Lição do Homem-Aranha





Dois episódios na área da (in) segurança chamaram a atenção nesta semana, um envolvendo prática comum propiciada pelo suposto anonimato na internet e outro, esse sim, anormal, com certo requinte de violência e loucura, as quais ainda surpreendem, mesmo quando se poderia imaginar que “já vimos de tudo”.

O primeiro caso indica clara pedofilia, exercida por meio de rede social, algo, infelizmente, comum em toda a rede mundial de computadores – de fato, um problema global. O inusitado é que, até então, algo assim não havia se tornado notícia em Tatuí.

Os pais de uma criança de nove anos procuraram a Polícia Civil, na manhã de sábado, 11, para registrar ocorrência envolvendo falso perfil em rede social. Eles desconfiavam de que uma pessoa adulta pudesse estar tentando se passar por criança para obter fotografias e vídeos íntimos da filha deles.

De acordo com o BO, a menina possui uma conta em rede social, “monitorada” pelos pais. No dia 30 do mês passado, a menina recebeu uma solicitação de amizade, a partir de perfil de outra suposta criança – cujo nome não foi divulgado por se tratar de menor.

Na delegacia, o pai informou que, “após insistência”, a filha aceitou o convite. Relatou, também, que apenas uma fotografia estava disponível no perfil e que a suposta criança tinha mais seis amigas, da mesma idade da filha dele.

Ainda segundo o homem, a menina reportou que a amiga virtual “vinha incomodando com conversas em sua maioria de cunho sexual”.

Conforme os pais, a pessoa tentou induzir a criança a postar fotos e vídeos. Numa das vezes, teria dito para a menina enviar um vídeo no qual ensinava a usar absorvente.

A mãe da menina chegou a conversar com a “amiga virtual”. Ela considerou que o teor das conversas “não era condizente com crianças da idade constada no perfil”.

Que há e sempre houve doentes perigosos – como é o caso dos pedófilos -, dúvida não há. A quase recente novidade é que, com a maior facilidade de comunicação, tudo se potencializou, inclusive a maldade e o crime.

Para se defender – e a seus filhos -, é preciso mais atenção quanto ao mundo virtual, que interfere no real, para bem ou para mal. Seria interessante, neste ponto, lembrar a máxima do genial Stan Lee, eternizada pelo simpático camarada Homem-Aranha: “Com um grande poder, vem uma grande responsabilidade.”

A “lição” foi dada a Peter Parker por seu tio Ben, logo na primeira historia do Aranha, escrita por Stan Lee em 1962, no 15º volume da “Amazing Fantasy”. Mas, claro, a frase não é originalmente do mago dos super-heróis. Há quem a credite ao pensador francês Voltaire. No entanto, uma mensagem semelhante já havia aparecido até na Bíblia: “Daqueles a quem foi confiado muito, muito mais será pedido” (Lucas 12:48).

Curiosidades à parte, as redes sociais são armas poderosas e, assim, quando postas sob o domínio de idiotas e/ou criminosos e com acesso a crianças, implicam numa responsabilidade redobrada por parte dos pais. “Monitorar”, neste ponto, torna-se termo amplo demais, senão preocupante.

O outro ocorrido, em similaridade, só a loucura, embora esta, furiosamente animalesca. Na noite de quinta-feira, 9, um professor de 60 anos teve o carro atingido por três disparos de arma de fogo. A tentativa de homicídio ocorreu por volta das 21h, perto de um pesqueiro, no bairro Cachoeirinha.

Até aí – lamentavelmente, mais uma vez -, nada de estranho. Entretanto, conforme o professor, os disparos foram efetuados pelo condutor de um segundo automóvel. O homem, não identificado, teria ficado “irritado”.

O professor relatou que cruzou com o condutor do outro veículo, um Ford Ka, a caminho de um pesqueiro onde reside, na cidade de Boituva. Na estrada, a vítima disse ter tentado ultrapassar o condutor, piscando as luzes dos faróis.

Conforme o professor, o motorista do Ka estava trafegando em “velocidade baixa” e ocupando o centro da via, impedindo a ultrapassagem. Tentando comunicar ao condutor que queria passar, o educador disse que o advertiu com sinais de luz por três vezes, pelo menos.

Num determinado momento, o professor disse que o condutor permitiu a ultrapassagem. Contudo, quando a manobra acontecia, o homem teria efetuado três disparos na direção do Fiat Strada, com placas de Campinas, pertencente ao educador.

Para escapar, a vítima acelerou o veículo, conseguindo despistar o motorista pistoleiro. Ao chegar em casa, o professor observou que os tiros atingiram a porta dianteira do lado do passageiro.

Ele disse, ainda, que não pôde ver os números das placas do automóvel dirigido pelo agressor, nem as características dele.

Não há nem o que comentar, salvo observar os perigos do dia a dia que surgem das situações as mais diversas e inesperadas. Por um lado, é claro que a internet, dado a falta de controle, permite excessos e pode ser perigosa, mas que dizer de um carro e de arma de fogo na mão de um candidato a psicopata?

Infelizmente, para nos defender e a nossas famílias na “vida real”, não há super-heróis, apenas uma profusão de vilões que não para de aumentar.