
Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto *
Como Nova Inquisição, embora laica, grupos de fanáticos desinformados investem contra a História Lusófona com archotes na mão.
Não faz muito tempo, pouco mais de quatro anos, em Lisboa, estes vândalos picharam a estátua do nobilíssimo padre Antônio Vieira, considerado por Fernando Pessoa “O Imperador da Língua Portuguesa”.
Não contentes, outra quadrilha do mesmo feitio tentou incendiar em Santo Amaro a estátua de Borba Gato, bandeirante paulista que empreendeu a busca de ouro no interior do Brasil, enquanto grupos picharam várias vezes o monumento às Bandeiras, localizado no Parque Ibirapuera em São Paulo.
Agora vejo que ativistas de plantão querem queimar na fogueira nosso genial escritor Machado de Assis. Acusam-no, os baderneiros da história, de ser um negro que não defendeu sua classe.
Estes desvairados ativistas, parece que almejam a todo custo incentivar o racismo no Brasil.
Há aqui duas desinformações.
Primeira: Machado de Assis não era negro. Corriam em suas veias o sangue da mãe, branca, portuguesa, e do pai, este sim negro (ou mulato não se sabe).
Portanto Machado, embora tenha saído mais escuro, não era negro. Como acontece em numerosas famílias mestiças podia ter nascido até branco ou moreno claro.
Em segundo lugar, Machado era sócio do jornal abolicionista “Gazeta de Notícias”, do Rio de Janeiro, voltado para defender os escravos.
A moda desses tresloucados é “desconstruir a História”, novo nome para destruir a memória da nação e os grandes valores da civilização.
Até breve.
* Jornalista e escritor tatuiano.