Jurados do Concurso de Natal do jornal O Progresso destacam a criatividade

Certame recebeu 1.526 inscrições, distribuídas entre 1.421 desenhos e 105 redações

Da reportagem

Os jurados do 30º Concurso Artístico e Literário de Natal, promovido pelo jornal O Progresso de Tatuí, destacaram a criatividade e a “diferenciação” dos alunos nas obras literárias e artísticas.

Os oito jurados que avaliaram os trabalhos foram: em desenho, os artistas plásticos Rafael Sangrador, Mingo Jacob, Fábio Antunes dos Santos e Jaime Pinheiro; e, em redação, os escritores Cristina Siqueira e Mouzar Benedito, o jornalista Cristiano Mota e a educadora Maria Terezinha Teles Guerra.

Neste ano, nas duas categorias, houve 1.526 inscrições, distribuídas entre 1.421 desenhos e 105 redações. Participaram cerca de 30 instituições de ensino, entre públicas e particulares, que trabalharam o tema “Tatuí no Natal” em ambas as categorias.

Os vencedores em cada grupo de anos foram premiados em dinheiro, com valores divididos entre os vencedores do 1º ao 9º ano, nas categorias desenho e redação. As entregas das premiações e dos certificados foram feitas pelos patrocinadores da ação cultural.

No total, os vencedores receberam R$ 3.200 em prêmios, distribuídos entre os grupos de trabalhos, que receberam R$ 400 cada (reportagem nesta edição).

Em desenho, Sangrador selecionou Sophia Soares Miranda, na categoria do 1º e 2º ano, e comentou que o foco sempre é o “Natal em Tatuí”, mas que alguns desenhos acabam retratando paisagens que não existem na cidade, como a neve.

“Mas, Tatuí tem uma coisa que eu considero sempre muito interessante, que são as vitrines. Nelas, há o Papai Noel, adornos e decorações típicas das festas, e isso foi o que me chamou a atenção”, contou.

“É um desenho muito colorido, como se fosse uma rua cheia de lojinhas, e cada lojinha tem sua vitrine. Nelas, há referências ao ambiente natalino e, também, ao consumo. Eu acho que essas duas coisas se relacionam muito, e a ganhadora foi a única que retratou isso”, observou.

“Quando fiquei sabendo que ela tinha sete anos e possuía essa visão de quem realmente deve ter andado por uma rua cheia de vitrines, achei uma linha de visão muito difícil para uma criança dessa idade”, acrescentou.

“E ela desenhou muito bem. O desenho tem proporção, apresenta detalhes de construção da imagem que considero muito interessantes, ocupa a folha inteira e é um trabalho completo. Ela me pareceu realmente um anjo quanto à visão e à esperteza da observação”, concluiu.

Já Mingo Jacob, que escolheu Yasmin Vitória Domingues, do 4º ano, parabenizou todos os alunos pelo “talento e dedicação, que tornaram esta mostra ainda mais especial”. “Como jurado, fiquei impressionado com os vencedores, que demonstraram talento e esforço, já florescendo em tão pouca idade”, comentou.

“As produções revelam sensibilidade, curiosidade e uma compreensão crescente dos elementos visuais. Todos os estudantes estão de parabéns pelo capricho e pela criatividade. Que sigam desenvolvendo seu olhar artístico com entusiasmo e alegria”, complementou.

Mingo também parabenizou o jornal pela iniciativa.

João Miguel Pereira Bessa, do 6º ano, foi avaliado por Jaime Pinheiro, responsável pelo agrupamento do 5º e 6º ano. O avaliador comenta ter sido difícil escolher a obra vencedora, pois houve um empenho “muito legal dos alunos e professores”.

“Ele abordou o tema de forma bastante poética e fala bem do Natal na atualidade, representando bem o sentimento do Natal hoje”, afirmou.

“O que se destacou foi o desempenho, o capricho e o envolvimento com a ideia, que foi bem pensada e adequada ao tema. Deu para perceber que houve uma boa orientação do professor também”, concluiu.

Antunes dos Santos ficou responsável por julgar os desenhos do 7º, 8º e 9º ano e escolheu o trabalho de Beatriz Caroline Nonato da Silva, do 7º ano.

De acordo com o jurado, a obra apresenta uma “linguagem singela, delicada, com um ar de paz e amor”. “É uma ilustração que, num primeiro momento, parece ter poucos elementos, mas todos contam alguma história, alguma relação. Fico imaginando o tempo que levou para fazer a árvore de Natal, com toda a técnica de pontilhismo e o esmero”, acentuou.

“O contraste entre a luz da árvore e a escuridão do céu (que poderia ter algumas estrelinhas) salta aos olhos. Em relação aos demais desenhos, encontrei diversos trabalhos originais, sem cópias, expressando o Natal e a cidade de Tatuí de forma criativa. Todos os artistas mirins tatuianos estão de parabéns!”, celebrou.

Na categoria redação, Mouzar Benedito avaliou os trabalhos do 1º, 2º e 3º ano, escolhendo Davi Marques Santos, do 3º ano, como vencedor.

O avaliador declarou que “foi muito fácil escolher o vencedor, que optou por fazer a redação em forma de poema”. “O autor foi criativo e terminou seu poema dizendo que a vida continua, ou seja, a alegria continua. Tem futuro como poeta. Que continue escrevendo poemas e, quem sabe, recitando”, enalteceu.

Ainda em redação, Cristiano Mota avaliou os alunos do 4º e 5º ano, elegendo como vencedora a redação de Pedro Henrique de Oliveira Martins, do 4º ano.

O jurado afirmou que “é muito interessante, além de gratificante, ver como o Concurso de Natal do jornal O Progresso de Tatuí contribui para a educação e como os estudantes evoluem ao participar dele”.

“Ao mesmo tempo em que revela novos talentos, o concurso tornou-se, nesses 30 anos, uma importante ferramenta didática. É por meio dele que os professores têm a oportunidade de colocar em prática tudo aquilo que ensinam ao longo do ano. Não que já não façam isso, mas, no concurso, a escrita — e, também, o desenho — ganham um novo valor”, observou.

“Embora priorize sentimentos como solidariedade, empatia com o próximo e o simbolismo religioso em torno do nascimento de Jesus Cristo, o concurso estimula, acima de tudo, o amor a Tatuí, fazendo com que as crianças se sintam integradas e pertencentes à cidade”, sustentou.

Mota ainda comentou que, “respeitadas as devidas proporções”, o concurso é, em sua visão, o “Enem de Tatuí”. “Por isso, os ‘aprovados’ precisam cumprir alguns requisitos, sendo o principal a conexão entre a cidade e o Natal, como propõe a temática. Para minha surpresa, pouquíssimos trabalhos, neste ano, mencionaram Jesus Cristo”.

“A maioria esmagadora das redações associou o Natal à fartura de comida, às ceias familiares, aos presentes recebidos, à ‘magia’ dessa época do ano e a movimentos que ganham forte presença no imaginário social, como o caminhão da Coca-Cola e a Carreta Furacão, ambas ações comerciais”, complementou.

O avaliador citou, ainda, que praticamente todas as crianças, ao falarem do Natal em Tatuí, mencionaram o Pinheirão da praça Martinho Guedes. “Por outro lado, a minoria citou o Conservatório. Mais de 70% escreveram sobre a programação, as luzes e as atrações, o que demonstra uma forte influência da linguagem das redes sociais, especialmente a dos vídeos curtos, que priorizam ‘palavras positivas’, além de uma desconexão com a cultura musical e as tradições locais”, opinou.

“O trabalho que rompeu essa barreira, apesar de incluir os ‘movimentos comerciais’ de um novo Natal, resume em versos todos os espaços, momentos e sentimentos tatuianos dessa época do ano. Não abandona, portanto, o nascimento de Jesus Cristo. Ainda que nem todas as crianças sejam católicas e professem a mesma fé, o importante é estimular, nelas, o amor ao próximo, a solidariedade e a fraternidade”, enfatizou Mota.

Maria Terezinha avaliou os trabalhos dos alunos do 6º e 7º anos, optando pelo de Manuela Pereira Antunes, do 7º ano. A avaliadora comentou que o que mais chamou-lhe a atenção foi a temática.

“A maioria das redações falava apenas de Papai Noel, quando o foco do Natal é o nascimento do ‘menino Jesus’. Claro que ela falou de Papai Noel também, mas focou em Jesus, e isso me chamou bastante atenção”, disse. “Outro ponto importante foi o uso correto da língua portuguesa, da sintaxe e da gramática”, comentou a jurada.

Encerrando os premiados, Cristina Siqueira escolheu o vencedor entre os alunos do 8º e 9º ano, tendo sido eleito o texto de Luiz Guilherme Souza Ribeiro, do 8º ano.

A jurada opinou que “celebrar a literatura é celebrar o futuro”. “Iniciativas culturais como o tradicional concurso promovido pelo jornal, somadas aos editais de cultura que valorizam verdadeiramente a língua portuguesa, seguem cumprindo um papel essencial: despertar o amor pela palavra e revelar novos olhares sobre o mundo”, argumentou.

“Os frutos já se fazem visíveis no entusiasmo de nossos estudantes e, neste ano, fui tocada — e confesso, surpreendida — pela qualidade dos trabalhos apresentados. Entre eles, destaco o poema do jovem Luiz Guilherme Souza Ribeiro, de 13 anos, orientado pela professora Roseli Mariano. Um poema que encanta pelas imagens simples e luminosas que nos devolvem a beleza do sensível: ‘As notas dançam sobre o chão feito estrelas em procissão’”, observa.

“É por momentos assim que sigo acreditando no trabalho desenvolvido junto às escolas. Porque, quando a literatura encontra espaço, as sementes florescem — e a poesia acontece”, finaliza.