História família Ramos

Cecília Ceciliato *

Os espanhóis também estão entre os que, como imigrantes, vieram ao Brasil para dedicarem-se à lavoura, agricultura familiar. Entre vários espanhóis que aportaram no Brasil, estava a família Ramos, mais especificamente Braiz Ramos.

Nascido na província de Leão, na Espanha, em 18 de agosto de 1887. No ano de 1900, aos 13 anos, Braiz Ramos e seus pais e irmãos deixam a terra natal e partiram de navio como imigrantes espanhóis.

Diego Ramos, meu tataravô, e a família estabeleceram-se numa fazenda na cidade de Capivari, trabalhando com os filhos na cultura do café. Na cidade vizinha de Mombuca, Braiz conheceu e se casou com Tereza Tejeda, que também era espanhola, oriunda da cidade de Samora.

Juntos, Braiz e Tereza fizeram uma grande família de 12 filhos: Laura, Sofia, Francisco, Pedro, Carmem, Antonia, Manoel e Diogo – nascidos em Capivari -, e Braz, Rosa, Tereza e Aurora, na cidade de Tatuí.

Em 11 de agosto de 1924, exatamente quando se festejava o 98º aniversário de Tatuí, Braiz chegou com sua família e fixou sua residência na fazenda “São João”.

Um dos filhos de Antonia relata os tempos antigos da família Ramos. Walter Ceciliato, meu pai, luta para preservar a história da família e busca, em detalhes e registros, tudo que possa saber sobre eles.

Espanhol por parte de mãe e italiano por parte de pai – ele é filho de Lourenço Ceciliato e neto de Otávio Ceciliato -, Walter tem muita história para contar. Por parte de pai, conta com orgulho da imigração italiana e do trabalho digno do avô nos Correios, como estafeta – uma espécie de carteiro na época.

Otávio foi proprietário da área onde hoje está construída a escola “Sales Gomes”. Lourenço, o filho caçula, foi, praticamente, um educador, já que atuava como inspetor em diferentes escolas e aperfeiçoou-se em artes. É dele o busto de Getúlio Vargas fixado na praça Manoel Guedes.

Ceciliato também tem obras que estão em Guareí, na Espanha e Portugal, encaminhadas por intermédio do pesquisador e historiador Alceu Maynardes de Araújo.

Já pelo lado materno, Walter Ceciliato guarda a explicação à pergunta de muitos tatuianos: “Por que justamente os abacaxis, nunca mais vistos por aqui, são citados no Hino Municipal?”.

Ele conta que a fazenda “São João”, comprada por Braiz Ramos, era uma área gigantesca, que englobava todo o bairro Colina Verde e parte da Bela Vista, além do local onde está hoje o “Alambique Ramos” – um grande empreendimento tatuiano, “Pinga dos Ramos” e um dos mais conhecidos do turismo e rural da cidade.

Ao adquirir a área, Braiz Ramos, muito provavelmente, pensava em plantar o que todos plantavam à época: café. Com a instabilidade econômica e o “golpe” da política “Café com Leite”, o governo paulista determinou o fim do plantio do café. Restou-lhe, então, escolher nova plantação. Daí o Abacaxi.

Braiz faleceu em 1931, vítima de um acidente de caminhão transportando abacaxi a Campinas. Tereza faleceu em 3 de junho de 1959.

O pioneirismo do abacaxi está na letra do Hino de Tatuí.

Muito orgulho! Minha família completa cem anos de história no mesmo dia do aniversário de Tatuí, dia 11 de agosto. Orgulho das matriarcas, minha bisavó, Tereza Tejeda Ramos, e a menina Antonia Ramos Ceciliato, ela tinha cinco anos de idade na época.

Carrego comigo a menina, a minha avó Antonia no meu coração. E o amarelo ouro do abacaxi em nosso hino. Viva família Ramos!

* Jornalista, filha de Walter Ceciliato