Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto *
Frase do dia: Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão. Ignorância é Força” (George Orwell, “1984”).
Caros amigos, continuando o Febeapá – Festival de Besteiras Assola o País, como prometi no artigo anterior, vamos falar do que se está tentando fazer por aí à língua portuguesa, com a ridícula ideia de se criar um gênero neutro colocando-se “e” no final dos nomes (substantivos e adjetivos) terminados em o ou a, ou seja, fazer uma “Novilíngua”, ou “Babelíngua” (Língua de Babel).
A frase do dia pertence à Novilíngua, termo criado pelo genial escritor inglês Orwell em seu livro “1984”, para designar um novo idioma dos ditadores do Partido do Grande Irmão (Big Brother) para fazer as pessoas pensarem como eles queriam.
Dizendo que Guerra é Paz, justificam a belicosidade; afirmando que Liberdade é Escravidão, justificam a escravatura e falando que Ignorância é Força, incentivam todos a se tornarem alienados. É só fazer as pessoas acreditarem nisso!
Por isso, além da Novilingua, instalaram os partidários do Irmão o “Duplipensar”, que na descrição de Orwell significa “o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente”.
Mas vamos ficar na língua, substantivo feminino que, de acordo com os novilinguistas de hoje não pode ficar assim. Tem de haver um gênero neutro, do tipo lingue…
A moda dos estupradores do português é colocar a vogal e no final de substantivos e adjetivos terminados em o ou a, para obter o gênero neutro. Ou seja, carro ficaria carre, casa ficaria case, idiota seria idiote e cretino, cretine…
Pela novilingua moderna, moço – moce; doce – ? – como é que fica, se já termina em e e é masculino (o doce)? E estudante, que designa o estudante, a estudante como fazer o neutro???
Nem todo nome terminado em o é masculino. Ex.: a mão; e nem todo nome terminado em a é feminino. Exemplo, a própria letra a é substantivo masculino, e dizemos: o a é a primeira letra do alfabeto. Talvez devêssemos dizer o ae? Como fica?
Deixo essas reflexões para os cultores do festival da novilingua que, claro, deve ser escrito “novilingue”.
Tenho coisas mais importantes para sentir, pensar e fazer.
Até breve.
* Jornalista e escritor tatuiano.