Da Predicado Comunicação
Com o isolamento social em decorrência da pandemia da Covid-19, o registro de acidentes domésticos tem aumentado – estatísticas demonstram que houve um crescimento de cerca de 30% dos casos.
Durante esse período, é natural que as pessoas procurem atividades dentro de casa para ocupar o tempo, como realizar pequenas mudanças ou reformas, arrumar objetos em móveis, praticar atividades físicas e aderir a brincadeiras da internet para se distrair, mas é preciso cuidado para não se machucar.
Na Inglaterra, por exemplo, em abril, uma jovem de 27 anos machucou seriamente os dois pés participando de um desafio de dança viral do Tik Tok.
Nele, as pessoas devem ficar frente a frente e precisam bater com os pés juntos em diferentes combinações enquanto dançam ao som de uma música. Além de gesso em um pé e uma bota imobilizadora no outro, ela ainda corre o risco de precisar passar por uma cirurgia para reparar as lesões.
O presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), José Antônio Veiga Sanhudo, alerta que é preciso cautela com os virais da internet.
“É preciso tomar muito cuidado ao tentar imitar os desafios e brincadeiras lançados na internet, pois o que era para ser diversão pode acabar em lesões que, dependendo da situação, podem deixar sequelas”.
Com relação aos acidentes em atividades rotineiras, o diretor da Regional São Paulo da ABTPé, Danilo Ryuko Cândido Nishikawa, ressalta que queda de altura (escada, cadeiras, cama) e acidentes por instrumentos perfurocortantes (vidro, faca, serra, prego) acabam se tornando mais frequentes.
“É preciso ficar atento, pois as quedas de altura podem causar lesões simples, como leves entorses do tornozelo, ou fraturas graves da tíbia, fíbula, calcâneo e metatarsos, que necessitem de tratamento cirúrgico”, explica.
“A maior frequência do manuseio de instrumentos de cozinha ou de construção pode causar lesões nos tendões, nervos e vasos sanguíneos da mão, levando a consequências graves”, completa.
Crianças e idosos
As crianças e os idosos exigem atenção e cuidados redobrados dentro de casa, onde situações corriqueiras se transformam em grandes armadilhas. No caso do público infantil, com o confinamento, as crianças ficam mais agitadas e passam a explorar novos lugares na casa, colocando-se em risco.
“A casa se torna o playground, o parque e a quadra de esportes. Com isso, podem ocorrer desde lesões menores, como imprensar o dedo nas portas e pequenas contusões, até fraturas do fêmur, tornozelo, cotovelo, mão e punho. Ficar de olho é a principal medida para protegê-las”, destaca doutor Sanhudo.
No fim de março deste ano, uma criança do Rio Grande do Sul rasgou o pé, depois de bater em um copo de vidro que estava no criado-mudo. A garotinha de quatro anos estava tentando plantar bananeira, seguida de uma cambalhota em cima da cama dos pais.
Cuidados importantes com esse público incluem a colocação de protetores de quina nos móveis, grades ou telas nos berços. Para as crianças maiores, brincadeiras que envolvam corrida e pulos em móveis, camas e sofás, principalmente quando próximas às janelas, devem ser evitadas.
Já os idosos, pelo avanço da idade, apresentam fraqueza muscular, piora do equilíbrio e fragilidade óssea, sendo mais suscetíveis a quedas dentro de casa, que podem ocasionar em fraturas do fêmur, punho e ombro.
“É importante evitar tapetes e objetos pelo chão da casa, isolar pisos escorregadios, manter os ambientes iluminados e não subir em bancos, cadeiras ou escadas”, salienta o doutor Danilo. “Em caso de acidente, não hesite em procurar o pronto-socorro ortopédico”, conclui.
Sobre a ABTPé
A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) foi fundada em 1975 com a missão de unir a classe médica na especialidade, além de estimular o intercâmbio de informações científicas, fomentando a educação continuada entre os especialistas de pé e tornozelo no Brasil.