índice de mortes de bebês teve aumento

 

Tatuí teve aumento no índice de mortalidade infantil, de acordo com relatório publicado pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Os dados apresentados pelo instituto são referentes ao número de mortes proporcionais para cada mil nascidos vivos. No ano passado, a cidade teve índice de 11,9 mortes, contra 9,7 em 2014.

Em termos percentuais, o aumento do número de mortes de crianças com até um ano de idade foi de 22,7%. A cidade teve o terceiro pior índice se comparada com municípios paulistas de porte semelhante, com população entre 115 mil e 120 mil habitantes.

Entre as cidades com tamanho parecido, Guaratinguetá, situada no Vale do Paraíba, teve o menor índice. No ano passado, foram 6,2 mortes de crianças com até um ano para cada mil nascidas vivas.

O segundo melhor número foi registrado por Várzea Paulista, na região de Jundiaí, com 8,2 mortes para cada mil. A terceira melhor colocação foi de Barretos, com 9,3.

Também tiveram índices melhores as cidades de Caraguatatuba, no litoral, com 10 mortes, e Birigui, com 10,5 para cada mil nascidos vivos. As cidades de Salto e Votorantim tiveram taxas de mortalidade piores que a registrada em Tatuí. Respectivamente, os municípios tiveram 13,1 e 13,3 mortes para cada mil nascimentos.

Apesar da alta, a taxa de mortalidade infantil em Tatuí é considerada baixa, de acordo com o médico obstetra Carlos Rubens Avallone Júnior. Em anos anteriores, como 2013, o índice foi maior, de 13,7 mortes para cada mil nascimentos. Em 2012, foram 12,6 mortes e, em 2011, 11,9.

Segundo o médico, em médio prazo, é perceptível a diminuição do índice de mortalidade na cidade. A redução em três anos, conforme ele argumentou, reflete os serviços públicos na área da saúde “de modo geral”.

“Isso significa que algo tem melhorado nos últimos três anos. Seja através da assistência médica, da alimentação das mães, melhorias nas habitações e até mesmo na educação. Pode até estar aumentando a consciência da maternidade para as próprias mães”, apontou.

Segundo o obstetra, além de ser tida como um direito, a saúde é também dever da população. Às mães cabe o papel de realizar o pré-natal de forma regular e fazer todos os exames solicitados pelos médicos. Para ele, a prevenção é o melhor caminho para a redução da mortalidade de crianças com até um ano de idade.

“Se a mulher engravidou e teve a oportunidade de se reproduzir, ela tem o dever, desde o início, de zelar pela saúde de quem está dentro dela. O bom-senso diz para que ela procure um médico e realize o pré-natal”, afirmou.

Em comparação com o índice geral do Estado de São Paulo, a taxa de mortalidade de crianças no primeiro ano de vida foi maior em 2015. Enquanto a cidade teve 11,9 mortes para cada mil nascidos, o Estado somou 10,7.

Em 2014, entretanto, a situação foi inversa. A cidade teve 9,7 óbitos, enquanto o número estadual ficou em 11,4. Em números absolutos, em 2015, 20 crianças com até um ano de idade não sobreviveram, entre 1.684 nascimentos.

A Fundação Seade também tornou públicos os dados sobre a mortalidade por idade de crianças. Dos 11,9 óbitos para cada mil nascidos vivos, 7,1 foram considerados “precoces”.

A metodologia considera como tais as mortes ocorridas até o sexto dia de vida. Outras 2,4 mortes são consideradas “tardias” (de 7 a 27 dias de vida) e 2,4, pós-neonatal (entre 28 e 364 dias).

Segundo Avallone, uma das principais causas para a morte de bebês nos primeiros seis dias de vida é a falta de atendimento adequado. O que pode ocorrer, de acordo com o obstetra, é o nascimento prematuro da criança e a falta de UTIs (unidades de terapia intensiva) neonatais para elas. Outro fator importante é o uso de drogas durante a gravidez.

“Se nascer um prematuro de um quilo em Tatuí, de seis meses de vida intraútero, o pulmão dele não vai funcionar. Então, precisaria de aparelhos, suporte tecnológico que aqui não tem. Daí, entra em ação a central de vagas do governo de Estado, que faz a regulação e manda o bebê para aonde tem UTI neonatal”, explicou.

Mais uma vez, conforme o médico, a realização de pré-natal durante toda a gravidez é necessária para diminuir os riscos de mortes devido a complicações ginecológica e obstétricas, como malformações ou prematuridade extrema.

A mortalidade tardia e pós-neonatal podem ocorrer em decorrência de doenças infecciosas e desnutrição, conforme o obstetra. “Depois de certo tempo, os problemas de gestação não influem de maneira determinante na mortalidade”.

Importância do pré-natal

O pré-natal é um dos melhores caminhos para reduzir a mortalidade infantil. Durante o acompanhamento médico, a gestante é submetida e exames como HIV (vírus da imunodeficiência humana), sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatites, citomegalovírus, diabetes e pressão alta.

“Doenças como sífilis interferem no desenvolvimento do feto e podem trazer consequências danosas para o bebê, como malformação do sistema nervoso, cegueira, surdez, entre outros tipos de problemas”, afirmou.

O médico orientou as grávidas a procurarem o posto de saúde assim que o exame de gravidez der positivo, para que “possam ter assistência adequada e garantam a saúde do bebê”.

“As mulheres estão mais comunicativas e ativas do que as avós e as bisavós delas. O governo oferece o pré-natal, basta que as grávidas procurem o centro médico para terem acompanhamento”, concluiu.