Jogos infantis e cantigas populares podem coexistir com celulares e smartphones? O Grupo Asas “Contação de História, Recreação e Música” acredita que sim. Tanto é que programa, para o mês que vem, uma intervenção voltada ao resgate das brincadeiras de antigamente.
A iniciativa deve acontecer na vila Dr. Laurindo, resultado de experiências de trabalho dos membros do grupo teatral que tem agenda repleta de eventos desde o início do mês.
Juntos há três meses, os atores Adriana Afonso (Drica), Tamires Freire de Carvalho e Tiago Augusto Marcos (que também é músico) participam de uma série de atividades em Tatuí.
Em julho, eles comandaram as oficinas do projeto “Férias no Museu”, oferecido pela Prefeitura. As ações aconteceram no MHPS (Museu Histórico “Paulo Setúbal”), voltadas a crianças. Na ocasião, os atores incluíram músicas infantis do cancioneiro popular e brincadeiras “clássicas”.
“Perguntamos para os participantes que estavam no museu se eles conheciam algumas músicas antigas, como ‘Escravos de Jó’, por exemplo. Alguns deles, mas nem todos, não conheciam as letras. E a canção estava incluída em um dos jogos que nós tínhamos trabalhado em três níveis”, contou Drica.
A partir do contato, o grupo percebeu a necessidade de promover um resgate de brincadeiras e músicas que os avós cantavam para os pais e passou a debater sobre a questão. Quando produziram um musical curto (“O Cravo e a Rosa”), mas repleto de canções, os atores voltaram a deparar-se com o assunto.
“Estávamos montando o projeto e vimos que algumas crianças não conheciam a música. Aí, paramos para rever o que estávamos buscando, porque também não estávamos no caminho errado”, ressaltou Drica.
Durante o processo da montagem, os atores conversaram com crianças de 10 a 12 anos. O grupo constatou que a maioria não conhecia boa parte das cantigas e passou a refletir sobre as referências das crianças e a repensar como apresentar para elas as músicas antigas.
Os jogos foram somados à proposta de resgate do grupo também a partir da interação. Nas atividades e na execução do musical, os atores convidavam as crianças a participar das brincadeiras. Entretanto, precisavam explicar como se dava o processo, as regras e os objetivos.
“A partir do ‘Férias no Museu’, decidimos, realmente, que precisávamos fazer algo. A ideia é que as crianças voltem a ter recreações que instiguem à socialização. Não é para elas abandonarem os celulares e os tablets, porque essa é a geração da tecnologia, mas para que tenham, também, uma alternativa de brincadeira”, observaram Drica e Tamires.
A proposta do grupo é promover uma intervenção no mês que vem, cuja realização depende de autorização. O grupo já iniciou conversa com representantes da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, para viabilizar uma série de ações.
Os planos são de realizá-las no dia 7 de setembro, feriado nacional do Dia da Independência. O grupo escolheu a data por conta de ela ser celebrada em uma quinta-feira, possibilitando participação maior de pais e filhos. “Também porque, nos finais de semana, seria mais complicado”, disseram.
A intervenção consistirá em propostas de jogos infantis, não só teatrais, mas brincadeiras, como bola de gude, bambolê, pião, pula corda, amarelinha, entre outras.
“Sentamos para conversar a respeito do assunto e vimos que seria muito legal juntar os pais e os filhos, porque os pais sabem brincar e vão incentivar as crianças a participarem do mesmo jogo que elas”, explicaram os atores.
Para a intervenção, o grupo está preparando diversas atividades, entre elas, os conhecidos jogos de tabuleiro (damas e xadrez). Contudo, para que as ações se concretizem, é necessário patrocínio. “Algumas das brincadeiras serão fáceis de realizar; para outras, precisaremos de apoio”, enfatizou Drica.
Os pais que, eventualmente, não conheçam as brincadeiras ou as cantigas também poderão participar. Os atores ficarão incumbidos de repassar o conhecimento, buscando o resgate dos jogos infantis e das canções.
De modo a tornar o processo mais participativo, Drica conta que o grupo resolveu perguntar a conhecidos quais brincadeiras e canções eles se recordavam. A interação é realizada por meio da página do Asas no Facebook.
“A primeira pessoa que respondeu falou que a música era ‘Se Essa Rua Fosse Minha’ e o jogo, amarelinha. Na hora, soubemos que aquele era o caminho”, disse.
Empolgados com a repercussão e o engajamento gerado a partir do modelo, os atores pretendem alçar voos maiores. Querem pintar uma amarelinha gigante na rua Professora Anézia Loureiro Gama, na vila Dr. Laurindo.
“Vamos pedir autorização para a Prefeitura, para que as crianças possam brincar. Nosso propósito é trazer o jogo infantil para as crianças, mas que os pais delas também brinquem, os tios, os avôs, todos possam participar”, contaram.
De acordo com os atores, o objetivo principal da intervenção é mostrar para as crianças que elas podem, sim, brincar sem o uso de aparelhos, mas, ao mesmo tempo, que elas não precisam, necessariamente, abandoná-los, demonstrando que pode haver equilíbrio. “Na verdade, nós não queremos tirar nada das crianças. Estamos somente querendo somar”, frisou Drica.
A rua escolhida para receber as ações abriga a sede do grupo e tem, ainda, características peculiares. Conforme os atores, por não ser muito extensa, a via pode ser facilmente fechada por um curto espaço de tempo sem que haja grandes transtornos. “O quarteirão é tranquilo, não passa ônibus, mal passa carro. Então, é seguro para receber os participantes”, disse Drica.
Além da municipalidade, o grupo conversará com os moradores da rua. Os atores pretendem obter autorização e apoio para que a ação aconteça com sucesso. O grupo programa iniciar os trabalhos às 14h e encerrá-los às 16h, antes do pôr do sol, com uma cena teatral de um dos contos de trabalho.
Interessados em colaborar podem entrar em contato com o Grupo Asas pela rede social. O endereço eletrônico é www.facebook.com/grupoasascontos.