Integrantes da FNL fazem protesto em Quadra após liminar





Integrantes da FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade) promoveram protesto na cidade de Quadra no fim de janeiro. A manifestação aconteceu no domingo, 25, dois dias depois de a Justiça expedir liminar determinando a desocupação da área invadida. Mais de 500 pessoas participaram de passeata.

Os manifestantes saíram às ruas, percorrendo a Câmara Municipal e parando por 30 minutos na frente da casa do prefeito da cidade vizinha, Carlos Vieira de Andrade.

De acordo com a liderança, o movimento objetivou “sensibilizar” as autoridades de Quadra para a situação dos invasores, alvos de despejo.

A passeata terminou na praça central, sendo acompanhada pela Polícia Militar. Ela ocorreu por conta de determinação de reintegração de posse de área ocupada pelos sem-terra.

No dia 23 de janeiro, o juiz da 1a Vara Cível de Tatuí, Miguel Alexandre Correa França, determinou, por meio de liminar, a retirada de acampamento mantido pela FNL às margens de rodovia vicinal.

O magistrado atendeu pedido constante em ação de reintegração de posse movida pela Prefeitura de Quadra. O Executivo alegou que a estrada é bem público e destinada a todos os cidadãos.

O juiz autorizou o uso de força policial para a remoção das famílias. A maioria dos invasores é de Tatuí, conforme constatou O Progresso no final do ano passado.

Na ocasião, a reportagem conversou com os ocupantes. Até então, eles estavam instalados em acampamento improvisado, nos limites da fazenda Paiol. A propriedade pertenceu ao ex-presidente da República, Júlio Prestes de Albuquerque.

Ainda em dezembro, o grupo tomou mais quatro fazendas na região e usinas de processamento de cana-de-açúcar em diversas regiões do Estado de São Paulo. Entretanto, a Justiça determinou a reintegração de posse das propriedades.

Em novembro de 2014, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) realizou cadastro dos invasores. Os dados foram incluídos em um banco de dados para verificação da documentação e definição da ordem de prioridade dos invasores.

Um mês depois, os sem-terra decidiram invadir usinas de processamento de cana, em forma de protesto. Eles queixavam-se da demora da avaliação da situação da fazenda para o andamento do processo de desapropriação para reforma agrária.

O Incra iniciou o procedimento, mas precisou suspender os trabalhos após a invasão da área. A razão é que a lei 8.629, de 1993, impediria a vistoria, avaliação e desapropriação de imóveis invadidos nos dois anos seguintes à ocupação.

Batizado de “Cesário Silva” – nome de um aposentado que teria morrido de pneumonia no local –, o acampamento tem barracos de todos os tipos e condições de ocupação.

No início da invasão, a liderança contabilizava 800 famílias. Neste ano, o número passa de 1.200. O grupo reivindica terras da fazenda Paiol, uma extensão da fazenda Araras, em Quadra. A propriedade é considerada estratégica porque está perto de outros três municípios: Tatuí, Itapetininga e Guareí.