Lei que denomina o MIS de ‘Renato Ferreira de Camargo’ é aprovada

Jornalista e historiador tatuiano é conhecido pela contribuição à história

Historiador Renato Ferreira de Camargo, ao centro, com os filhos Renato e Christian (foto: Christian Pereira de Camargo)
Da reportagem

Durante a sessão da Câmara Municipal, na noite de segunda-feira, 12, foi aprovada a lei 082/2022, que denomina de “Jornalista Renato Ferreira de Camargo” o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Tatuí. O projeto de lei é do vereador João Éder Alves Miguel (MDB).

O MIS será no antigo prédio do matadouro municipal, situado na avenida Domingos Bassi, esquina com a avenida João Batista Correia Campos.

O museu foi criado pela lei municipal 5.286, de setembro de 2018, de autoria da então prefeita Maria José Vieira de Camargo.

Para o jornalista, historiador, chefe de gabinete da prefeitura e filho do homenageado, Christian Pereira de Camargo, associar o nome do pai ao futuro museu do município “é um reconhecimento merecido ao seu trabalho enquanto historiador e memorialista”.

“Não é fácil falar do pai da gente, ainda mais na sua ausência e com o sentimento de saudades no peito. Ele foi único, juntou informações que puderam nos dar referências da história de Tatuí, repleta de detalhes”, sustentou Pereira de Camargo.

“E fez mais: dividiu conosco o seu conhecimento e sua pesquisa nos livros que escreveu, muitas vezes, com recursos do próprio bolso ou com a ajuda de fiéis amigos a quem ele cativava, e na sua participação como colunista do jornal O Progresso de Tatuí, onde escrevia semanalmente”, acrescentou.

Em O Progresso, Ferreira de Camargo começou a publicar textos no tabloide Stopim, um encarte do periódico que circulou entre 1992 e 1994, e, na sequência, passou ao título principal, quando Ivan Camargo assumiu a editoria do jornal, em 1995, e convidou-o.

“O projeto do MIS de Tatuí vem sendo cuidado com esmero desde 2018. Será um equipamento de pesquisa da memória audiovisual importante. Sempre friso que era o sonho de meu pai ter um museu deste em nossa cidade”, lembrou.

Para Pereira de Camargo, é importante que o público conheça a história de alguns tatuianos que “não aparecem em livros. O museu tem essa vocação e vem para complementar essa necessidade, na forma de audiovisual”.

“É um espaço de preservação da memória de Tatuí, e que as futuras gerações utilizem este espaço para pesquisa e conhecimento. Que a história vivencial de meu pai sirva de inspiração para as pessoas”, defendeu.

“Em nome da minha família, agradeço este reconhecimento ao vereador Alves Miguel, proponente da homenagem, e aos demais nobres vereadores, da perpetuação de um legado que vai ajudar gerações a entender seu passado e vislumbrar um futuro de mais cuidado com os nossos valores culturais”, completou Pereira de Camargo.

O outro filho do homenageado, Renato Pereira de Camargo, secretário municipal do Governo e Negócios Jurídicos, parabenizou a aprovação da lei.

“Fiquei emocionado e honrado em ver o nome de meu saudoso pai emprestado ao nosso MIS. Congratulo os vereadores, que aprovaram por unanimidade”, declarou.

“Meu pai era um apaixonado pela nossa história, pelas nossas origens e pelo povo tatuiano. Espero que este espaço, que em breve será inaugurado, seja um instrumento de cultura e de resgate de nossa história”, comemorou.

O presidente da Câmara, Antonio Marcos de Abreu (PSDB), observou que “o trabalho feito pelo senhor Camargo não pode ser esquecido e precisa ser divulgado para que o munícipe conheça as histórias fantásticas que foram colocadas e eternizadas no papel por ele”.

“Tive a honra de participar de algumas conversas com o Camargo, que contava histórias que eu jamais tinha ouvido. Ele fazia questão de passar para a gente todo esse conhecimento. O MIS não poderia ser denominado de outra forma. Será um espaço cultural maravilhoso. Tatuí merece, e tenho a certeza de que o senhor Camargo está feliz”, celebrou Abreu.

Alves Miguel enfatizou que Ferreira de Camargo se tornou uma referência em história para ele e para os demais tatuianos. “É uma alegria denominar o MIS, esta ferramenta que será tão importante para a nossa cultura. Fico feliz com a aprovação”, descreveu.

“Sou entusiasta por história, e venho estudando cada vez mais a nossa cidade. O legado que o senhor Camargo nos deixou é imensurável. Quem valoriza a sua história tem a oportunidade de fazer um futuro com mais condições de atender os objetivos da sociedade”, enfatizou o vereador, durante a sessão.

Para o vereador Eduardo Dade Sallum (PT), Renato Ferreira de Camargo deixou um legado relevante, que faz com que a memória de Tatuí não fosse esquecida.

“Seus registros são importantíssimos para que a cidade mantenha sua história de pé e que mais pessoas possam conhecer e ter orgulho de serem tatuianos. Quisera a nossa cidade ter vários Renatos Ferreiras de Camargo para disseminar a nossa história”, ressaltou.

O vereador Renan Cortez (MDB) reconheceu o papel de Camargo na cultura tatuiana. “Eder foi criterioso em sua escolha e faz justiça a uma pessoa que sempre colaborou com o nosso município, escrevendo Tatuí nas páginas de suas obras e em seus artigos no jornal O Progresso de Tatuí”, comentou.

“Ele elaborou e criou riquezas culturais, soube cuidar e valorizar elas e as armazenou de uma forma tão carinhosa e relevante. Ele amava essa cidade. Somos privilegiados por homenageá-lo. Ele merece”, argumentou.

O homenageado

Renato Ferreira de Camargo nasceu em Tatuí, no dia 29 de novembro de 1938. Era filho do ferroviário Francisco Rozendo de Camargo e da confeiteira Georgina Ferreira de Camargo e irmão de Roberto, Ruth e Rachel.

Foi autor de várias obras: “Memórias de Tatuí” (1997), “Achegas para a História Tatuiense” (1999) e “Almanach Tatuhyense de 1900” (reedição), “Tatuí: Antiga Tatuhy – Coletânea de Fotos”, “História dos Crentes Primitivos da Congregação Cristã no Brasil”, “Ilustres Cidadãos” (2006), “Tatuí Capital da Música” (2006) e “Cronologia Tatuhyense – Volume 1” (2008).