Fórum de trânsito propõe mudança na ’11’





Intensificar a educação de trânsito nas escolas, reconfigurar a sinalização de solo, bloquear os acessos no canteiro central da rua 11 de Agosto, entre outros assuntos, foram discutidos no 1º Fórum Municipal para Educação e Segurança no Trânsito.

O encontro aconteceu no auditório do Nebam “Ayrton Senna”, sexta-feira, 6, com participação do promotor de Justiça Carlos Eduardo Pozzi, do vice-prefeito Vicente Aparecido Menezes, Vicentão, e do delegado de polícia Paulo Cesar Tolentino.

Segundo o diretor do Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transporte), Francisco Antonio de Souza Fernandes, Quincas, o fórum ocorreu graças à colaboração e apoio de diferentes segmentos da sociedade.

“Contamos com o apoio do comércio, do Fundo Social de Solidariedade, igrejas católica e evangélica, entre outros, que engrandeceram nosso evento”, contou.

O fórum teve apresentações de palestras voltadas ao tema. Entre os palestrantes, estiveram Marcus Romaro, consultor automotivo, e Rômulo Ghobi, da secretaria de segurança de Santa Bárbara d’Oeste.

Também houve apresentação do grupo de repentistas comandado por “Rubinho Véio”.

Conforme Quincas, o fórum teve como objetivo debater o tema e buscar soluções para a situação de “caos” que se transformou o trânsito na cidade.

“Debatemos a situação atual da mobilidade em nossa cidade, além de levantar questões: o que e como fazer para que toda a cidade seja envolvida no plano de educação para melhor convivência no trânsito”, completou.

De acordo com ele, entre os pontos da pauta de discussões, está o restabelecimento da zona azul. “Esta questão deve ser tratada com prioridade pela Prefeitura, uma vez que uma das sugestões apresentadas no fórum pede o fim do estacionamento nas ruas estreitas do centro da cidade”, comentou.

Outros temas foram discutidos, como a intensificação do projeto de educação nas escolas. “A ideia é que as crianças sejam preparadas e também sejam os fiscalizadores das ações de seus pais no trânsito”.

Quincas também salientou a importância de promover encontros com todos os setores de segurança das empresas da cidade e a participação das igrejas na campanha de conscientização da “boa convivência no trânsito”.

Outros temas, como a reconfiguração da sinalização de solo e a proibição de condutores de bicicletas e skates na contramação de direção do trânsito, também foram abordados.

Segundo Quincas, a próxima etapa é o estudo de viabilidade das ações. “Após os estudos iniciais de todas as sugestões, o próximo passo será o encaminhamento das considerações e a viabilidade das ações apresentadas a todos os participantes do fórum”, adiantou.

O balanço final do evento foi positivo para o representante da Ford Campo de Provas de Tatuí, Marcelo Santana Oliveira.

“Percebe-se que o Demutt está preocupado com a segurança no trânsito. A população que dirige estava esquecida, mas a equipe está focada e a cada dia evoluindo mais em cima dos problemas”, argumentou.

Oliveira comentou sobre o possível fechamento dos canteiros da rua 11 de Agosto. Segundo ele, o objetivo é evitar acidentes e desacelerar os condutores que passam pelo local.

“Todos os dias tem um acidente na rua 11 de Agosto. Indicadores revelam que o maior número de acidentes (40%) acontece naquele local. O problema ali não é a falta de lombada ou sinalização, mas sim os canteiros”, explicou.

Conforme Oliveira, atualmente, existem 35 canteiros em toda a extensão da rua. “A ideia é eliminar a maioria dos retornos a fim de fazer o trânsito fluir e diminuir a velocidade para evitar acidentes”, comentou.

Já em longo prazo, a solução mais eficaz, segundo Oliveira, é o trabalho da campanha de educação no trânsito. Ele ressalta que o número de carros cresceu muito nos últimos anos, mas que “nenhum investimento significativo foi feito nas ruas”.

“Sabemos que, hoje, temos dois carros para cada família em Tatuí, um número grande de veículos. A utilização de coletivos de maior número e a criação de ciclovias seriam ótimas saídas”, salientou.

Oliveira acredita que essas sugestões vêm ao encontro das necessidades da cidade. “Tatuí tem que começar a criar alternativas, o combustível aumentou, não tem vagas em estacionamentos, a melhor opção não está no carro”, acrescentou.

O investimento em alternativas de trânsito também é apoiado pelo membro do Cobat (Conselho de Bairros de Tatuí) Elide Brassolotto Amorim, que foi acompanhada ao fórum pelo colega Geraldo Garcia.

Conforme ela, a saída para o trânsito está na melhoria do transporte público. “Todos nós sabemos que está caro andar de carro na cidade, principalmente para estacionar. No entanto, muita gente utiliza o veículo porque não tem linha de ônibus que o sirva adequadamente”, comentou.

Apesar da pressa, as soluções apresentadas devem ser implementadas gradativamente, conforme Elide. “Por exemplo, a melhoria na sinalização de solo e aérea já é algo que estão providenciando. A Prefeitura já dispõe de materiais e outros estão sendo requisitados”, explicou.

Já Roque Bráulio Correa Antunes, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), afirmou que o “abuso” dos motoqueiros é a principal reclamação da população.

“Uma sugestão seria convidar as empresas para fazerem orientações aos motoqueiros, a fim de conscientizá-los sobre a segurança no trânsito. Além disso, instruí-los a andar corretamente nos horários de pico”, opinou.

Antunes ainda salientou que, avaliando os resultados em médio prazo, a sinalização nas ruas e a implantação de faixa dupla seriam prioridades.

“Os motoristas têm o costume de andar em fila indiana. As faixas no meio priorizariam um lado do estacionamento e o outro, a faixa para mão dupla, para as pessoas andarem em paralelo”, opinou.

Segundo o presidente do Conseg, uma proposta unânime do grupo no fórum sugeriu, de imediato, pinturas de sinalização nas ruas 11 de Agosto e 15 de Novembro, bem como a implantação de mão única na rua Teófilo Andrade Gama.

Outra ideia sugerida por Antunes é a abertura de um “canal livre” entre o Conseg e o Demutt para manter o relacionamento entre os órgãos competentes, a fim de fiscalizarem os problemas no trânsito e cobrarem por soluções.

Ainda de acordo com ele, as sugestões apresentadas no fórum já foram encaminhadas ao Demutt, que vai dar o direcionamento para o poder público colocar as ações em prática.

“Agora, vamos dar sequência na fiscalização daquilo que foi sugerido na conclusão do fórum. A implantação é fácil de fazer, o grande foco é a educação no trânsito, que deve começar com as crianças”, explicou.

“O motorista esquece o respeito ao pedestre, ao ciclista, ao motoqueiro. Daí vem a importância de realizar mais fóruns como esse, pois a cobrança tem que ser constante”, finalizou.