Funcionamento da hemodiálise da Santa Casa não tem prazo definido





“Estamos na dependência de ação da Vigilância Sanitária, de uma análise que não tem prazo definido para acontecer”. Essa é a expectativa vivenciada pela equipe que trabalha na implantação do serviço de hemodiálise na Santa Casa.

O atendimento voltado a pacientes renais crônicos internados na UTI (unidade de terapia intensiva) precisa de vistoria e autorizações para funcionar.

Segundo o médico nefrologista Alcir Ferrari, o primeiro passo para a operacionalização aconteceu nesta semana, entre a segunda-feira e a quarta-feira.

Trata-se de treinamento destinado a funcionários do único hospital do município. A capacitação para uso dos equipamentos e orientação das etapas do procedimento envolveu, entre as equipes de enfermagem, técnicos em enfermagem e médicos, 12 profissionais que integram a unidade de terapia intensiva.

“Eles vão atuar em regime de cobertura e estarão aptos a atender os casos que aparecerem, independentemente de hora e quando houver necessidade”, detalhou Ferrari.

O nefrologista informou que os profissionais trabalharão em equipes que se alternarão em turnos. “Tem de ser assim porque não há como contar com horário fixo, já que a diálise estará inserida dentro do contexto da UTI”, argumentou.

Para o atendimento da diálise se tornar realidade em Tatuí, a Santa Casa conta com a Nefrolins Nefrologia – Clínica e Apoio Dialítico Ltda., da cidade de Lins, e com a Prefeitura.

A empresa especializada é quem está oferecendo o treinamento e trouxe, para o hospital, duas máquinas de hemodiálise e uma central de osmose reversa (destinada à filtragem da água usada no tratamento).

O projeto inicial (que deve ser realizado, posteriormente, pelo Executivo) tratava da construção de uma clínica de atendimento ambulatorial para a hemodiálise.

Por conta de entendimento entre o ex-secretário municipal da Saúde, José Luiz Barusso, e a provedora da Santa Casa, Nanete Walti de Lima, a Prefeitura decidiu oferecer o atendimento primeiro a pacientes crônicos da UTI.

Em entrevista a O Progresso, Ferrari afirmou que a implantação do atendimento na UTI do hospital segue etapas definidas pela Vigilância Sanitária. De acordo com ele, todas estão sendo cumpridas pela empresa especializada.

O nefrologista detalhou que “as condicionantes” para a implantação são o treinamento do pessoal que estará à frente do serviço, equipamentos novos e documentações.

A diálise na UTI, conforme o nefrologista, será realizada por meio de equipamentos de “altíssima tecnologia”. “São máquinas de última geração”, sustentou.

Além de operar as máquinas de diálise, os profissionais da unidade de terapia intensiva estão aptos a trabalhar com a central de osmose reversa.

“O treinamento dado para eles, no início da semana, já representa um pré-funcionamento do atendimento de hemodiálise no município”, declarou Ferrari.

Ele informou que, em seguida às capacitações, a empresa responsável vai “ofertar” para a Vigilância Sanitária documentos comprobatórios. Entre eles, o comunicado de responsabilidade técnica dos equipamentos.

Também será assinado, nos próximos dias, um contrato de prestação de serviços entre a Nefrolins e a Santa Casa. Depois de homologado, o documento deverá ser encaminhado ao órgão de saúde responsável pela autorização de funcionamento.

Junto a esses documentos, a Santa Casa providenciará uma escala de plantão médico diferenciada, para permitir que o atendimento seja disponibilizado 24 horas por dia.

A Vigilância receberá, ainda, exames físico-químico, toxicológico e microbiológico da água. “Todos eles confirmam que a água em Tatuí é de boa qualidade para o atendimento de hemodiálise”, declarou.

Depois de receber os documentos e os exames, a Vigilância deverá agendar inspeção no local, nas duas máquinas de hemodiálise e na central de osmose reversa.

“A Nefrolins garante o aval em relação ao equipamento de diálise e acompanhará todo o processo de aprovação da vigilância”, disse Ferrari.

Somente após a vistoria e a autorização de operação, a Santa Casa poderá atender pacientes renais crônicos na UTI. Os processos, no entanto, não têm prazo definido para acontecer, uma vez que dependem da Vigilância.

Ferrari disse, também, que a empresa especializada acompanhará todas as etapas de análise e vistoria. Afirmou que, se houver necessidade de alguma modificação no decorrer do processo, a Nefrolins vai revê-los e reapresentá-los.

“Ainda estamos definindo as escalas de trabalho e os documentos, como o certificado de responsabilidade técnica. Todo o arcabouço está sendo providenciado. No nosso entendimento, não existe nenhum empecilho para que o atendimento não possa ser autorizado. Por hora, não encontramos nenhum motivo para que ele não seja aprovado, mas acompanharemos”.

Com a atualização sobre a implantação do atendimento por parte do médico nefrologista, o prazo de funcionamento – que era de 30 dias – não deve vingar. No início de novembro, a provedoria do hospital havia previsto que a diálise seria oferecida já neste mês.

Na ocasião, a direção da Santa Casa divulgou, inclusive, que testes realizados por laboratórios particulares não apresentaram contaminação na água a ser utilizada pelos equipamentos. Um deles tem a função de “reserva”.

As máquinas da hemodiálise servem para “substituir” o rim em mau funcionamento, que não consegue expelir, na urina, impurezas como as substâncias tóxicas produzidas pelo próprio organismo, ou resíduos de remédios.

Por meio de uma agulha, os equipamentos captam o sangue do corpo, realizam o processo de limpeza e devolvem o sangue, sem impurezas.

O hospital recebeu as máquinas de hemodiálise no começo de outubro. Elas ficaram guardadas até o final daquele mês, sendo instaladas após a conclusão de reforma.

De acordo com a Santa Casa, houve a necessidade de colocação de dutos especiais pelos quais passam a água utilizada pelas máquinas.

A provedora da Santa Casa explicou que a hemodiálise será oferecida mediante termo aditivo ao convênio que o hospital já mantém com a Prefeitura. Por meio dele, o Executivo contratou os representantes da empresa.

Por atuarem no quadro clínico do hospital, Nanete afirmou que eles receberão salário como os demais funcionários. Também disse que os médicos utilizarão a hemodiálise da UTI para atendimento de pacientes da “esfera particular”, além do SUS (Sistema Único de Saúde).