Da redação
Único tatuiano com uma Copa Libertadores da América no “currículo”, Rodinei Marcelo de Almeida se tornou, na tarde de sábado, 29 de outubro, no Estádio Monumental “Isidro Romero Carbo”, em Guaiaquil, no Equador, bicampeão do principal torneio de futebol entre clubes da América do Sul.
Após mais uma conquista pelo “rubro-negro” carioca, parte dos torcedores que estavam no estádio gritavam: “Fica, Rodinei!”.
Já no Brasil, durante festa de comemoração do título, os jogadores entoaram: “Fica, Rodilindo!”. Há quase sete anos no clube, o contrato do tatuiano encerra-se em 31 de dezembro.
“Dá alegria. Eu sei de tudo que passei nesse clube em seis anos e dez meses. Não foi nada fácil. Gratidão pela torcida do Flamengo, por tudo que eles representam. Mais de 40 milhões de torcedores. Então, claro, que o coração se enche de alegria”, declarou o jogador.
Esta foi a terceira vez, em quatro anos, que o Flamengo disputou a decisão da Libertadores. Com Rodinei no banco de reservas, a equipe foi campeã em 2019 e vice-campeã em 2021.
Neste período, no único ano em que o clube carioca não chegou à final, o lateral-direito não estava no elenco – emprestado ao Internacional, de Porto Alegre (RS).
Portanto, a decisão em Guaiaquil foi a primeira em que Rodinei entrou em campo. Ele foi titular e disputou durante todo o tempo regulamentar e nos acréscimos.
O tatuiano, inclusive, tabelou com Éverton Ribeiro antes de o companheiro cruzar para Gabigol marcar o gol da vitória, por 1 a 0, garantindo o título flamenguista diante do Athletico Paranaense.
“Três decisões. Graças a Deus, pude estar aqui sendo um dos protagonistas do time. Gratidão por todo esse momento que estou vivendo. É resiliência. Superei. Graças a Deus, hoje eu joguei. Em 2019 e 2021, eu não joguei. Hoje, fomos campeões e, agora, vamos comemorar”, celebrou Rodinei.
O tatuiano foi o líder em dribles certos na edição de 2022 da Libertadores. Dos 13 jogos do Flamengo na competição, Rodinei jogou 11, sendo titular em sete.
Ele terminou a disputa com duas assistências, cinco grandes chances criadas, 31% de acerto em cruzamentos, 28 dribles certos, 64% dos duelos ganhos, 20 desarmes e apenas 3 faltas, segundo o “Sofascore”.
Contratado pelo Flamengo em 2016, após destacar-se pela Ponte Preta, de Campinas (SP), o lateral-direito já disputou mais de 200 partidas pelo clube. Durante esse período, enfrentou bons e maus momentos, tendo sido alvo de críticas e piadas por parte de torcedores de diferentes equipes e comentaristas esportivos.
Após cerca de um ano e meio emprestado ao Internacional, Rodinei retornou ao Flamengo no segundo semestre de 2021, como terceira opção à lateral-direita, atrás do chileno Maurício Isla e do jovem Matheuzinho. Neste ano, após a saída do chileno, o clube ainda contratou o uruguaio Guillermo Varela.
A volta por cima do tatuiano começou no mês de junho. A partir desse momento, o técnico Dorival Júnior escalou Rodinei em 25 partidas, sem colocá-lo em campo somente nos jogos em que poupava a maioria dos jogadores titulares.
De lá para cá, com a aproximação da Copa do Mundo, que começa no dia 20 deste mês, um domingo, até o renomado narrador esportivo Galvão Bueno pediu para que o técnico Tite convocasse Rodinei para representar a seleção brasileira no principal torneio de futebol do mundo.
“Quem é o melhor lateral-direito do futebol brasileiro neste momento? Rodinei! Sem dúvida nenhuma!”, declarou o narrador durante o programa “Bem, Amigos”, do canal SporTV, em setembro.
A opinião também é compartilhada por atuais companheiros dele, como o chileno Arturo Vidal, com duas Copas do Mundo e ex-jogador de clubes como o Barcelona, da Espanha, Bayern de Munique, da Alemanha, e Inter de Milão e Juventus, da Itália.
“Eu tenho certeza de que, se ganharmos os dois títulos (Libertadores e Copa do Brasil), ele tem muitas chances de ir à Copa do Mundo com o Brasil. Creio que, neste momento, aqui (no Brasil) ou fora, não há nenhum lateral-direito brasileiro melhor do que ele”, afirmou Vidal, na semana passada.
Para David Luiz, zagueiro da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014 e ex-atleta do Chelsea e Arsenal, da Inglaterra, PSG, da França, e Benfica, de Portugal, Rodinei tem um “potencial enorme que, talvez, não tenha visto em alguns grandes clubes em que atuou”.
O auge da carreira do tatuiano ocorreu há duas semanas. A consagração da atual temporada de Rodinei aconteceu no gramado do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro.
Titular nos dois jogos da decisão, ele foi o autor da cobrança de pênalti que garantiu o título da Copa do Brasil ao Flamengo, diante do Corinthians.
Com dois títulos da Libertadores, um do Campeonato Brasileiro, um da Copa do Brasil e dois do Campeonato Carioca, pelo Flamengo, Rodinei ainda não sabe se terá a chance de conquistar o título do Mundial de Clubes – torneio em que foi vice-campeão em 2019 -, previsto para ocorrer no primeiro trimestre de 2023.
A menos de dois meses para o encerramento do contrato com o clube carioca, Rodinei não tem previsão sobre qual clube irá defender no próximo ano.
“Volto a frisar: eu não tenho nada ainda com nenhum clube. Não tenho nada assinado, isso eu posso afirmar 100%. Se eu tivesse, estaria aqui falando, mas o futuro pertence a Deus”, declarou.
“Meu contrato realmente se encerra dia 31 de dezembro, mas vou continuar trabalhando forte e dando o meu melhor a cada dia. Depois, a gente vai decidir onde será o meu destino. Não sei se permanecerei no Flamengo, se irei para outra equipe. Mas Deus sabe de todas as coisas”, concluiu Rodinei.
