
Da reportagem
Mais de 300 pessoas participaram da caminhada “Mulher, não se cale: Quebrando o silêncio” de Tatuí, no dia 23 de agosto, um sábado. A mobilização pelo fim da violência contra a mulher teve concentração em frente à Câmara Municipal e saiu com destino à Praça da Matriz.
O evento, de iniciativa do Poder Legislativo, por meio da vereadora Micheli Cristina Tosta Gibin Vaz (PSD), autora da lei 5.984/2024, que institui a “Semana da Campanha Quebrando o Silêncio” em Tatuí, teve a parceria da prefeitura, secretarias municipais e do Fundo Social de Solidariedade de Tatuí.
A caminhada ainda teve apoio de diversas organizações públicas e privadas das áreas de educação, saúde, segurança, direitos humanos, assistência social e jurídica, bem como conselhos municipais, clubes de serviços e entidades religiosas.
No percurso, os participantes levaram faixas, cartazes, instrumentos de percussão e utilizaram camisetas com mensagens de apoio ao fim da violência contra a mulher, incentivando a “denunciar, dar voz às vítimas e mobilizar a sociedade para uma mudança real”.
O vice-prefeito Antônio Marcos de Abreu esteve na caminhada e declarou que o evento era “um incentivo para que todas as pessoas incentivassem a denúncia da prática de violência contra as mulheres”.
Abreu também comentou sobre o trabalho da Guarda Civil Municipal, com a Patrulha da Paz e o Botão do Pânico, que, segundo ele, “diminuíram muito o feminicídio na cidade”.
O secretário-adjunto da Cultura, Rogério Vianna, também presente no evento, comentou sobre a sinalização com a mão que vítimas de violência podem fazer, principalmente em eventos, se estiverem sendo importunadas.
“Se um dia uma mulher fizer o movimento de levantar a mão e esconder a mão aqui, ou fizer esse movimento espalmado, o dedo polegar abraçando a palma da sua mão e fechar os dedos, ela precisa da sua ajuda. Esse é um ato simples, que você pode pegar e fazer tão simplesmente, e você pode salvar uma vida”, declarou.
Vianna comentou existir uma lei municipal que veda a contratação pela administração pública municipal de condenados por violência doméstica e familiar contra a mulher.
“Lembre-se, em eventos públicos, o evento é público, o seu corpo não é, o seu ouvido não é. Então, teve importunação, incomodação, em qualquer ato, faz esse movimento, porque nós, como sociedade, temos a obrigação de correr atrás e respeitar”, disse.
Já a vereadora Micheli declarou: “A caminhada foi idealizada para incentivar as mulheres a não se calarem diante da violência, pois não estão sozinhas, bem como divulgar a lei e mobilizar toda a população”.
“As mulheres precisam entender que estão amparadas. Temos aqui no município várias redes de apoio, conselhos e equipamentos do poder público que podem auxiliá-las a se livrarem de qualquer tipo de violência”, complementou.
O ato fez parte também das atividades do “Agosto Lilás”, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. A “Semana da Campanha Quebrando o Silêncio” é uma mobilização que visa dar voz às vítimas e reforçar a importância da prevenção e do combate a todas as formas de violência, com atenção especial às mulheres, crianças, adolescentes e idosos, incentivando a denúncia e promovendo o acolhimento.
Do evento, também participaram a família de Andreza Squitini e a Grandino Representações (representando a família de Raisa Martins), assassinadas por feminicídio no município.
Ao jornal O Progresso, Michele falou sobre a necessidade de fortalecer a rede de proteção e ampliar a confiança das mulheres no ato de denunciar casos de violência doméstica.
Segundo a parlamentar, embora Tatuí conte com estruturas como a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o Disque-Denúncia, a Patrulha da Paz, além dos conselhos da Defesa e dos Direitos, Creas e demais órgãos de assistência, ainda existem desafios a serem enfrentados.
“A segurança pública, apesar dos avanços, precisa melhorar na rapidez das respostas, no acolhimento psicológico e no acompanhamento efetivo, do primeiro contato à reabilitação da vítima. Isso será reforçado com o funcionamento da Casa da Mulher Paulista, já construída em nosso município e aguardando o início das atividades”, comentou.
A vereadora defendeu que, em situações emergenciais, a DDM e a Patrulha da Paz devem ser acionadas imediatamente. No entanto, reforçou que a rede de atendimento vai além.
“É essencial contar também com o apoio pós-denúncia: Creas, Cras, rede de saúde, Caps, Santa Casa, além da atuação dos conselhos, da OAB e de programas de Justiça Restaurativa. Cada instituição tem papel importante no fortalecimento do atendimento às vítimas”, explicou.
Para Micheli, o ato de denunciar é decisivo no enfrentamento à violência. “As denúncias são fundamentais porque ativam mecanismos de proteção, geram registros oficiais e criam um panorama para políticas preventivas. Muitas vezes, só o fato de registrar já basta para inibir o agressor”, afirmou.
Ela ainda opinou que o incentivo às denúncias deve vir acompanhado de medidas que transmitam segurança às mulheres. “Precisamos garantir sigilo e acolhimento humanizado, treinar os agentes públicos para um atendimento empático e criar mais espaços de apoio em escolas, unidades de saúde e postos comunitários. Denunciar não é fraqueza, é coragem e autoestima”, concluiu.