Após uma semana de greve, um acordo entre a Ford e o Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí colocou fim à paralisação dos trabalhadores do campo de provas da rodovia Antonio Romano Schincariol.
Sindicalistas e trabalhadores selaram o acerto após assembleia, que ocorreu na entrada do primeiro turno desta terça-feira, 10, em um posto de combustíveis próximo à unidade. Uma liminar expedida pela Vara do Trabalho de Tatuí proibiu o movimento de se reunir em frente à empresa.
De acordo com o secretário-geral do sindicato, Célio Gregório, representantes da montadora e do Sindicato dos Metalúrgicos local participaram de reunião, na segunda-feira, 9, na Federação dos Metalúrgicos, em São Paulo, abrindo um canal para novas negociações.
Segundo ele, o combinado prevê a manutenção da empregabilidade dos funcionários até que a causa seja julgada pelo Tribunal Regional do Trabalho, da 15ª Região de Campinas. O pagamento dos dias parados também deve ser negociado.
“Depois desta assembleia, com a empresa garantindo que não dispensa ninguém até o julgamento todo, o pessoal que aderiu à paralisação retornou à fábrica para trabalhar. Acho que foi bom para ambas as partes”, observou o secretário.
As tratativas devem acontecer até a próxima quinta-feira, 12, quando haverá uma nova reunião dos sindicalistas com os representantes da montadora na fábrica de Taubaté (SP). Depois, as decisões serão submetidas a aprovação dos trabalhadores.
Em nota aos empregados, a Ford informa que respeita o direito de manifestação, contudo, “deve descontar dos salários os dias parados porque considera a paralisação ilegal”.
“Para nós, foi interessante que eles voltassem a trabalhar, porque eles também estavam ficando apreensivos sobre como iria ficar a situação. Agora, estamos conversando com a empresa sobre a questão dos dias parados e sobre a reestruturação da planta”, contou o secretário.
A paralisação teve início na segunda-feira da semana passada, 2, com os funcionários diretos da empresa, após anúncio de demissão por reestruturação dos serviços da montadora. Já na sexta-feira, 6, a paralisação incluiu também os trabalhadores terceirizados e atingiu 100% da produção.
Gregório explicou que os trabalhadores tentaram conciliação em uma audiência no TRT, em Campinas, na quinta-feira, 5, contudo, não houve proposta de acordo por parte da empresa e a Justiça defendeu a continuação da paralisação.
Conforme o sindicato, a empresa vinha realizando demissões sem compensação aos funcionários e a intenção da greve era fazer com que a Ford de Tatuí viesse a seguir a mesma linha de demissões que a montadora tem feito em outras unidades.
De acordo com o presidente do sindicato, Ronaldo José da Mota, a Ford vem passando por um momento de reformulação em todo o país. Contudo, em outras localidades, as demissões teriam ocorrido por meio de PDV (pedidos de demissão voluntária), ou acompanhadas de pacote de benefícios, negociado junto aos sindicatos.
Cerca de 10% dos trabalhadores (20 a 25 pessoas) foram dispensados. O estado de greve havia sido anunciado dia 30 de agosto, caso as reivindicações não fossem atendidas.
“Ainda estamos em estado de greve. Se não houver entendimento, ou dependendo do resultado do TRT, ou se vir alguma proposta da parte da empresa que não interessa para os trabalhadores, podemos voltar com a paralisação”, concluiu Gregório.