Da redação
“A medalha de ouro a um tatuiano em uma competição mundial está bastante próxima”. Esse pensamento foi compartilhado pelo lutador tatuiano de kickboxing Leandro Henrique Moraes ao jornal O Progresso de Tatuí nesta semana, enquanto ainda estava na Europa.
O atleta foi um dos brasileiros que participaram do Campeonato Mundial Eurocopa de Kickboxing, no final de semana anterior. Ele tinha esperanças de sair de Karlovac, na Croácia, com uma medalha no peito. No entanto, retornaria ao Brasil, nesta sexta-feira, 17, com duas medalhas na bagagem.
Atual líder do ranking nacional e 14º no ranking mundial da categoria masculina até 94 quilos, Moraes deixou o país na terça-feira da semana passada, 7, para concluir a preparação à competição. Ele integrou a delegação da seleção brasileira da CBKB (Confederação Brasileira de Kickboxing), composta por outros 12 atletas.
O lutador reconhece que o “primeiro combate” enfrentado na Europa foi o frio. A delegação brasileira ficou hospedada em Zagreb (a capital croata fica a cerca de 40 minutos de Karlovac) e deparou-se com uma temperatura de -3°C.
Moraes conta que, na quarta-feira, 8, dia do desembarque na Croácia, precisou realizar treinamento para adaptação corporal ao frio, quando tinha somente dois dias para perder três quilos para a pesagem oficial.
“O peso foi a principal dificuldade no início, pois não podia comer e tinha de treinar bastante, além de enfrentar o frio”, comentou.
Na sexta-feira, 10, data da pesagem e da abertura da competição, o tatuiano ainda estava com 95 quilos e precisava perder mais um para lutar.
Por isso, horas antes da pesagem, fez um treinamento em campo aberto, diante de uma temperatura de -7°C. “Foi bem difícil, mas consegui ‘bater o peso’ com 93,7 quilos”, informa.
Moraes competiu em duas categorias até 94 anos: a “light contact” e a “light kick”. Em ambas, o atleta derrotou alguns rivais no sábado, 11, e conseguiu classificar-se para as finais, disputadas no dia seguinte.
Na semifinal da light contact, diante de um atleta croata, detentor de um título mundial, Moraes perdeu por dois pontos de diferença e ganhou a medalha de bronze.
Na light kick, o tatuiano venceu na semifinal, mas, na final, ficou com a prata, ao perder para outro croata, atual líder do ranking mundial da categoria. “Os croatas são bastante diferenciados, fortes, rápidos e inteligentes. No entanto, nós estamos muito próximos deles”, sustentou.
Há oito anos competindo na modalidade, o tatuiano chegou a 67 medalhas, sendo 48 de ouro. Ele já foi campeão paulista, brasileiro, da Copa do Brasil, sul-americano e panamericano.
Fora do Brasil, conquistou medalhas de ouro no Chile, Peru e México, além de um bronze na Copa do Mundo de Kickboxing, na Turquia.
Esta foi a terceira competição de Moraes na Europa. Na primeira vez, em um mundial na Irlanda, o atleta foi nocauteado no primeiro round da primeira luta e, posteriormente, ganhou a medalha de bronze na Turquia.
“Na Irlanda, fui nocauteado de imediato, e achei que aquilo (torneio mundial) não era para mim. Fiz campeonatos em outros países e, na Turquia, lutei muito bem e, por um detalhe, acabei ficando com a medalha de bronze”, contou.
O lutador crê que chegou à Croácia muito mais experiente e focado, sem medo ou ansiedade para lutar. Segundo Moraes, ele estava “extremamente preparado” e na melhor forma física, mas precisa de um pouco mais de experiência para atingir o nível dos croatas.
“Foi muito prazeroso ser o segundo melhor do evento na Europa. Isso mostra que estamos muito próximos e não podemos desistir”, destacou. “Em mundiais, estou em uma sequência: nenhuma vitória, uma medalha de bronze e, agora, a prata. Tenho certeza de que virá o ouro”, completou.
Dos 12 atletas brasileiros, somente dois não conquistaram medalha. Moraes acredita que “o Brasil foi exemplo na Croácia, ao demonstrar o poder do país, apesar de não ter ajuda financeira ou grandes patrocínios, e conseguimos desempenhar um bom trabalho”.
Após o término das competições, o lutador disse estar com sentimento de dever cumprido. Ele garantiu não ter ficado triste com os reveses nos momentos decisivos do evento, pois “esteve comprometido para representar o Brasil, Tatuí e os patrocinadores”.
Depois de garantir mais duas medalhas e encerrar a participação como lutador, Moraes, juntamente com a esposa Lidiane Prado, permaneceu dias na Croácia, como turista.
Ele valorizou a oportunidade de conhecer uma nova cultura e a neve. Nesta sexta-feira, 17, o atleta deixou a Croácia e daria uma rápida passagem em Paris, na França, antes de retornar a Tatuí.