‘Idosos não devem ser tratados como crianças’, diz gerontóloga





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A infantilização da velhice é um dos assuntos que a gerontóloga Paola de Campos sempre defende em cursos e palestras. Para ela, profissionais de saúde, familiares e cuidadores devem ter cuidado para não exagerarem no tratamento infantil aos mais velhos.

Segundo ela, é comum que profissionais e familiares tratem idosos com palavras sempre no diminutivo, como se fossem crianças.

“É uma linha tênue entre a falta de respeito e o carinho. As cuidadoras, os familiares, os profissionais de saúde tratam o idoso como velhinho, vozinha, dá a mãozinha, vamo comer papazinho, isso é infantilizar o idoso também”, observa.

“O idoso deve ser tratado com respeito. Nós cuidamos dos nossos filhos, netos, bisnetos. Mas, na velhice, há uma inversão de papéis, onde a gente precisa ser cuidado. Isso não significa que o idoso voltou a ser criança”, defende Paola.

Um exemplo que demonstra essa questão é a confusão que se faz com relação ao Centro Dia, o qual, muitas vezes, é chamado de “Creche do Idoso”.

Centro Dia é o local que dá tratamento aos mais velhos durante o dia, devolvendo-os às famílias à noite. Paola condena a confusão: “Esse tipo de estabelecimento não deve ser confundido com uma creche, isso tira a dignidade dos mais velhos”.

De acordo com a profissional, cuidadores e profissionais de saúde devem estar atentos para incentivar os idosos ao máximo de autonomia possível.

Se a pessoa consegue realizar alguma atividade, mesmo que demore mais tempo, ou não a faça de forma totalmente correta, isso deve ser incentivado.

Muitas vezes, os profissionais acabam caindo na armadilha da mecanização do trabalho. Mesmo que o idoso possa tomar banho sozinho, ele é colocado na cadeira e as cuidadoras fazem por ele.

“Quando agem assim, esses profissionais estão destruindo a autonomia da pessoa, e ele vai precisar da sua ajuda muito mais rápido”, defende Paola.

Roseli dos Anjos é cuidadora e garante que a relação com os mais velhos tende a melhorar com um tratamento mais adequado. Sendo mais respeitados em suas deficiências e possibilidades, “os idosos se tornam mais confiantes e autônomos”.

“Nós não podemos fazer por eles aquilo que eles podem fazer. Temos que ficar em alerta, mas deixá-los fazer. Se eles não conseguirem, tudo bem, tem a ajudadora. Mas, se eles conseguem, vão se sentir bem, capacitados a fazer coisas”, diz.