Livro e marketing: até quando vale a pena ignorar?

Foto: Felipe Pilon
Por Lilian Cardoso

Nos últimos anos, temos visto o mercado editorial brasileiro travar uma batalha silenciosa, mas intensa, contra uma infinidade de concorrentes que nem sequer estão na mesma categoria de produtos. Não estamos falando da concorrência entre livros.

Estamos falando da competição dos livros com filmes, aplicativos, redes sociais, vídeos e mais vídeos que preenchem nossas timelines infinitas no Instagram e no TikTok. Em meio a esse enorme ruído de comunicação e concorrência por atenção, o maior desafio do mercado do livro é, sem dúvida, reconectar-se com os leitores.

Muitos editores, donos de editoras e até autores continuam na contramão do que outros mercados já entenderam há muito tempo: se você não olhar para o consumidor, se não gerar demanda, se não estiver perto dele — no caso, o leitor —, as vendas simplesmente não acontecerão. Parece básico, mas é uma realidade que muitos no mercado editorial ainda não compreendem plenamente. E o pior: querem insistir no que funcionava há décadas.

Estamos falando de um setor onde, tradicionalmente, a abordagem de marketing sempre foi tímida e, em muitos casos, inexistente. Grande parte do mercado editorial ainda acredita que as redes sociais se resumem a postagens com imagens bonitas e frases prontas. No entanto, a realidade é outra: criar conteúdo de valor, que respeite a jornada do consumidor, e investir em marketing são passos essenciais para atrair e fidelizar leitores.

Há editoras que já entenderam essa mudança e que não estão em crise — elas criaram comunidades, geraram valor por meio de conteúdo relevante e estão colhendo os frutos desse investimento. Mas, infelizmente, esses casos são exceções, não a regra. Ainda vemos 90% do mercado reclamando das mudanças tecnológicas, das políticas governamentais e de outros fatores externos, sem focar naquilo que realmente pode transformar suas vendas: o marketing.

Desde que saí da “bolha” do mercado editorial e comecei a aprender com outros mercados, os resultados para meus clientes mudaram drasticamente. Por quê? Porque começamos a olhar para a jornada do consumidor de uma maneira diferente. Não vemos as redes sociais apenas como um espaço para postar; vemos como um meio para criar diálogos reais com nossos leitores, entender suas dores e desejos, e fornecer exatamente o que eles estão buscando.

Sim, é preciso investimento. Sim, é preciso entender que plataformas como Facebook, TikTok e Google são empresas que precisam de retorno e que, para jogar o jogo delas, é preciso investir em anúncios. E esse investimento não é um gasto desnecessário; é uma forma de gerar demanda.

O mercado editorial tem algo que muitos outros setores invejariam: conteúdo rico, autores talentosos e histórias que podem transformar vidas. Mas, se não mudarmos nossa mentalidade rapidamente, corremos o risco de “morrer na praia”. Há técnicas, há ferramentas e há um mercado inteiro esperando por uma abordagem mais moderna e eficaz.

Com 16 anos no mercado e uma década inteira dedicada exclusivamente à assessoria de imprensa com minha equipe, vi o quanto o marketing integrado mudou o jogo para nossos clientes. Hoje, o Grupo LC – Agência de Comunicação atrai e mantém há anos muitos clientes (editoras e autores) porque entendemos essa nova dinâmica e, mais: porque estamos dispostos a inovar e trabalhar diariamente focados para que editoras e autores explorem todo o seu potencial de mercado.

Já passou da hora de o mercado do livro se unir e ver o marketing não como um custo, mas como uma ferramenta indispensável para gerar demanda. Se você é um editor, dono de editora ou autor, minha proposta é clara: vamos nos apoiar, seja através dos nossos serviços ou das nossas ideias, para transformar o cenário editorial. O futuro do livro depende da nossa capacidade de nos adaptarmos e de aprendermos com quem já está fazendo isso.

Então, pergunto: será que o mercado do livro nacional está pronto para entender, de uma vez por todas, que marketing bem executado não é gasto, mas sim investimento com retorno contínuo a longo prazo?

Para tal mudança, é necessário estar disposto a investir em profissionais e empresas qualificadas para valorizar tanto os livros quanto a capacidade das editoras e autores de alcançar e impactar cada vez mais leitores.

Lilian Cardoso é CEO do Grupo LC – Agência de Comunicação, a maior agência de produção e divulgação de livros no Brasil. Com mais de 16 anos de experiência no mercado editorial, lidera uma equipe especializada em assessoria de imprensa, marketing literário e um estúdio de produção de livros. Além disso, compartilha diariamente dicas e estratégias sobre marketing literário no Instagram, ajudando autores e editores a alcançarem novos leitores. Siga-a no Instagram: @liliancardoso.

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