O Natal é um tempo de benevolência, perdão, generosidade e alegria. A única época que conheço, no calendário do ano, em que homens e mulheres parecem de comum acordo, abrir livremente seus corações.
Charles Dickens
Jesus e o Natal!
Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão no Salvador que viria enfim.
Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.
Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.
Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito. Dos confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma.
E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho o advento do Redentor.
Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesárea, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da Pérsia.
Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições dos sacerdotes, e filhos tostados do deserto vinham de longe trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.
Tudo era febre de expectação e ansiedade. Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.
Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na sombra espessa da noite. Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem a grata notícia. Uma estrela estranha rutila no firmamento.
O Enviado, porém, elege pequena manjedoura para seu berço de luz. Milícias angelicais rejubilam-se em pleno céu.
Mas nem príncipes, nem doutores, nem sábios e nem poderosos da Terra lhe assistem a consagração comovente e sublime. São pastores humildes que se aproximam, estendendo-lhe os braços. Camponeses amigos trazem-lhe peles surradas.
Mulheres pobres entregam-lhe gotas de leite alvo. E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também: – “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os Homens!
Ali, na estrebaria singela, estão Ele e o povo. E o povo com Ele inicia uma nova era. É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.
Lembrando o Rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu pão e tua veste.
Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.
Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo somente um dia. Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.
Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te, sutil: – Jesus nasceu! Jesus nasceu!…
Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim aparece o Ano Novo à nossa vida. O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo. Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia.
Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal. O primeiro renova a alegria. O segundo reforma a responsabilidade.
E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração para viver contigo eternamente? Eu acredito que sim! Feliz Natal!