Da reportagem
Com o cancelamento da Festa da Caridade (reportagem nesta edição) e a consequente queda nas arrecadações de donativos, por conta do isolamento social determinado como medida de prevenção ao coronavírus, o Lar São Vicente de Paulo lançou a campanha “Ajuda Sem Botar a Mão no Bolso”.
O objetivo é arrecadar recursos, por meio da Nota Fiscal Paulista, para manter o trabalho da entidade junto aos idosos. A campanha já está na página oficial da entidade e sendo veiculada nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Qualquer pessoa pode participar desde que tenha cadastro ativo no site da Nota Fiscal Paulista. Nele, basta selecionar o ícone “entidades” e, em seguida, “doação de cupons com CPF” (automática).
Depois, deve-se selecionar o período que quer doar (anual, semestral ou trimestral) e escolher a instituição “Lar São Vicente de Paulo”. Para ajudar a entidade, basta seguir estes passos e pedir para incluir o CPF na nota em todas as compras.
A doação automática só ocorrerá se o consumidor tiver escolhido previamente a instituição favorita no sistema da Nota Fiscal Paulista e informar o CPF na ocasião da compra. É possível trocar de entidade favorita a qualquer momento e até mesmo desativar a opção, caso o consumidor deseje.
“Essa ajuda é de muita valia. Se conseguíssemos cerca de 300 doadores, via Nota Fiscal Paulista, teríamos um suporte financeiro muito bom para a casa”, ressaltou o presidente da entidade, Miguel Nunes Júnior.
Nunes explicou que a doação é possível, desde 2007, porém, há dois anos, a Secretaria da Fazenda passou por reformulação, alterando a forma de devolução do valor ao consumidor e de beneficiar as entidades beneficentes.
Com essa mudança, o consumidor fica com o bilhete e, além de doar, ainda pode participar dos sorteios. Até agora, as notas para doação eram depositadas em urnas, sendo que a mudança ajuda a evitar fraudes. Em 2016, um total de R$ 5,6 milhões doados a entidades foram cancelados por causa de irregularidades.
“Normalmente, uma vez por ano, a pessoa tem cerca de R$ 25 de retorno dos cupons, gastando, em média, R$ 1.500 por mês no comércio. É uma quantia muito baixa. Particularmente, nunca vi ninguém receber um valor acima de R$ 200. Porém, para a instituição, o retorno é muito grande”, destacou o presidente.
Levantamento realizado pela Secretaria da Fazenda mostra que o aplicativo já proporcionou um aumento de mais de cem vezes no crédito médio por cada documento fiscal doado pelos consumidores.
No sistema antigo, cada nota fiscal depositada em urnas localizadas em estabelecimentos comerciais gerava, em média, R$ 0,23. Já nas doações realizadas diretamente pelo aplicativo – permitindo que o consumidor escolha a instituição que irá receber a sua doação, – o valor médio do crédito gerado em documento fiscal é superior a R$ 40.
Isso é possível porque as novas regras retiraram das doações realizadas pelo aplicativo a trava que destinava às entidades o máximo de 7,5% do valor da nota. Agora, o teto máximo de crédito que uma entidade pode receber é de dez Ufesps (o equivalente a R$ 250,70) por cupom fiscal.
Antes, tomar um café de R$ 4 e depositar em uma urna renderia, no máximo, R$ 0,30 para uma instituição. Agora, a doação do cupom fiscal de R$ 4, por meio do aplicativo oficial, pode render a esta entidade assistencial até R$ 250,70.
O valor máximo depende da quantidade de cupons fiscais emitidos pelo fornecedor e da quantidade de cupons doados, além do ICMS recolhido no mês para o estado de São Paulo pelo estabelecimento.
“A pessoa se cadastra como doadora do Lar São Vicente de Paulo por um determinado período e, quando adquirir um produto, automaticamente, aquele crédito irá para a entidade, porém, em um percentual maior”, acrescentou o presidente.
A intenção da campanha, segundo Nunes, é fazer com que todas as pessoas que iriam à festa para contribuir com o “Lar”, ou as que conhecem o trabalho da entidade e queiram ajudar, seja um doador pela Nota Fiscal Paulista.
“A pessoa abrirá mão de um pequeno valor para ajudar muito. Estamos investindo nessa campanha para ver se conseguimos suportar até a próxima data da festa, que ainda é uma incógnita”, apontou o presidente.
Nunes enfatizou que toda a diretoria da entidade já cadastrou a doação automática e está vendo qual será o retorno nos próximos meses. Ele não deu estimativa do valor que pode ser arrecadado, mas garantiu: “Caso consigamos um número expressivo de contribuintes, vamos nos manter financeiramente até as coisas voltarem ao normal”.