Aproximadamente 400 funcionários da empresa Rontan Eletrometalúrgica integram movimento grevista deflagrado pelo Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região). A direção da entidade classista informou que eles completam, nesta quarta-feira, 6, um mês em paralisação.
O principal motivo é o atraso no pagamento dos salários e acertos acordados entre os trabalhadores, representantes da empresa e do sindicato. De acordo com o presidente da entidade e vereador, Ronaldo José da Mota, “os trabalhadores estão enfrentando grande dificuldade e sem receber pagamentos”.
Mota (PPS) levantou a questão, publicamente, na sessão ordinária da Câmara Municipal na noite de 28 de junho. Na ocasião, o vereador declarou que os atrasos estão ocorrendo desde fevereiro. “Uma hora diz que foi vendida; depois, que não foi mais, e a situação vai se complicando”, disse, na tribuna.
A fala do parlamentar diz respeito à negociação interrompida entre a Rontan e a GDSI (Global Digital Solution Inc.) em abril deste ano. Na ocasião, a companhia norte-americana divulgou nota informando que houvera desistência da venda por parte dos sócios do grupo que tem base no município.
Em comentário sobre requerimento apresentado pelo vereador Oswaldo Laranjeira Filho (PT), o sindicalista afirmou que a entidade procurara a Justiça do Trabalho para resolver a questão.
“Temos um processo no qual estamos pedindo a penhora e o sequestro de bens. Estamos fazendo algo pelos funcionários, sim. A Justiça é que é lenta”, afirmou, em resposta a comentários feitos pelo público durante a sessão.
Em conversa com os trabalhadores, a entidade está programando uma passeata. O protesto serviria para cobrar pagamentos de vales e cesta básicas atrasados. “Fizemos até vaquinha com funcionários de outras empresas para suprir necessidade de alguns que estão precisando mais”, asseverou.
Conforme o sindicalista, há uma preocupação maior com relação à demissão, uma vez que boa parte dos empregados estaria sem FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). A contribuição não estaria sendo paga.
A nova passeata ainda não tem data definida para acontecer. O sindicato condiciona a realização do protesto ao resultado de reunião que deveria acontecer na semana passada. A expectativa era de que o encontro entre os dirigentes da empresa, do sindicato e os trabalhadores acontecesse no dia 1º de julho.
Segundo o sindicalista, a empresa havia se comprometido a quitar os salários atrasados de maio na data. Entretanto, Mota disse ontem, terça-feira, 5, que o encontro não aconteceu. Ainda conforme ele, a empresa cancelou uma segunda reunião, agendada para a manhã de segunda-feira.
“Eles cancelaram o encontro de ontem (dia 4) e convocaram reunião para esta sexta-feira (dia 8)”, relatou o sindicalista. Mota informou que, caso o sindicato não consiga entendimento, os trabalhadores farão nova passeata na porta da empresa. Desde fevereiro, eles realizam manifesto no período da manhã.
No início do ano, além de organizar o protesto, o sindicato procurou a Justiça do Trabalho. Mota contou que houve realização de dissídio, em Campinas. Na ocasião, a empresa teria assumido compromisso de pagar cestas básicas e outros valores, devidos em maio, no mês seguinte, mas acabou não cumprindo.
De modo a garantir os direitos dos trabalhadores, a entidade classista ingressou com ação de execução e sequestro de bens. “Estamos procurando mais bens, inclusive, de pessoas ligadas à empresa”, anunciou o presidente do sindicato.
Nesta semana, o caso entre a empresa e os trabalhadores foi parar na polícia. Um funcionário de 40 anos procurou a Polícia Civil para registrar boletim de apropriação indébita.
O trabalhador, que ocupa a função de soldador, acusa a empresa de ter descontado valores em folha – de um empréstimo consignado –, mas não repassado os pagamentos das parcelas ao banco.
Em depoimento, o soldador disse ter obtido crédito com desconto em folha. A dívida havia sido contraída junto à CEF (Caixa Econômica Federal), com parcelas de R$ 147,47. Conforme o trabalhador, o valor fora descontado do pagamento nos meses de maio e junho, mas não constava como quitado junto ao banco.
A comunicação fora feita pela gerência no dia 1º, quando o soldador tentava fazer o financiamento de um veículo. De acordo com ele, o banco negou o pedido. O homem disse, também, não ter recebido resposta “satisfatória” da empresa.
A reportagem tentou contato com a empresa, mas não houve retorno até o fechamento desta edição (terça-feira, 17h).