Maternidade tem reparo e SC espera laudo





Cristiano Mota

Vão de dilatação é um dos pontos questionados por ‘escoar água’

 

A direção da Santa Casa concluiu nesta semana reparos emergenciais no prédio da Maternidade “Maria Odete Campos Azevedo” por conta de problemas que estão sendo analisados. Conforme afirmou a provedora do hospital, Nanete Walti de Lima, a entidade filantrópica recebeu apoio da Prefeitura para proceder consertos pontuais, mas que resultaram em interdição.

Com pouco mais de dois anos de uso, o prédio apresentou rachaduras e defeitos no sistema hidráulico de dois banheiros. Nanete explicou que o segundo problema havia sido detectado a partir de um vazamento. Um “cotovelo de ligação” do encanamento que faz o escoamento da água do ralo dos banheiros e dos vasos sanitários se desligou da tubulação, caindo no forro.

A provedora relatou que como a equipe da maternidade enfrentou complicações por conta de infiltrações. Conforme ela, como os tetos de todas as salas são cobertos por gesso – e o encanamento ficava acima desse forro –, houve vazamento no andar inferior. Justamente, onde se localiza o centro de obstetrícia.

Para consertar o problema e evitar que houvesse qualquer complicação para o funcionamento da maternidade, a direção optou por interditar todo o 1o andar. Ele é destinado para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e que contam com 22 dos 44 leitos. Os demais são para convênios médicos e particulares.

Os problemas internos tornaram-se públicos com pronunciamentos feitos pelo vereador Carlos Rubens Avallone Júnior, do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) no início do mês. Em pelo menos duas oportunidades, o parlamentar abordou o assunto pelo qual produziu requerimentos.

Na última sessão ordinária do ano, Avallone apresentou – e teve aprovados – dois requerimentos que tratavam da situação da conservação do prédio da maternidade. O médico obstetra endereçou documentos à Prefeitura e à provedoria. “Peço as mesmas coisas a pessoas diferentes”, iniciou ele, durante debate.

O parlamentar solicitou informações sobre a situação legal relativa à propriedade do prédio da maternidade. Tanto para o Executivo como para a direção do hospital, pediu o envio de documentação “para esclarecimento da questão”.

Avallone quer cópias de certidão do imóvel no cartório de registros, escritura, averbação de matrícula e do contrato de comodato. O vereador alegou que precisa saber quem é o “proprietário” do prédio para cobrar a manutenção.

Na Câmara, ele chegou a convidar os vereadores que acompanhavam a sessão ordinária para verificar “as condições do prédio”, mas não o estendeu para reportagem de O Progresso. Além das trincas e do vazamento (já consertados), ele havia dito que estava preocupado com a dilatação.

Entre o térreo ao 2º andar, o prédio conta com espaços entres “blocos” que possuem vãos. Na época da inauguração da maternidade, o então vereador (atual vice-prefeito) Vicente Aparecido Menezes, Vicentão, havia questionado esse detalhe da obra, afirmando que ela estava ocasionando vazamento.

Nesse caso, a explicação apresentada pela diretoria da época é que durante a lavagem dos pavimentos, a água escorria pelo vão de dilatação entre um andar e outro. Avallone, no entanto, disse que esse escoamento estaria causando transtornos, prejudicando funcionários da recepção, que precisam cobrir ou retirar equipamentos quando o prédio passa pelo processo de limpeza.

O ex-provedor e atual membro da diretoria, o vereador Antonio Marcos de Abreu, o Marquinhos da Santa Casa, do PP (Partido Progressista), afirmou que indagou a empreiteira responsável pela obra a respeito da existência dos espaços.

Como resposta, teria recebido a informação de que os vãos são necessários para que não haja prejuízo da estrutura do prédio. Segundo ele, trata-se do mesmo mecanismo usado pelos profissionais para construção de “grandes pontes”.

De acordo com ele, engenheiros da construtora haviam argumentado que também seria preciso isolar os vãos com silicone. Dessa forma, não haveria escoamento de água de um andar para outro e o prédio não correria risco de apresentar danos por desgaste em função de um deslocamento entre “um bloco e outro”.

Durante a discussão do requerimento, Avallone afirmou que o prédio da maternidade é “muito bem-vindo”. Mas alegou que ele havia sido “extremamente mal construído”. Também reforçou que esperava obter notícias sobre as informações solicitadas e tinha a intenção de “esclarecer a situação”.

O parlamentar ainda afirmou que o prédio estava “desabando” e que “algo precisava acontecer”. “Espero que façam, realmente, coisas boas pelo que é de vocês, porque aquilo não é meu, médico. é da cidade. E foi o dinheiro de vocês, vindo do Estado que levantou aquilo e está caindo em dois anos”, alardeou.

A Santa Casa providenciou o conserto do vazamento de esgoto com apoio da Prefeitura. Também providenciou o reparo de um pedaço do piso de um dos quartos. As obras duraram, aproximadamente, 15 dias, com os quartos 5 e 6 sendo abertos no sábado, 12, e liberados para internação na segunda-feira, 15.

Apesar dos transtornos, a provedora disse que não há motivos para pânico. Nanete afirmou que a provedoria está tomando todos os cuidados necessários de modo a evitar que as pacientes (gestantes e seus acompanhantes) fiquem a mercê de qualquer tipo de risco. “Exatamente por isso, e só por isso, nós interditamos o 1o andar, mas estamos avaliando”, comentou.

Durante a interdição, a diretoria da maternidade precisou montar provisoriamente uma ala para abrigar as gestantes e dar sequência aos atendimentos. “Nós não deixamos de atender. Só tomamos cuidados”, enfatizou.

Ela também disse que não há um prognóstico sobre a situação estrutural do prédio e que, portanto, a provedoria não pode se manifestar como fez o vereador. “Não sabemos ao certo. Apareceram algumas trincas e estamos aguardando laudo de engenheiro da Prefeitura para ter um resultado”, declarou.

O trabalho deve ser concluído após as avaliações dos consertos realizados no imóvel. Nanete afirmou que a equipe providenciou colocação de massa corrida nas rachaduras e deve voltar a fazer uma vistoria nos locais nos próximos dias para saber se eles não voltaram a apresentar trincas e rachaduras.

A provedoria também acionou a empreiteira responsável pela construção. Conforme Nanete, o contrato firmado como Executivo prevê prazo de cinco anos – a contar da entrega – como espécie de “garantia” para eventuais correções.

Quanto à documentação, Nanete informou que o prédio ainda pertence à Prefeitura. Conforme ela, à época da construção, a Santa Casa havia transferido em comodato a posse da área para que o Executivo viabilizasse a construção.

“Se eu não me engano, eles (a Prefeitura) devolveram o terreno, mas o prédio me parece que ainda continua em posse do Executivo”, declarou a provedora.