da sua saúde desde sempre e observar os sinais do seu corpo. O Novembro Azul existe para levar para todos a discussão sobre a importância do cuidado masculino”, conclui.