Ações emergenciais na infraestrutura e contenção de crises na Santa Casa de Misericórdia, além da situação financeira foram os principais destaques dos cem primeiros dias do governo de Maria José Vieira de Camargo à frente da Prefeitura.
Em evento no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) “Fotógrafo Victor Hugo da Costa Pires”, na noite de segunda-feira, 10, a prefeita e o vice Luiz Paulo Ribeiro da Silva fizeram um balanço do período.
A prestação de contas do governo contou com a participação de todo o secretariado e de membros da Câmara Municipal. Além dos problemas enfrentados, o balanço teve a apresentação das realizações de cada área de atuação da Prefeitura.
De acordo com a prefeita, os primeiros dias de governo, frente aos mais de 1.300 que a administração terá até o fim do mandato, foram dedicados a “arrumar a casa”.
Problemas como buracos na pavimentação viária, mato alto em terrenos, dificuldades no serviço de coleta de lixo domiciliar por falta de pagamentos e a quebra de contrato com a empresa que realiza o transporte universitário foram algumas das situações enfrentadas por Maria José.
Antes de assumir o mandato, ela afirmou que tinha conhecimento de parte dos problemas. A maior surpresa, segundo ela, contudo, foi após tomar posse como a segunda prefeita da história de Tatuí.
“Eu não imaginava. Quando entramos na Prefeitura, a gente viu o estado da estrutura. Realmente, precisamos mudar muita coisa na administração, trabalhar muito, porque houve descontrole na gestão passada”, declarou.
A experiência no setor privado e no Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí), ponderou a prefeita, tem a ajudado a administrar uma máquina com quase 4.000 funcionários e que atende às demandas de 117 mil habitantes. Segundo Maria José, o secretariado “comprometido com a cidade” também contribui.
“Temos reuniões todas as segundas-feiras e cada um presta contas do que fez e deixou de realizar. Também peço algumas coisas que considero importantes. A minha certeza é que tenho uma equipe comprometida com a reconstrução da cidade”, ressaltou.
Para o vice Luiz Paulo, foi necessário desatar alguns nós na administração, principalmente no tocante à regularização dos pagamentos com parte dos prestadores de serviço e fornecedores. Em janeiro, a Prefeitura devia mais de R$ 2 milhões somente às empreiteiras responsáveis pela recuperação viária.
Além dos problemas com os mais de 600 buracos espalhados pelas ruas, cinco pontes apresentaram danos estruturais ou vieram abaixo desde o ano passado: Marapé, Chácara Junqueira, Bosques do Junqueira, Jardim Paulista e Colina Verde.
“A Prefeitura devia mais de R$ 2 milhões e estava precisando asfaltar a cidade toda. Renegociamos o que pudemos e recomeçamos os trabalhos com os fornecedores e prestadores”, contou o vice-prefeito.
Na pavimentação, a Prefeitura voltou a utilizar as lajotas sextavadas nas ruas. Apesar de custar praticamente o mesmo do asfalto convencional, a manutenção é simplificada e menos dispendiosa aos cofres públicos.
A construção não demanda mão de obra especializada e pode ser realizada pelos próprios funcionários da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura.
Considerado o primeiro ato da nova administração, o corte de cargos comissionados gerará, somente neste ano, economia de R$ 2 milhões na folha de pagamento.
A contenção de gastos atingiu serviços considerados “de não grande interesse”, como os contratos com a cerca eletrônica e o monitoramento das creches, os quais, juntos, consumiam R$ 700 mil mensais.
“A folha de pagamento estava inchada, alguns comissionados ganhando cada um R$ 11 mil por mês. Funcionários de chefia ganhando até quatro gratificações diferentes e mais horas extras”, apontou.
Algumas das tomadas de preço do ano passado foram refeitas, o que garantiu diminuição dos gastos com serviços e equipamentos. De acordo com o vice-prefeito, em 2016, um semáforo foi orçado em R$ 183 mil.
Neste ano, o mesmo equipamento foi comprado por R$ 23 mil e está instalado no cruzamento das ruas 11 de Agosto com a Capitão Lisboa, no centro.
“As licitações deram muito trabalho. Estamos apurando as possíveis irregularidades. Neste caso do semáforo, a empresa que havia ganhado na tomada de preços entrou com liminar e perdeu. Gastamos um sexto do que foi calculado anteriormente”, sustentou.
Com a economia do erário público, a nova administração considera ter “reconquistado a confiança” da população. O Refis (Programa Municipal de Recuperação Fiscal) atingiu a marca de R$ 5 milhões em impostos, tributos e taxas municipais reparcelados.
O dinheiro, que entrará nos cofres do município paulatinamente ajudará na recuperação das finanças locais e no enfrentamento da crise financeira pela qual o país passa.
A redução das despesas permitiu ao município reduzir, no primeiro trimestre, a dívida de curto prazo com fornecedores, estimada em R$ 40 milhões, para R$ 24 milhões. No total, foram herdados passivos de R$ 63 milhões entre curto e longo prazo.
“As pessoas acreditaram na nossa gestão e muitos resolveram pagar o segundo carnê do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de 2014. Isso mostra a credibilidade, mas temos que mostrar o que vamos fazer com o dinheiro e reverter esse dinheiro em benefício para a população”, salientou.
A retomada da confiança também foi apontada com relação aos empresários que planejam instalar plantas industriais na cidade. A Noma, fabricante de carretas para caminhões, vai inaugurar a unidade local no segundo semestre.
O comércio ganhará um reforço do Pátio Vivaz, um centro de compras. Também estão confirmadas as expansões da Marquespan, do setor de panificação, e da Santista Têxtil.
“Vamos voltar a conversar com o pessoal da Zoomlion (fabricante de veículos para construção civil). Queremos saber por que eles congelaram os planos de virem para a cidade. No segundo semestre, creio que vamos ter uma melhora no cenário do mercado de trabalho local”, comentou.
Na área da Saúde, a administração apresentou dados sobre a redução da fila de espera por exames. Em alguns casos, como a demanda por ultrassom, foram atendidos os pedidos do trimestre, reduzindo a fila em mais de 50%.
“O nosso grande desafio na Saúde era a fila de espera. A cada mês, entram pedidos novos, mas há boa notícia, pois estamos fazendo muitos exames e a espera está diminuindo. Espero que, até o fim do ano, possamos zerar”, afirmou Maria José.
A prefeita também ressaltou os avanços na área da Educação. Inaugurada na gestão passada, a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental), do Tanquinho, no bairro de mesmo nome, iniciou as operações neste ano. A unidade possibilitou a abertura de 537 vagas para a região sul da cidade.
“Fizemos a contratação por processo seletivo de 47 novos educadores, sendo 37 PEB (professor de educação básica) 1 e 10 PEB 2, além da contratação de 74 cuidadores para os alunos portadores de necessidades especiais”, anunciou Maria José.
A chefe do Executivo destacou a reforma de escolas e a troca de lâmpadas convencionais por LED (diodo emissor de luz) que garantirá até 70% de economia na conta de energia elétrica da escola “João Florêncio”.
Nas áreas de esporte, cultura e manutenção de espaços públicos de lazer, Maria José e Luiz Paulo lembraram a revitalização de praças e da piscina pública e da pista municipal de atletismo, que estavam em “estado de abandono”.
No sábado passado, foi retomado o projeto Música na Praça, na Matriz, em parceria com o Conservatório. O mesmo local recebeu, em fevereiro, as matinês de Carnaval. As festividades de momo foram realizadas com orçamento de R$ 7.000.
Para os próximos meses, segundo a Prefeitura, estão previstas, entre outras coisas, a entrega de novas viaturas para a Guarda Civil Municipal (reportagem nesta edição), contratação de frentes de trabalho para limpeza de terrenos, implantação de rede de água no bairro dos Fragas e a regularização fundiária de loteamentos, como o Vista Alegre.
“Temos o desejo de regularizar diversos núcleos habitacionais da cidade. Estamos firmando convênio com o governo do Estado para dar o título de posse aos moradores do Vista Alegre, da rua Antonio Orlando Salmasi, no Jardim Rosa Garcia, e localidades da zona rural”, antecipou Luiz Paulo.