Jovens empreendedores estão cada vez mais iniciando negócio





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Mário Oliveira tem a pretensão de liderar mercado regional

 

De acordo com Carlos Alberto de Freitas, diretor regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de Sorocaba, existe 1,5 milhão de jovens, de 18 a 26 anos, fazendo o próprio negócio no Brasil.

Em Tatuí e na região, segundo ele, não há levantamento sobre números específicos de jovens empreendedores, mas ele garantiu que há bastante gente se “aventurando” e iniciando um empreendimento.

De acordo com a assessoria de imprensa do Sebrae, há, na cidade, 2.067 empreendedores individuais, o que equivale a 0,22% do total de empreendedores individuais formalizados em todo o Estado.

Conforme Freitas, a idade não é grande interferência para definir o nível de preparação de cada empreendedor.

Ele argumentou que a questão para definir se a empresa terá futuro ou não está muito mais ligado ao ato de planejar e cumprir as etapas necessárias para abrir o próprio negócio do que na faixa etária.

“Muitos jovens entram no mercado de trabalho sem planejamento e, consequentemente, perdem dinheiro e o negócio. E tem jovens que fazem a lição de casa e ganham mercados e clientes”, afirmou o diretor.

A base dos empreendimentos, conforme Freitas, é o plano de negócios, pois toda atividade empresarial necessita de planejamento.

“O plano é aquele que você traça os passos, desde a concepção, o momento do pensamento da empresa, até a projeção de fluxo de caixa que a empresa vai gerar”, ressaltou Freitas.

Apesar de afirmar que a faixa etária não interfere diretamente na concepção do próprio negócio, Freitas ressaltou que os jovens podem encontrar dificuldades em manter o empreendimento.

De acordo com ele, os jovens caracterizam-se muito pela espontaneidade e tomam decisões muito rápidas e precipitadas. Portanto, o maior risco deles é não se precaverem fazendo um bom planejamento.

“Os jovens são muito impacientes e querem resultado muito rápido, o que pode complicar no futuro”, acrescentou Freitas.

Conforme o diretor, se os jovens quiserem o resultado rápido e agirem sem pensar nas consequências de abrir o próprio empreendimento, o negócio pode não dar certo.

“Eles têm pouca experiência no mercado e têm que ultrapassar essa deficiência fazendo muito estudo mercadológico”, afirmou Freitas.

Segundo Freitas, a procura de jovens para abrir um negócio é alta, “pelo idealismo que eles possuem e pela crença de serem os protagonistas das próprias vidas”.

De acordo com ele, a geração “Y” tem a característica de não gostar muito da subordinação, ter chefes e ser punida na questão das ideias que devem desenvolver.

“O jovem é muito idealista, quer transformar o mundo, e isso faz com que ele entenda que vai ser muito mais feliz empreendendo do que correndo atrás do sonho dos outros”, afirmou o diretor.

Freitas acredita que o idealismo e a gana de empreendimento dos jovens é “muito interessante, desde que venha com muito estudo”.

A falta de experiência de vivência e de negócio dos jovens também deve ser levada em consideração. Segundo Freitas, pelo pouco histórico de vida pessoal e profissional, o jovem corre mais risco de falência.

“Muita gente abre empresa depois de 20 anos no mercado. Então, conhece profundamente o negócio e clientes”, ressaltou.

Freitas afirmou que não há um setor mais visado pelos jovens, que procuram diversos segmentos, mas que ele vê uma grande concentração de pessoas mais novas no mercado tecnológico e inovador.

Em Tatuí

Isaque Leonildo Rodrigues, 18 anos, abriu uma adega em setembro do ano passado, com a ajuda do pai, na garagem da casa em que os dois moram.

A ideia do negócio surgiu porque, segundo ele, em Tatuí, há poucos estabelecimentos como esse, e o pai dele decidiu investir dinheiro para dar um negócio próprio ao filho.

Segundo Rodrigues, no decorrer dos seis meses em que está com a firma aberta, o movimento cresceu bastante, e ele tem boas perspectivas e projetos para a adega crescer ainda mais.

“Eu e meu pai estamos guardando dinheiro para comprar um terreno e fazer um barracão, para ter mais espaço para estoque, e ampliar a adega para dar mais conforto aos clientes”, afirmou.

Para o futuro, Rodrigues também pretende oferecer preços baixos e promoções. “Vou conversar com o cliente para saber o que ele precisa e tentar manter uma amizade”.

A maior dificuldade enfrentada, segundo ele, foi a regulamentação do local, pois foi necessário mexer na escritura e “correr atrás” de papelada para deixar tudo legalizado com alvarás.

Rodrigues contou que teve ajuda do Sebrae com a parte burocrática e que está cursando administração para estar mais apto a comandar o estabelecimento.

Ele já trabalhou como garçom antes e disse que sentiu muita diferença entre ter o próprio negócio e ser funcionário.

“A diferença é que você sabe como funciona tudo, pode gerenciar da sua forma, tem a oportunidade de planejar do seu jeito e estabelecer as próprias metas”, afirmou Rodrigues.

Ângelo Telêmaco da Silva, 24, abriu o próprio negócio na incubadora da Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo” em setembro de 2012, e, em fevereiro de 2013, mudou para outro local.

A empresa de Silva é na área de tecnologia. A ideia surgiu quando ainda cursava a faculdade de TI (tecnologia da informação). Após pesquisas, decidiu procurar a Incubadora de Empresas para descobrir quais passos teria que seguir para abrir o próprio negócio.

O empreendimento de Silva é classificado como MEI (microempresa individual), mas, futuramente, ele pretende aumentar a empresa. “É desafiador, mas tem espaço para crescer e se tornar algo de maior expressão no mercado”.

Silva lembrou que já trabalhou como funcionário antes e que a responsabilidade em ter o próprio negócio é muito maior do que trabalhar para os outros.

“Tem muito mais a ser feito, como os deveres com o governo, marketing e propaganda. É corrido, mas vale o esforço”, ressaltou.

Silva disse que a maior dificuldade que encontrou foi se desprender de “paradigmas sociais” e familiares a respeito de ser assalariado. “No começo, não temos garantia de obter lucro imediato. Ter paciência e persistência é a chave para obter bons resultados”.

“Também entrar em um nicho relativamente novo é assustador, pela falta de experiência e de apoio também”, afirmou.

Silva disse que a maior motivação para abrir o próprio negócio foi a oportunidade de entrar com inovação no mercado, “oferecendo bons serviços para outras empresas”.

Mário Fernando Oliveira, 22, possui uma microempresa de marketing desde outubro de 2012. Ele disse que, apesar da maior carga de responsabilidade, está muito satisfeito com o negócio.

“Sempre tive vontade de empreender. Quando eu era empregado, tentava sempre auxiliar para o crescimento da empresa, porém, tinha muitas limitações. Comecei analisar pontos positivos e negativos e decidi empregar este aprendizado em meu próprio empreendimento”, afirmou Oliveira.

Após ser aprovado e entrar na incubadora de empresas da Fatec, Oliveira começou o negócio sozinho, prestando serviço de marketing direto. Depois, um amigo ofereceu-se para ajudá-lo com o empreendimento, e os serviços foram divididos.

Após alguns meses, com uma gama maior de clientes, Oliveira conseguiu mais um parceiro para ajudá-los, e começaram a conseguir selecionar os clientes.

Oliveira opinou que um negócio próprio exige muito tempo, dedicação e hora trabalhada para se obter bom resultado.