Jaime Pinheiro amplia trabalhos em nova atração do ‘Esparrama’





Divulgação

‘Minhoca na Janela’ amplia o espaço cênico utilizando o próprio Elevado Costa e Silva

 

Responsável pela confecção da janela azul que ficou famosa com as apresentações do Esparrama, o artista plástico, cenógrafo e professor Jaime Pinheiro assumiu papel de destaque no novo trabalho do grupo artístico. Além do cenário, o tatuiano assina os trabalhos de aderecista e bonequeiro da peça “Minhoca na Cabeça”, que estreou no dia 14 deste mês, em dois horários.

O espetáculo é a última fase do projeto “Janelas do Minhocão”, iniciativa contemplada pelo programa Rumos Itaú Cultural 2013-2014. As apresentações acontecem na janela de um dos prédios em frente ao Minhocão, o edifício São Benedito, que fica à rua Amaral Gurgel, no centro de São Paulo.

A nova peça dá sequência ao espetáculo anterior “Esparrama pela Janela”, lançado em novembro de 2013 e que reuniu milhares de pessoas na frente do Elevado Costa e Silva, como também é conhecido o Minhocão. O grupo utiliza uma janela para promover intervenção cênica considerada inusitada e divertida.

“Minhoca na Janela” marca a volta do Esparrama ao espaço consagrado. Com a peça, o grupo promete manter sua originalidade, mas extrapolando os limites da janela mais famosa de São Paulo. O espetáculo apresenta novos personagens, convidados especiais e é recheado de “muito bom humor”.

Neste novo processo, o grupo quis refletir, com o humor e sensibilidade que é peculiar aos seus trabalhos, sobre os medos que a cidade moderna gera em seus moradores. Segundo o Esparrama esse temor é responsável por afastar os habitantes cada vez mais do convívio social e da construção de uma cidade melhor.

Em “Minhoca na Cabeça” uma menina vem morar em uma cidade grande e assustadora. Tudo o que ela vê pela sua janela é gigantesco: multidões, prédios, engarrafamentos, violência.

“Isto faz nascer uma minhoca em sua cabeça, que a impede de sair. Apesar das diversas investidas da mãe, que incentiva a menina a sair para brincar e conhecer a cidade os seus medos vão crescendo cada vez mais”, destaca o material de divulgação.

Por meio do espetáculo, o Grupo Esparrama conta a história de uma dessas minhocas insistentes que nascem com o medo, crescem com a insegurança, vão ficando mais fortes a cada conflito e insistem em passear pela nossa imaginação.

Nesse novo trabalho, os responsáveis contam, mais uma vez, com “um time de peso”. Entre os parceiros está o cenógrafo Jaime Pinheiro, responsável pela confecção da janela azul que virou referência do projeto do Esparrama.

Pinheiro produziu o boneco da minhoca que cresce na cabeça da menina e o teatro de brinquedo que aparece no início do espetáculo. Eles são destaques da peça.

Como a intenção é ampliar o espaço cênico com cenas que acontecem no próprio Minhocão, o elenco precisou crescer. Desta vez, estão integrados ao projeto os atores convidados Renato Ribeiro e Gabi Zanola, que compõem a Trupe Dunavô, também com pesquisa baseada na linguagem do palhaço.

Outra novidade marcante é a trilha sonora composta especialmente para a saga da menina. A compositora e diretora musical é uma parceira antiga do grupo, a maestrina Ester Freire. Ela também é responsável pela direção musical do espetáculo 2POR4, que acaba de encerrar uma temporada no Teatro Alfa.

Desde o final de 2013, a janela aberta pelo grupo “poucos metros acima da altura do Elevado Costa e Silva” é aberta regularmente. Ela tem como objetivo tornar um espaço privado (um apartamento) em um espaço público (teatro).

Em seu primeiro trabalho na janela, o Esparrama falou de um morador que subvertia a realidade ao invadir a janela do apartamento dele. Neste novo projeto, o grupo lança um olhar oposto. O foco é o que está “para o fora, para a cidade”.

Para ajudar os espectadores a enfrentarem os “medos da cidade”, o grupo entendeu que precisava literalmente ir até ela. É por essa razão que, neste espetáculo, além da janela, o público verá cenas que acontecem no próprio Minhocão.

Formado pelos amigos Iarlei Rangel, Kleber Brianez, Ligia Campos, Luciana Gandelini e Rani Guerra, o Grupo Esparrama surgiu em 2012. Tem como base de pesquisa o estudo do palhaço e das estruturas cômicas em suas variadas expressões nas artes cênicas (rua, palco convencional, entre outras).

Com resultado das primeiras parcerias, o grupo concebeu o espetáculo 2POR4, que une palhaços e música instrumental. Também soma participações em eventos como o FestClown 2014 – Festival Internacional de Palhaços, realizado pelo Sesc (Serviço Social da Comunidade), em Brasília.

Em 2013 o grupo desenvolveu primeiro projeto solo, o “Esparrama pela Janela”, realizado na janela de um apartamento no Minhocão. A peça recebeu dois prêmios FEMSA de Teatro Infantil e Jovem (categoria revelação – pela direção – e prêmio Crystal Eco de Sustentabilidade) e o prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro, na categoria melhor ocupação de espaço.

Sobre o cenógrafo

Jaime Pinheiro iniciou trabalhos cenográficos em 1979, paralelamente às atividades na área de artes gráficas e como designer. Em 1997, instalou a Oficina de Cenografia no Conservatório de Tatuí, instituição na qual atua como cenógrafo.

Entre seus principais cenários estão os dos programas “Prelúdio”, “Prêmio Carlos Gomes” e “Sinfonia Fina”, da TV Cultura. Desenvolveu trabalhos para o Festival de Inverno de Campos do Jordão e para o Festival de MPB de Tatuí.

Realizou a cenografia dos espetáculos “Morte e Vida Severina”, “O Pequeno Príncipe”, entre outros. Dedica-se ao teatro de animação, à preservação da cultura popular e folclore, tendo sido coordenador de várias edições do Torneio Estadual de Cururu – evento para o qual desenvolve cenário.