
Da reportagem
Na quinta-feira da semana passada, 13, a Ford de Tatuí realizou evento no Centro de Testes em que apresentou as novidades do local e futuros veículos. Entre elas, estão o Ford Academy e o Centro de Diagnósticos, a picape Ford Maverick e as atualizações da Ranger, que agora passa a ser flex e híbrida.
André Oliveira, diretor de novos produtos para a América do Sul – que passou a comandar as operações de teste no continente -, lembrou que, em 2028, a unidade de Tatuí completará 50 anos. “Esse campo já é consagrado, já faz parte de um ecossistema de sete campos de provas e centros de desenvolvimento do mundo”, comentou.
De acordo com Oliveira, “todos trabalham de forma harmônica e simbiótica, sem atividades duplicadas, sendo cada um responsável por uma gama de linhas vinculadas. Mas, aqui no Brasil, tudo que vem para a América do Sul a gente testa”, afirmou.
Oliveira explicou que, além dos testes dos produtos destinados à América do Sul, o centro realiza desenvolvimentos voltados aos Estados Unidos. Além disso, destacou que a diferença da unidade de Tatuí é que, além de ser um “campo de provas”, nela há, também, desenvolvimento de engenharia.
“Nos outros lugares, há somente testes, e os engenheiros estão em outros centros, às vezes, duas, três, quatro horas longe do local de provas. Aqui, não: aqui a gente tem a engenharia junto”, explicou.
Outra diferença do centro local é que, desde 2022, ele passou a vender serviços para outras montadoras e empresas — não só do automobilismo, mas também de outros setores.
“Por exemplo, o Bradesco é um cliente nosso. Eles sempre fazem eventos aqui, além das montadoras e empresas ligadas a motos e ônibus. A nossa indústria automotiva, principalmente no Brasil, precisa fomentar a engenharia da região. E todo o dinheiro que a gente fatura com essas vendas, todo o valor líquido, é reinvestido no nosso centro de desenvolvimento em Tatuí. Isso também é uma grande diferença”, acentuou Oliveira.
O diretor explicou que o objetivo é que a engenharia no município deixe de ser “simplesmente um centro de custos” e passe a ser cada vez mais autossuficiente.
“Já somos reconhecidos pela nossa excelência e fazemos parte desse ecossistema da Ford mundial. Por isso, cada vez mais, trazemos trabalhos para o Brasil. Além de termos uma engenharia muito forte, temos um campo de provas muito forte”, assegurou.
Na unidade de Tatuí, foram inauguradas duas novas instalações. A primeira é a Ford Academy, semelhante às existentes em outros países, dedicada ao treinamento de engenheiros e à formação técnica em parceria com instituições de ensino locais.
O diretor também citou que, em Camaçari, na Bahia, há um ecossistema com seis prédios, 1.500 engenheiros “e muita tecnologia”. “É um dos nove centros de desenvolvimento comuns da Ford, e agora, no ano que vem, será lançado um novo prédio em construção, com capacidade para mil engenheiros”, explicou.
“É um ambiente novo, moderno, imersivo, com tecnologia, muita inteligência artificial e realidade aumentada. E o principal: carros dentro do escritório, onde os engenheiros não ficarão apenas ‘atrás do computador’, mas trabalharão diretamente nas peças e nos veículos, tendo praticamente bancadas de testes dentro do escritório, e não separadas em laboratório”, completou.
Oliveira contou que, desde 2021 (quando a Ford passou por uma mudança de modelo de negócios e reestruturação), a empresa decidiu investir mais em engenharia.
Atualmente, são 1.500 engenheiros em Camaçari e cerca de 500 funcionários em Tatuí, entre engenheiros, analistas, desenvolvedores de software e outros profissionais. As operações no Brasil representam 15% dos empregados globais, com 30% da tecnologia da Ford mundial sendo produzida aqui.
“Além disso, Tatuí é responsável não só por testar, validar e homologar todos os nossos produtos que vêm para o Brasil, mas também para toda a América do Sul. E somos responsáveis pelo desenvolvimento e validação de três motores de uma família total de oito, não só para o Brasil e América do Sul, mas para o mundo”, disse.
Oliveira reforçou que “a Ford é muito comprometida com a formação de novos profissionais e o treinamento contínuo da equipe de engenharia, pois novas tecnologias chegam o tempo todo, e precisamos manter todos atualizados”.
A outra inauguração realizada em Tatuí foi a do Centro Avançado de Diagnósticos, localizado próximo à pista de testes, com o objetivo de melhorar a eficiência em tempo e qualidade. “Desde que começamos a usar, estamos percebendo uma eficiência de 30% na redução do tempo dos testes”, afirmou.
Ele explicou que essa redução ocorre porque, antes, o engenheiro precisava retornar à garagem para baixar os dados dos testes e iniciar a análise de eventuais falhas técnicas.
Além disso, ajustes de software exigiam acesso à internet, o que obrigava o retorno e a espera na fila da garagem. “Tem todo um ‘transit time’, um tempo de deslocamento que agora a gente ganha”, afirmou.
“É uma localização extremamente estratégica para nós. E, além de ser um benefício para os engenheiros e para nosso grupo de testes, é um marco, sendo apenas o começo de um ciclo de investimento para muitos anos, com novos prédios, novos equipamentos e uma série de melhorias que vão transformar nosso centro de desenvolvimento, quem sabe, no maior da América do Sul”, complementou.
O diretor declarou que, além de campo de provas e do centro de desenvolvimento, o local é “uma reserva natural”. “A gente tem diversas espécies de animais que coabitam esse espaço da forma mais simbiótica possível. Por isso, há grades ao redor da pista, para evitar a entrada de animais, não só para segurança dos engenheiros, mas também dos próprios animais”, comentou.
Oliveira explicou que a unidade tem cerca de 50 quilômetros de pista de terra e asfalto, com novas trilhas off-road sendo construídas a cada evento e mais áreas programadas para experiências e testes off-road. Além disso, o centro oferece mais de 450 testes diferentes.
“E a gente continua aumentando a nossa capacidade e conhecimento técnico para a realização dos testes, e isso atrai outras montadoras, que vêm pela segurança, confiabilidade e repetitividade dos resultados”, observou.
“É óbvio que, quando a gente vai testar, existe todo um protocolo de confidencialidade, segurança e tráfego de dados, com mão de obra totalmente separada da Ford”, completou.
Mais tarde, ao jornal O Progresso de Tatuí, Oliveira comentou que empresas contratam a unidade local para eventos e experiências, como uma volta rápida com o Mustang ou um salto com a Raptor.
“Eles contratam como forma de premiação, às vezes não para todo o efetivo, mas para os melhores colaboradores do mês ou do ano, por exemplo”, explicou.
“A gente deixa de ser apenas um centro de custo para gerar também renda. Claro que não é suficiente para manter tudo isso aqui, e nem é o objetivo, mas o que rende é reinvestido em tecnologia”, acrescentou.
A unidade de Tatuí ocupa 4,66 milhões de metros quadrados, com pouco mais de 60 quilômetros de pistas somando as partes asfaltadas e de terra, além de laboratórios, escritórios de engenharia, garagem, construtor de protótipo, laboratório de emissões, laboratório de motores e outras tecnologias.
Ford Maverick
No Centro de Testes, a empresa também apresentou a nova Ford Maverick Hybrid. O modelo está disponível desde o dia 13. “A nova Maverick Hybrid foi projetada para oferecer uma experiência completa ao usuário, unindo capacidade, tecnologia, equipamentos e eficiência”, afirma Marcel Bueno, diretor de marketing da Ford América do Sul.
“O design da Maverick Hybrid atrai o olhar não só por ser moderno e atemporal, mas também pela versatilidade de uso”, diz Ariane Campos, supervisora de Engenharia da Ford América do Sul.







