Imunoterapia com alérgenos (Vacinas para alergia) – parte II

Quais os benefícios da Imunoterapia?
A modificação da resposta imune do paciente alérgico é o ponto primordial e imprescindível da imunoterapia. Muitos estudos demonstram a eficácia da imunoterapia com alérgenos na rinite, na asma e nos quadros de alergia a veneno de insetos.

As vacinas para alergia provocam diminuição dos sintomas de rinite e asma, com melhora importante na qualidade de vida da pessoa alérgica. Em pacientes com rinite, existem estudos demonstrando que a imunoterapia pode prevenir o surgimento de sensibilização para outros alérgenos e também impedir a evolução para asma. Este fazemos em nosso consultório há cerca de 25 anos.

O emprego de imunoterapia com veneno de insetos é muito eficaz em bloquear a reatividade do alérgico, provocando o desaparecimento da sensibilização alérgica. Este é feito no ambulatório da FMUsp em S. Paulo – no ambulatório de alergologia.

Por que fazer imunoterapia?
A sensibilização (formação de anticorpos IgE) para alérgenos do ambiente é fenômeno duradouro. É difícil controlar totalmente a exposição a alérgenos ambientais. Desta forma, a continuação do contato determina a perpetuação da reação imune nos tecidos (mucosa nasal, conjuntivas, brônquios).  A Organização Mundial da Saúde (OMS), em relatório elaborado por especialistas internacionais, aprovou e endossou o emprego das vacinas com alérgenos:

1- em pacientes que apresentam reações graves (anafiláticas) a insetos (abelhas, vespas, marimbondos e formigas) e 2 – nos indivíduos sensíveis a alérgenos ambientais causados principalmente por pó caseiro, que contém ácaros e barata, e fungos, melhorando sensivelmente as manifestações clínicas, como rinite, asma, conjuntivite,

Ainda temos em nossa clínica vacinas de imunoterapia para pacientes que têm infecções repetidas por herpes simples, candidíase (duração – 18 semanas) e, ainda, imunoterapia bacteriana para infecções repetidas de vias aéreas superiores e inferiores, como pneumonias, faringites, laringites, sinusites, etc. (este tratamento dura 6 meses).

Qual a melhor forma de aplicação de imunoterapia?
O método mais utilizado é através de injeções subcutâneas. Porém, estudos recentes com vacinas orais têm demonstrado efeito similar às preparações injetáveis e não causam o desconforto das aplicações injetáveis (mais indicados para crianças menores).

É necessário alertar que as vacinas com alérgenos não são disponíveis em farmácias. A pessoa alérgica somente tem acesso a esta forma de tratamento através de indicação e orientação médica detalhada (até porque são vacinas controladas por temperatura entre 2 e 8ºc e devem ser prescritas por médicos).

A duração da imunoterapia após a obtenção do máximo efeito clínico ainda não foi estabelecida. Para muitos, deveria ser de três a cinco anos. Outros advogam tempo maior de aplicação. A decisão sobre a duração do tratamento deve ser tomada em bases individuais. Em média, fazemos quatro anos de tratamento.

Quem deve orientar a imunoterapia?
Para fazer a orientação adequada de imunoterapia, o médico deve estar familiarizado com alérgenos relevantes na região e com métodos apropriados de diagnóstico. A escolha do(s) alérgeno(s) para imunoterapia deve ser baseada na identificação da presença de anticorpos IgE específicos para alérgenos ambientais de importância na região. As alergias respiratórias no Brasil estão associadas à sensibilização aos ácaros da poeira doméstica, principalmente.

Para orientar a aplicação de imunoterapia, o médico deve ter capacitação específica. A imunoterapia com alérgenos é acompanhada de riscos. Ao iniciar imunoterapia, o paciente deverá ser informado desta possibilidade e o médico deve estar preparado para tratar reações adversas, que podem ser graves.

Reações locais são comuns, e pode ocorrer urticária generalizada. Raramente, alguns pacientes apresentam agravamento transitório da manifestação clínica após iniciarem a aplicação do extrato alergênico. Nestas condições, é necessário ajustar a dose de alérgeno empregada.

Existem contraindicações à imunoterapia?
Em pacientes que também sofrem de asma, é necessário cautela ainda maior, uma vez que apresentam maior risco de desenvolver reações. Pacientes em crise de asma não devem receber aplicação de imunoterapia.

A munoterapia é contraindicada em pacientes com doença coronariana, em pessoas que usem determinado grupo de anti-hipertensivo (betabloqueadores) ou que sofram de outras doenças do sistema imunológico, tais como imunodeficiências e doenças autoimunes.

* Médico pediatra com TEP em Pediatria pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Pediatria.