Golpistas pedem dinheiro utilizando nome do Lar Donato Flores de Tatuí

Moradora estranhou pedido por conhecer trabalho desenvolvido no local

Lar Donato Flores atende 300 crianças e adolescentes em vulnerabilidade (Foto: Arquivo O Progresso de Tatuí)
Da reportagem

Golpistas estão se passando por funcionários do Lar Donato Flores de Tatuí para receber aplicar golpes. Eles pedem doações em dinheiro, dizendo serem para ajudar a unidade assistencial. A entidade soube de um caso e emitiu um alerta nesta semana.

Em comunicado, o Lar Donato Flores informa não estar entrando em contato com ninguém para solicitar doações.

“Recebemos doações em produtos diretamente no Lar e as doações em dinheiro através de depósito em conta bancária no Banco Santander, agência 0172, conta corrente 13.002026-6. Solicitamos a todos que se forem abordados façam denúncia”, divulgou a entidade.

De acordo com a coordenadora da unidade, Ana Feltrin, os golpistas estão se aproveitando do nome da entidade social e da solidariedade das pessoas para pedir dinheiro. O alerta sobre o golpe chegou à entidade por meio de uma moradora, no começo da semana.

“Uma moça entrou em contato, por telefone, com uma idosa e pediu a doação, combinando de passar para receber o dinheiro na casa da mulher, no outro dia. Ao saber da ligação, uma parente estranhou o caso e, por conhecer o trabalho da entidade, nos ligou informando da tentativa de golpe”, contou a coordenadora.

Ana apontou ser comum, nesta época do ano, uma campanha de arrecadação de alimentos para ajudar o Lar na realização da festa junina. Porém, tudo é feito por meio de ofícios direcionados aos doadores e parceiros da entidade.

Conforme a coordenadora, a pessoa que fez a denúncia à entidade sabia que o Lar não estava fazendo nenhuma campanha de arrecadação e não deu o valor solicitado, mas outras pessoas podem ter caído na fraude.

“Ficamos preocupados com a situação e emitimos o comunicado de alerta, enviando à imprensa e publicando em todas as nossas redes sociais, porque isso também pode estar acontecendo com outras entidades assistenciais”, disse Ana.

Segundo a coordenadora, as doações são importantes para o Lar e, por isso, recebidas em produtos diretamente na sede ou por meio de doações em dinheiro – porém, somente na conta da entidade.

“Nós temos muita dificuldade financeira, o nosso atendimento é para 300 crianças e adolescentes. Para ter ideia, nós gastamos cerca de 40 litros de leite por dia; precisamos muito de doação. Mas, é importante informar a população: nós não saímos pedindo de casa em casa”, pontuou.

“Mantemos a conta no banco para que a pessoa saiba que o dinheiro entrou no Lar. Tudo que entra aqui precisa ter comprovação de gasto e, depois, é passado para a Receita Federal. Se for R$ 5 de doação, tem que entrar na conta bancária para comprovarmos”, completou Ana.

Para a coordenadora, caso a pessoa queira fazer uma doação a qualquer entidade social, o ideal é a prevenção. “Todas as entidades sociais precisam de doação, mas, se alguém for pessoalmente pedir ajuda, desconfie, entre em contato e confirme”, alertou.

Apesar de não retirar dinheiro diretamente das entidades, Ana salienta que esse tipo de golpe pode prejudicar o trabalho dos órgãos assistenciais do município, que sofrem por depender da arrecadação de donativos.

“É muito difícil trabalhar com serviço assistencial. Oferecemos muitos tipos de serviços gratuitos para a população, e, com isso, quase todas a entidades têm déficits. Nós vivemos de doações, e elas precisam ser direcionadas corretamente para as entidades”, enfatizou a coordenadora.

O Lar Donato Flores foi fundado em 1961. Por mais de 40 anos (de 1970 a 2016), funcionou como serviço de acolhimento institucional, atendendo crianças e adolescentes do sexo feminino.

Em 2016, por meio de um termo de ação e conduta executado com a Justiça da infância e Adolescência, a casa deixou de oferecer o serviço de acolhimento e passou a atender também crianças e adolescentes do sexo masculino, pelo serviço de convivência.

Atualmente, a instituição atende 300 crianças e adolescentes de ambos os sexos, todas em situação de vulnerabilidade social, como a população de baixa renda ou com problema social, de todas as regiões da cidade.

A faixa etária atendida pela instituição vai dos 10 aos 18 anos. Entre 10 e 14 anos, as crianças e adolescentes participam de atividades como aulas de judô, artesanato, dança e informática, além de aulas em um programa de ações complementares à escola e de apoio psicossocial.

Os mais velhos recebem preparação para o mercado de trabalho. Os adolescentes ganham a oportunidade de serem aprendizes em empresas instaladas em Tatuí, por meio do serviço de aprendizagem do Lar, que é registrado no Ministério do Trabalho e alia aulas teóricas – realizadas no espaço físico da instituição – e práticas.

Cada aprendiz é contratado por dois anos, conforme a Lei da Aprendizagem, sancionada em 2000. A jornada de trabalho é de até seis horas diárias. Em um dos cinco dias de trabalho semanais, os adolescentes fazem aula no “Donato Flores”.

Para ingressar na instituição, é necessário passar por avaliação socioeconômica. A prioridade sempre é dada a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e com famílias consideradas desestruturadas.

A instituição também oferece um programa específico para as famílias, no qual os pais e responsáveis são incentivados a acompanhar o desenvolvimento e a evolução dos participantes através de técnicas específicas, dinâmicas e encontros formativos, informativos e intergeracionais.