Reinaldo César *
Dar vida às palavras, expressões e gestos que formam a substância da comunicação é fundamentalmente humano. Exige nossa presença ativa e capacidade de interpretar e responder ao que está sendo comunicado.
Sem esta iniciativa, a comunicação perderia sua profundidade, sua riqueza e seu potencial para construir relacionamentos e promover entendimento mútuo.
Por veículos e plataformas digitais diversas, a comunicação pode desempenhar um papel vital na sociedade, sendo uma via poderosa para disseminar informações, influenciar opiniões e conectar pessoas.
Sua importância transpõe fronteiras geográficas e culturais, podendo impactar nossas percepções, valores e comportamentos. Ainda assim, essa influência só se mantém relevante quando é empregada com responsabilidade e integridade.
A verdade é o alicerce da comunicação midiática autêntica. Narrativas precisas e confiáveis têm o poder de inspirar, educar e unir pessoas de maneira genuína.
Uma história comovente de sobrevivência que pude cobrir como jornalista, (entre tantas outras, como as que ocorrem no Rio Grande do Sul), pode ser um exemplo desse poder.
Ana Maria enfrentou no fim dos anos 80, aos 48 anos, um momento assustador no bairro onde morava em uma cidade no interior do Brasil. No fundo da casa, onde reside até hoje, há um rio não muito volumoso, mas de correnteza consideravelmente forte.
As chuvas que persistiram por uma semana sobre a cidade, naquela época, arrastaram tudo em seu caminho e provocaram o transbordamento do rio de tal forma que a água encobriu uma ponte e quase engoliu dezenas de casas na área. Ana Maria e sua família viram-se obrigadas a deixar sua residência, refugiando-se na casa de parentes.
Em meio à dor, Ana chorou profundamente pela perda de três de seus vizinhos durante as inundações, além de todos os seus bens materiais. No entanto, não se permitiu sucumbir à tristeza, tornando-se uma fonte de encorajamento para seu marido, filhas e demais vizinhos, incentivando-os a recomeçar a difícil jornada de sobrevivência.
Nos dias difíceis que se seguiram, as famílias afetadas encontraram amparo na solidariedade e assistência da população, além do apoio providenciado pela prefeitura.
Unidas pela tragédia, as famílias compartilharam o que recebiam da comunidade local, além do amparo psicológico. Juntas, enfrentaram as dificuldades com resiliência e colaboração. A imprensa local e regional relatava os eventos com precisão e sensibilidade.
Histórias como a vivida pela família de Ana Maria tocaram o coração de milhares de pessoas, inspirando atos de generosidade e compaixão. Naquele período, as notícias dos veículos de comunicação – eu fazia parte de um deles – desempenharam papel fundamental na mobilização para auxiliar e na conscientização dos desafios enfrentados pelas famílias afetadas.
Após alguns anos, as famílias reconstruíram suas vidas, transformando o episódio sombrio em uma história de resistência e esperança. Esse relato representa não somente a relevância da comunicação na divulgação da verdade, mas também seu poder de criar empatia, solidariedade e mudança positiva.
Nos momentos mais difíceis e assustadores, é a narrativa autêntica que nos lembra da nossa humanidade compartilhada e do potencial de superação que habita o coração de cada um de nós. Estejamos, pois, comprometidos a ser agentes da verdade e da esperança em tudo o que fizermos, inspirando as pessoas a se juntarem a nós nessa jornada de transformação e renovação.
* Editor-chefe de Jornalismo e apresentador do telejornal Canção Nova Notícias