29º Concurso Artístico e Literário de Natal
Da reportagem
Os oito jurados do 29º Concurso Artístico e Literário de Natal, promovido pelo jornal O Progresso de Tatuí, por unanimidade, elogiaram a criatividade dos alunos que, dentro da habilidade de cada um, desenharam ou escreveram dando ênfase ao “significado” da data.
Neste ano, nas duas categorias, houve 1.324 inscrições, distribuídas entre 1.116 desenhos e 208 redações. Foram cerca de 30 instituições de ensino participantes, entre públicas e particulares, que trabalharam o tema “Tatuí no Natal”, nas duas categorias.
Os vencedores em cada grupo de anos são premiados em dinheiro, com os valores divididos entre os vencedores do 1º ao 9º ano em desenho e redação. As entregas das premiações e dos certificados foram feitas pelos patrocinadores da ação cultural.
No total, os vencedores levaram R$ 3.200 em prêmios, distribuídos para cada grupo de trabalhos, que recebeu R$ 400 cada (reportagem nesta edição).
Os jurados
A comissão julgadora esteve formada por oito nomes de reconhecido prestígio e conhecimento em suas áreas: em desenho, os artistas plásticos Rafael Sangrador, Mingo Jacob, Fábio Antunes dos Santos e Jaime Pinheiro; e, em redação, os escritores Cristina Siqueira e Mouzar Benedito, a educadora Therezinha Teles Guerra e o jornalista Cristiano Mota.
Sangrador revela ter analisado os desenhos de alunos do 1º e 2º ano a partir de “uma abordagem centrada na representação de Tatuí como um espaço cultural singular”.
Segundo ele, “a preocupação em retratar a Capela do Bemfica com cores suaves e linhas firmes destacou o olhar sensível do autor para o contexto do Natal brasileiro”.
Ele também valorizou a simplicidade e a autenticidade como critérios principais, apontando que esses elementos reforçam a conexão entre o tema e a experiência local das crianças, pontos que o fizeram selecionar o trabalho de Eliza Vieira Paz.
Outro ponto destacado pelo artista plástico é a proximidade que a estudante ter com a capela, “pois a retratou de uma perspectiva que somente quem já esteve lá poderia oferecer”.
Fábio Antunes, jurado dos desenhos criados por alunos do 7º, 8º e 9º anos, chamou a atenção para o requinte técnico da obra de Thiago Campos de Souza. “Thiago, com um estilo em grafite, trouxe uma reflexão e até uma frieza que contrapõe o brilho das luzes natalinas. Foi um destaque que evidencia a vocação artística do autor”, analisou.
Ele também notou a ausência de elementos comerciais, como o caminhão da Coca-Cola, que ele considerou positiva para o enfoque mais cultural e menos comercial do concurso.
Para Mingo Jacob, que avaliou os desenhos de alunos do 3º e 4º ano, “foi emocionante observar a criatividade e o talento emergente de Clara Lis Prestes de Paula”. Ele observou que “os cuidados nos detalhes dos trabalhos vencedores mostram o quanto as crianças se dedicaram às suas criações”.
Mingo ainda apontou a importância de concursos como este para o desenvolvimento artístico e emocional das crianças, acrescentando que “o aprendizado obtido através da arte tem um impacto duradouro”.
Jaime Pinheiro, jurado das obras criadas por alunos do 5º e 6º ano, abordou o impacto das escolhas simbólicas nos desenhos, especialmente no selecionado por ele, de Valentina V. Fogaça.
“A harmonia e a configuração técnica demonstram empenho e habilidade, enquanto os símbolos escolhidos restauram o clima de celebração, alegria e fé”, avaliou.
Pinheiro também mencionou a melhoria na qualidade geral dos trabalhos em comparação a edições anteriores, elogiando o papel fundamental dos professores na orientação das crianças.
Cristiano Mota, jurado da categoria redação para alunos do 1º, 2º e 3º ano, conta que seu critério foi identificar textos que transcendem a rotina tradicional do Natal e conectam o tema à vivência coletiva em Tatuí.
“Maria Eduarda Vitalino conseguiu ir além, conectando-se com o tema em uma perspectiva que integra a vivência pessoal e coletiva. O texto destacou-se por fazer isso de forma única”, afirmou.
Ele também reconhece a participação essencial de professores e coordenadores no sucesso do projeto. “Preciso destacar aqui a participação dos professores, coordenadores e diretores das unidades de ensino e dos patrocinadores que acreditam no movimento realizado pelo jornal”, acentuou.
Mota ainda anotou “o trabalho visionário do editor responsável, o jornalista, escritor e dramaturgo Ivan Camargo, que, de forma inovadora e em tempos de uso cada vez menor da escrita, encontra meios criativos de perpetuar esse trabalho”, e completa dizendo se sentir grato por participar mais uma vez como jurado.
Para Mouzar Benedito, jurado de textos para alunos do 6º e 7º ano, a originalidade de Nathália Garcia Rinaldi foi determinante. Ele ressaltou a diversidade de formatos, como poesias e contos, que abordam o Natal de maneira criativa.
“Achei interessante que vários alunos optaram pela poesia, algumas bem inovadoras. É muito difícil, mesmo para gente experiente, escrever sobre o Natal sem repetir chavões”, observou.
Benedito também mencionou a presença de elementos da cultura caipira no texto, que ele considera um aspecto valioso das redações. “Também tenho origens caipiras e gosto disso. E orgulham-se também de serem chamados de ‘pé vermelho’, ou, na linguagem caipira, ‘pé vermeio’. Valorizar isso é bom, assim como valorizar o fato de ser de Tatuí, o que está presente em todas as redações.”, comentou.
O escritor e jornalista também notou a presença de célebres tatuianos citados no texto: “Vera Holtz, Paulo Setúbal e Ayrton Senna…”. “E acredito que, entre essa criançada de hoje, haverá tatuianos famosos ou merecedores de admiração também”, completa.
Therezinha, jurada de textos de alunos do 4º e 5º ano, enfatizou a originalidade de Manuelly Vitória Oliveira como critério essencial. “A maneira como foi utilizada a linguagem poética, com palavras, versos e rimas, apresentou ao leitor o contexto das comemorações natalinas de forma sensível”, avaliou.
Para ela, o texto selecionado “ativa pensamentos, sentimentos e emoções de maneira singular”. Ela também acentuou como os textos são reflexos da conexão das crianças com a tradição local e sua expressão cultural.
Cristina, jurada para obras de alunos do 8º e 9º ano, relevou o engajamento dos professores no desenvolvimento dos textos. “O trabalho que recebi dos alunos reflete o resultado de professores empenhados e, indiretamente, o fomento que este concurso oferece”, declarou.
Cristina também elogiou o capricho e a criatividade presentes no texto de Esthefany Lourenço, citando como a aluna conseguiu “explorar formatos narrativos pouco usuais, como diários e cartinhas, enriquecendo ainda mais a experiência do leitor”.