José Abel de Almeida tem 73 anos, Gracinda Afonso Fernandes está prestes a fazer 91. Os dois idosos não se encontraram durante a quinta-feira, 15, mas compartilharam o mesmo sentimento pela participação na 88a edição da Festa da Caridade.
“Seu Abel”, como gosta de ser chamado, ocupou a ala masculina da instituição. Ele recebeu atenção especial de quem percorria a parte interna do asilo durante a festividade. “Gosto de tubaína, mas mais de ver o movimento do povo”, disse.
Interno do asilo desde 1993, o idoso conversou com parentes e visitantes. “É bom papear, principalmente, bom para nós que estamos aqui”, comentou.
Quem também apreciou os instantes foi Maria Eva, sobrinha de Benedito Lobo, de 92 anos. O idoso está no asilo há três anos e, por uma série de problemas de saúde, não consegue mais andar. Lobo também fala pouco e quase não ouve.
Apesar de receber a visita dos demais parentes, tem poucas oportunidades para ver a sobrinha. Ela contou que não consegue ir à instituição tanto quanto gostaria por também ter problemas de locomoção. “Venho sempre quando posso, meus pés estão ‘ruins’, mas hoje é um dia especial”, contou.
Também contente com a festa, Gracinda Afonso Fernandes aproveitou o aglomerado de pessoas para fazer o que mais gosta: conversar. Nascida em Vale de Espinho, Portugal, a idosa afirmou que a festa deixa os internos mais animados.
“Gosto de tudo, não tem uma coisa na festa que não goste. Sou muito feliz no asilo. Ele representa tudo para mim. Fiz amigos aqui, ocupo quase todo o meu tempo. Faço caminhadas e frequento projeto no qual aprendo computação”, citou.
Para ela, a festa tem um gosto especial. Gracinda considera o evento um “presente antecipado”, já que comemora aniversário no dia 25 deste mês.
“Este ano está bem melhor. É uma festa que representa muito para a casa, e eu espero que todo mundo aproveite. Além disso, gosto das pessoas que aproveitam o que a vida tem de bom”, disse.
Além de ter os olhares do público, os idosos receberam cuidados de uma equipe de voluntários. O Lar São Vicente permitiu que estagiários de cursos técnicos de auxiliar de enfermagem realizassem a monitoria dos internos.
Uma das voluntárias é Mariana Cristina, que atuou na ala masculina. O grupo prestou assistência para os idosos e revezou-se na tarefa de alimentá-los, leva-los para passear no ambiente interno e a recolher-se nos aposentos. “Eles gostam da interação com as pessoas, ficam mais motivados”, comentou.