Iniciada 2ª fase para implantação do MIS

Prefeitura reúne empresários para apresentar projeto do futuro MIS (foto: Diléa Silva)

Com o objetivo de buscar parcerias para a conclusão e inauguração do futuro MIS (Museu da Imagem e do Som) de Tatuí, a prefeitura, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, promoveu na tarde de quarta-feira, 6, no paço municipal, a primeira reunião de apresentação do projeto de criação do equipamento cultural.

A reunião contou com a participação da prefeita Maria José Vieira de Camargo, do secretário de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, do diretor do Departamento de Cultura, Rogério Vianna, do gerente da agência Sicredi Nossa Terra, Maison Pereira de Carvalho, do publicitário Kleber Adriano Vieira, da Unimed de Tatuí, e agentes do Departamento Municipal de Turismo.

Iniciando a reunião, Sinisgalli ressaltou que, por ser MIT (município de interesse turístico), Tatuí foi contemplada, neste ano, com recurso de R$ 373.874,11, que garantirá a primeira fase do processo de implantação, que envolve as obras de revitalização e a finalização da nova infraestrutura do prédio do antigo matadouro, edificação centenária que abrigará o museu.

A verba será recebida do governo do estado, por meio do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos) e da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo.

Contudo, conforme o secretário, nesta segunda fase – que deve caminhar de forma paralela à revitalização do prédio -, é preciso captar recursos para o processo de pesquisa, criação do acervo e execução do projeto da expografia do novo museu.

“Nós já temos o recurso para concluir o prédio; agora, precisamos encontrar patrocinadores para esta nova etapa, que é a criação do acervo e que vai viabilizar a inauguração do novo MIS”, argumentou Sinisgalli.

Conforme anunciado pelo secretário, a Arquiprom (empresa responsável pelo projeto da expografia do museu) inseriu a proposta do equipamento no Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic) e recebeu autorização do Ministério da Cidadania para captação de recursos por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

O secretário explicou que, com a aprovação, o projeto do MIS pode captar R$ 922.445,92, para pesquisa, expografia e execução do projeto de todo o acervo museológico, completando a etapa que falta para que o dispositivo possa ser inaugurado.

“Como estamos aptos a captar recursos, reunimos os empresários para apresentar o projeto e explicar como eles podem nos ajudar a finalizar este importante equipamento histórico, turístico e cultural”, acrescentou Sinisgalli.

A O Progresso, o secretário afirmou que a expectativa de captação dos recursos é positiva e que, das diversas empresas convidadas para a reunião de apresentação, boa parte mostrou interesse em patrocinar o projeto.

“Estamos fazendo diversas visitas em empresas da cidade e ainda podemos fazer mais uma reunião como esta. Alguns empresários informaram que não puderam vir desta vez, mas já sinalizaram interesse, até porque também é vantajoso para eles. Estamos confiantes”, asseverou o secretário.

A proposta de disposição da expografia, que deverá compor o acervo do MIS, foi exibida pela arquiteta Silvia Landa, diretora da Arquiprom. Ela também explicou detalhes sobre a Lei de Incentivo à Cultura e as formas de captação de recursos financeiros que podem garantir a continuidade do processo de criação do MIS no município.

Silvia assegurou que a lei, também conhecida como “Rouanet”, é uma forma de tornar o projeto mais atrativo a patrocinadores, que poderão viabilizar a implantação do museu e, ainda, obterem incentivo fiscal.

Ela explicou que, por meio do dispositivo, o governo federal abre mão do Imposto de Renda para que o recurso seja direcionado à realização de atividades culturais.

Com isso, o produtor do projeto aprovado, pela Secretaria Especial da Cultura, pode captar recursos junto a apoiadores, oferecendo a oportunidade de abatimento no Imposto de Renda.

Qualquer cidadão que realize a declaração ou qualquer empresa tributada com base no lucro real pode apoiar o projeto e obter incentivo, que varia de 4% de desconto do imposto devido para pessoas jurídicas a até 6% para pessoas físicas.

Silvia explica que, após a aprovação do projeto, cabe ao proponente encontrar as empresas que apoiarão a ideia. Segundo ela, quando o projeto conseguir captar pelo menos 20% do valor total aprovado, já é possível iniciar a execução da proposta conforme detalhado.

“Já estamos com todas as documentações necessárias, um diagnóstico do que pode conter no acervo do MIS; temos uma conta no Banco do Brasil separada para este fim. Ou seja, já está tudo pronto para começar a captação”, garantiu a diretora.

“Neste momento, estamos na busca ativa pelos patrocinadores. Esperamos que as empresas da cidade nos ajudem a conquistar o recurso”, acrescentou.

Também esteve participando da reunião a pesquisadora Monica Musatti Cytrynowicz, diretora de produtos da empresa “Narrativa Um” – instituição que está trabalhando em parceria com a Arquiprom no processo de curadoria do museu.

A Arquiprom é responsável pela coordenação geral do projeto da expografia, cenografia e interatividades do que vai constituir o acervo do museu; já a Narrativa Um é responsável pela pesquisa, conteúdo, entrevistas e materiais que poderão gerar subsídio para a expografia.

A O Progresso, Monica destacou que os estudos para a formatação do acervo do MIS tiveram início há, aproximadamente, seis meses, com visitas à cidade e às instituições e arquivos particulares existentes do município.

De acordo com ela, as visitas técnicas possibilitaram a criação de um diagnóstico prévio, com informações sobre os materiais que podem servir de acervo, o espaço necessário para a reserva técnica do museu e as pessoas e entidades que se disponibilizaram a ceder arquivos para o acervo.

“Neste primeiro momento, visitamos o Conservatório, a Fatec, o Museu Histórico ‘Paulo Setúbal’ e diversos arquivos particulares. Contudo, em uma nova fase, a pesquisa será aprofundada, e esperamos que a população colabore. Vamos precisar de informações e materiais”, disse a pesquisadora.

Monica ainda destacou que “a cidade tem uma identidade muito forte com a música” e que o projeto de criação do MIS poderá complementar as outras atividades culturais e turísticas já existentes na cidade.

“Faz muito sentido para Tatuí ter um MIS, não é qualquer município que conseguiria o acervo que tem aqui, e, sem dúvida, é um equipamento que vai completar as outras tantas atividades que fazem parte da programação turística do município”, observou Monica.

Também a O Progresso, a diretora da Arquiprom afirmou que já conhece a história da cidade, lembrando ter sido responsável pela estruturação da nova expografia do Museu Histórico “Paulo Setúbal” – inaugurada em 2009.

Silvia explica que o novo projeto pretende aproveitar a área interna e externa do espaço do antigo matadouro para incluir atividades fora dos muros do MIS, como rodas de conversa e apresentações culturais.

“A ideia é que a gente também tenha uma área externa com um grande banco de convivência, que nesta área possam acontecer pequenas apresentações de música, encontros de hip hop e uma série de outras ações, para que a gente possa trabalhar o museu do lado de fora também”, revelou.

A arquiteta da Arquiprom contou que a proposta é incluir instalações e elementos interativos já do lado de fora do prédio do MIS. “Antes de entrar no museu, as pessoas já vão começar a sentir um clima de música, com elementos externos”, mencionou.

Além disso, Silvia realçou que, ainda na área externa, o projeto prevê uma área dedicada ao patrocinador e um memorial de música homenageando maestros, compositores e instrumentistas que fizeram parte da história de Tatuí em algum momento da vida.

Já na área interna, Silvia informou que a proposta é dividir o espaço em ambientes. Um deles, previamente denominado de “Os Sons de Tatuí”, deve incluir uma mostra da musicalidade local e contar um pouco da história da instalação do Conservatório no município.

Já no ambiente “De Tatuí para o Mundo”, será possível conhecer musicistas, atores, diretores, cenógrafos, narradores, tradutores e outros diversos profissionais da área cultural que nasceram, ou se formaram no município, e fizeram carreira internacional.

“Também incluímos projetos modernos, interativos e outras salas que poderão ter conteúdos diversificados para agradar a todos os públicos, e reservamos um espaço exclusivo para as memórias do antigo Matadouro Municipal, contando a história do prédio”, relatou Silvia.

Inauguração

Conforme Sinisgalli, as obras de revitalização do prédio centenário, com os recursos do Dadetur, devem começar ainda no primeiro trimestre de 2020. A previsão para se inaugurar o novo museu é até agosto do mesmo ano.

“A previsão da Secretaria de Turismo de São Paulo é assinar o convênio com a prefeitura até dezembro e promover o processo de licitação até janeiro, para iniciar as obras ainda em fevereiro”, informou o secretário.

Ele reforça que a revitalização do prédio e a ativação do Museu da Imagem e do Som devem colaborar com a busca pelo título de estância turística e valorizar os pontos de visitação e atrativos turísticos já existentes.

“Com a confirmação oficial de que conseguimos o recurso do Dadetur, podemos ressaltar dois pontos muito importantes e essenciais na busca pelo título de estância turística: a criação de um atrativo turístico e a preservação de mais um patrimônio histórico”, acentuou Sinisgalli.

A revitalização do prédio do primeiro matadouro municipal (datado de 1859) começou no final de outubro de 2017. Para a prefeita, além de “fundamental do ponto de vista histórico, o restauro contribui para o reforço de uma das principais características de Tatuí”.

“O trabalho é decorrente de uma obra que se iniciou por necessidade (a reconstrução da ponte do Jardim Junqueira), mas atende aos critérios do MIT”, lembrou.

Desde maio de 2017, Tatuí integra a lista de cidades paulistas reconhecidas como MIT, que começaram a receber recursos do governo de São Paulo para investimento em turismo. Mas, até então, a obra do MIS estava sendo realizada com recursos próprios.

Maria José observou que os recursos do Dadetur e da lei Rouanet permitirão ao município agregar novo dispositivo de atração de visitantes, cumprindo meta de permanência entre os MIT, submetidos a reclassificação periódica.

“Hoje, demos mais um passo rumo à conclusão do MIS. Já temos mais de 70% dos serviços concluídos e, agora, vamos buscar a expografia. É um sonho que está caminhando muito bem e, se Deus quiser, em agosto, vamos entregar para a população”, afirmou.

A prefeitura quer viabilizar, no novo espaço, apresentações musicais, exposições permanentes e itinerantes, entre outras ações. Para Maria José, a obra também permitirá aos tatuianos e visitantes conhecerem um pouco mais da história da cidade.

“Este edifício centenário estava totalmente jogado entre as árvores. Hoje, estamos revitalizando, para dar mais visibilidade a ele, e, com o MIS, poderemos valorizar o passado, contando sobre as pessoas que fizeram parte da história de Tatuí”, comentou a prefeita.

Durante a reunião, o processo de restauração e ampliação do antigo prédio do Matadouro Municipal, situado na avenida Domingos Bassi, esquina com a avenida João Batista Correia Campos, e os detalhes da edificação foram apresentados pela arquiteta Veridiana Petinelli, responsável pelo projeto de restauração.

Ela reiterou que o intuito da ação de restauração junto ao prédio do futuro MIS é diagnosticar as patologias encontradas em vários pontos do edifício e corrigi-las com técnicas construtivas e materiais utilizados no passado.

“Fizemos um trabalho de garimpo por todo o prédio, e pode-se dizer que executamos um trabalho parecido com o de um arqueólogo”, afirmou Veridiana.

Ela ainda explicou que, para iniciar a restauração, a equipe responsável pelo projeto precisou levantar quais tijolos foram utilizados na construção, desenterrar peças escondidas e limpar os tijolos da fachada principal.

“Com isso, descobrimos quais eram os tamanhos das aberturas originais, e, desta forma, estamos procurando deixar o prédio o mais próximo possível do que foi no passado”, explicou a profissional.

Para a arquiteta, “restaurar é um trabalho que garante a permanência dos sistemas construtivos e da história para gerações futuras”.

“Com este trabalho, estamos colaborando com a sociedade de várias formas: cultural, turística, intelectual e outras. Por isso, temos que valorizar cada vez mais o pouco que nos resta e fomentar políticas públicas para incentivar, de maneira efetiva, a preservação do nosso patrimônio histórico”, acentuou.

A arquiteta sustentou que, apesar de muitas partes do prédio terem sido alteradas ao longo do tempo, algumas “relíquias” foram encontradas durante os trabalhos iniciais.

A equipe responsável pelo restauro descobriu portas de folha de madeira fixa, uma série de ganchos chumbados na parede – usados para pendurar peças de carnes bovinas – e tijolos com características e dimensões únicas, datados do século 18.

“Neste trabalho especificamente, confesso que tivemos sorte: encontramos uma porta original e duas janelas, porém, em péssimo estado de conservação, pela ação do tempo. Elas serviram de modelo para a construção de réplicas, que serão instaladas no museu”, contou.

Além da restauração interna, o projeto inclui paisagismo e iluminação na área frontal, construção de banheiros e adaptação na área externa para atender ao público.

“Desde que entramos para a lista dos MIT, realizamos uma série de obras e revitalizações nos pontos turísticos e equipamentos culturais já existentes na cidade. Agora, fomos contemplados com mais este belíssimo projeto, que é o MIS”, concluiu Sinisgalli.