Fatec realiza simpósio para ‘aproximar’





A Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo” promove entre os dias 28 de setembro e 1º de outubro nova edição do Simpósio de Ciência e Tecnologia.

Voltado a estudantes e público em geral, como alunos de outras instituições, comunidade e empresários convidados, o evento deste ano tem como atrações palestras, apresentações musicais e exibições de trabalhos acadêmicos.

Com foco no tema “Tecnologia e Transformação Social”, o ciclo de palestras será aberto, no primeiro dia do evento, às 19h. Durante os três dias iniciais, ocorrerão diversos debates com temas e convidados diferentes, ligados ao meio acadêmico ou ao mercado.

No último dia, o público poderá acompanhar os resultados obtidos por alunos da Fatec, que vão expor trabalhos acadêmicos elaborados da instituição e de outras de ensino superior da região.

De acordo com o vice-diretor da unidade, Anderson Luiz de Souza, o simpósio é uma oportunidade importante para “unir teoria à prática”, estimulando o aluno a desenvolver projetos.

“O intuito é incentivar a produção dos nossos alunos, dar a oportunidade para exercitar o aprendizado deles”, destacou. O evento ainda busca “aproximar a escola da comunidade”, que, segundo ele, precisa saber o que os alunos fazem dentro da sala de aula.

“A ideia é compartilhar com Tatuí e região as tecnologias que são desenvolvidas aqui e mostrar que são acessíveis para quem quiser”, frisou.

A organização estima que 4.000 pessoas compareçam nos quatro dias do evento. Durante a “Fatec Aberta”, que acontecerá na quinta-feira, cerca de 2.100 alunos deverão passar pela unidade, entre 8h30 e 11h. Também haverá visitação à tarde e à noite, que contabilizará pouco mais de 2.000 visitantes.

De acordo com a professora Paula Hypólito de Araújo, o objetivo do evento é promover o debate acerca de temas que, no geral, não estão dentro das disciplinas dos cursos.

Ela explicou que o tema principal do simpósio visa discutir como a tecnologia pode influenciar na transformação da sociedade. “Nós acreditamos que a ciência, junto com a tecnologia, traz benefícios para a sociedade e que ela pode promover o desenvolvimento econômico e social”, disse.

Ainda segundo a professora, o evento proporciona, aos docentes, a oportunidade de desenvolverem trabalhos de orientação e desempenharem seu papel de promover o conhecimento.

Além disso, eles são responsáveis por atualizarem o caderno de resumos, onde são publicados todos os projetos apresentados no evento. Segundo Paula, esse “registro de conhecimento” tem papel fundamental no desenvolvimento de debates científicos.

A partir da iniciativa, os docentes podem se atualizar de acordo com as palestras que ministram, as temáticas e o envolvimento com a organização dos eventos.

Neste ano, a novidade é a preocupação com a questão ecológica. Até o ano passado, a organização usava uma impressora para criar os banners expostos. Além do alto custo, o trabalho gerava um “lixo”.

Pensando nisso, a Fatec local aproveitou um convênio firmado entre o Centro Paula Souza e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para garantir que as máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia fossem reaproveitadas.

A partir dessa parceria, os cursos de automoção e gestão de tecnologia e inovação trabalharam com esse material reciclado e transformaram-no em novas máquinas, que foram, em seguida, utilizadas para o evento.

A ideia dos grupos foi utilizar todo o material antigo para a confecção de painéis informativos, onde serão exibidos os projetos dos alunos. O professor Paulo Rubens é o responsável pelo desenvolvimento do trabalho.

Projetos

Um dos protótipos exibidos nesta edição será uma esteira para controle de qualidade de envase de bebidas. Essa tecnologia já existe no país, mas com alto custo.

Para que pequenas e médias empresas consigam ter acesso a essa tecnologia, os alunos Paulo Garcia da Silva, Vander Antônio de Rechelo e Francisco José Galvão, sob orientação do professor Edson Ferreira Portela, desenvolveram o projeto de baixo custo.

“Isso é resultado de um trabalho árduo dos professores para não perder essas ideias. Os alunos têm muitas ideias boas, alguns professores conseguem lapidar, mas o grande desafio está em como dar encaminhamento a essas ideias”, afirmou o docente.

Outros exemplos de projetos que estarão no simpósio são os voltados para o setor de transporte. Um grupo de alunos desenvolveu um dispositivo automático de caçamba para evitar os acidentes de caminhões em viadutos.

Além disso, outro grupo criou um dispositivo de controle cardíaco de motorista de caminhão. Esses alunos vão expor os protótipos, que poderão ser testados.

Negócios

Ideias desenvolvidas pelos alunos têm maior possibilidade de sucesso quando surgem amparadas por grandes iniciativas. É o caso do Inova, projeto criado pelo Centro Paula Souza para promover as ideias dos alunos e transformá-las em negócios.

No entanto, nem todos os projetos podem ser comercializados. É o caso dos trabalhos de alunos com perfil focado para a área acadêmica ou, então, aqueles que adquirem experiência na escola e depois aplicam em empresas nas quais já trabalham.

No entanto, os alunos que têm perfil para desenvolver um produto e oferecer para as empresas, como negócio, são os que mais têm atraído o foco dos professores na unidade.

Assim que identificados, eles são encaminhados à professora Rosana Bertila, que promove toda a estrutura necessária para a criação de um negócio a partir do projeto.

Outra iniciativa que auxilia na vazão dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos é a incubadora, existente na unidade após uma parceria entre a Fatec, a Prefeitura de Tatuí e o Sebrae.

Parcerias

“Nada seria possível se não fossem as parcerias”, destacou o diretor da Fatec Tatuí e professor-doutor Mauro Tomazela. Segundo ele, a unidade não recebe nenhum auxílio do poder público para realização do simpósio.

Este ano, a instituição ganhou apoio de duas empresas, a Vivàh Planejados e a rede Caetano, que doaram materiais para a elaboração dos totens – feitos de madeiras e equipamentos eletrônicos.

Outras empresas que também colaboraram para a realização do simpósio são: Conservatório de Tatuí, que promoverá a parte cultural do evento; hotel Del Fiol, que acolherá os palestrantes; e a própria cantina da faculdade, que vai ajudar com a alimentação dos convidados.

Além disso, o simpósio conta com parceria da Village, agência de desenvolvimento científico que reúne projetos e dá estimulo à prática deles.

Segundo a professora da unidade Enoá Moro Ribeiro, a empresa estará no simpósio com estandes para poder captar os projetos e dar continuidade a eles. São os chamados “olheiros”, de acordo com ela.

A professora contou que, na edição passada, uma empresa que veio como palestrante contratou um aluno expoente para trabalhar como estagiário. O técnico continua na empresa e trabalha na área de inteligência de negócios.

“Para nós, foi uma conquista muito grande, porque era uma empresa que trabalhava predominantemente com alunos vindos da Unicamp e da USP. E nosso aluno foi para lá e demonstrou um potencial tão grande quanto os outros”, afirmou.

Empregabilidade: essa pode ser a palavra que mais tem atraído os jovens brasileiros para os cursos técnicos. Uma pesquisa realizada pelo Centro Paula Souza revelou que 92% dos alunos formados nas Fatecs conseguem emprego.

Segundo o vice-diretor da Fatec Tatuí, Anderson Luiz de Souza, a vocação da instituição é atender à demanda do mercado de trabalho.

“A nossa principal função é mais do que dar uma formação acadêmica ao estudante, mas fazer com que essa formação seja sólida e voltada para o mercado”, afirmou.

De acordo com ele, os alunos formados pela unidade têm alto índice de empregabilidade, o que acaba contribuindo para o crescimento municipal.

“Esse é o nosso grande impacto. A gente acaba ajudando na transformação da região de Tatuí. Estamos aqui para formar pessoas com competências necessárias para trabalhar na área”, concluiu ele.