Dar sempre uma nova passada em determinado ponto neste espaço de opinião tem sido uma rotina, ainda entendida por poucos como o enfado de um engarrafamento, em meio ao qual não se sai do mesmo lugar, mas já evidente, para a maioria, ser parada obrigatória para a partida em direção a um caminho certo e inevitável: o investimento em turismo.
“O que fazer em Tatuí” ainda costuma ser pergunta ecoada até mesmo entre alguns tatuianos, e é exatamente a resposta a essa questão que precisa pontuar o definitivo sinal de largada na corrida pela exploração do potencial turístico, na qual concorrem todos os municípios de interesse (como a Cidade Ternura), além das estâncias.
Contudo, isto já não é segredo. Todos sabem que o programa estadual de incentivo, periodicamente, reavalia o desempenho das cidades beneficiadas com verbas para investimento em turismo.
Conforme os desempenhos, algumas podem ser elevadas a estâncias – como pretende Tatuí -, enquanto outras acabam sendo retiradas do programa MIT, dando lugar a outras. Trata-se de uma real competição, de uma corrida que garante prêmios em dinheiro.
A novidade, entretanto, é o fato de a pergunta essencial já estar sendo não apenas respondida, mas absorvida com entusiasmo por cada vez mais “turistas” visitando a Capital da Música. E a constatação disto partiu de uma fonte realmente inesperada: o Uber.
Embora ainda não amplamente divulgado, motoristas do aplicativo Uber têm se multiplicado pela cidade, refletindo fenômeno mundial. Até então, nada de novo. O inusitado é que esses profissionais passaram a ser verdadeiros guias turísticos na Terra do Doce Caseiro.
Ainda mais pitoresco é que vários deles sequer são “nativos”, tendo se estabelecido em Tatuí há pouco. Como “instrumento de trabalho”, por consequência, têm se utilizado do Guia Turístico e Gastronômico Tatuí Cidade Ternura, produzido pelo jornal O Progresso.
Na prática, conforme relatado pelos motoristas, visitantes chegam à cidade, os acionam e fazem a pergunta fundamental: “O que tem para fazer em Tatuí?”. Os profissionais, então, apresentam o guia e o turista começa a explorar a Cidade Ternura.
Ou seja, já está acontecendo um movimento turístico na cidade, e isto em um momento ainda delicado nacionalmente e sem a completa estrutura pertinente ao ideal acolhimento de turistas – ao menos considerando-se os tantos projetos em andamento e previstos, todos com o propósito de fomentar o turismo local.
E, claro, é correto e justo que o jornal O Progresso não deixe de registrar a contribuição que sua iniciativa pioneira tem prestado ao desenvolvimento do turismo no município – tal como as ações do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e da prefeitura, entre outros empreendedores.
Longe de qualquer pretensão descabida, o reconhecimento ao trabalho de alguns – poucos, em um passado não tão distante – justifica-se porque, até então, falar em turismo em Tatuí era piada para muitos.
Não obstante, em meio a um movimento consciente e muito bem-intencionado – que abrangeu entusiastas ao longo de mais de uma administração municipal -, o turismo começou a ser levado a sério, com um conselho que se propôs a trabalhar, e não apenas a cumprir a obrigação legal de apenas “existir”.
Nesse momento, em 2016, O Progresso lançou o guia turístico e gastronômico – por “conta própria”, aliás, sem qualquer contribuição do poder público, buscando apenas parcerias na iniciativa privada.
Agora, já em sua terceira edição – e em preparativos para a quarta -, o guia passou a ser efetivo material de trabalho para a divulgação dos atrativos locais, inclusive, pelos profissionais do Uber. Exemplo disto é que, nesta semana, o jornal O Progresso realizou nova doação de exemplares à Secretaria Municipal do Esporte, Turismo, Cultura, Lazer e Juventude, que os repassaria aos motoristas, a pedido deles.
E, novamente, isto demonstra o interesse por Tatuí, vez que, entre as corridas pela Capital da Música, os visitantes pedem para levar consigo os exemplares do guia – naturalmente, não apenas como um suvenir, mas porque buscam guardar informações sobre a Capital da Música, assim como boas lembranças.
Há algo fundamental no turismo, sobre o qual ainda muitos não se atentam: o cultivo de memórias! Quando se quebra a rotina para conhecer outro lugar, o que se ganha é a oportunidade de novas experiências, as quais ficam guardadas na memória para sempre.
O grande desafio da Cidade Ternura, portanto, além de seguir com seus projetos turísticos e conclui-los, é acreditar mais e mais em seu potencial e, prioritariamente, ter consciência de que precisa trabalhar para garantir que os turistas levem embora, exatamente, (boas) lembranças!