Fatec faz 10 anos e soma 1.177 formados





No próximo dia 2 de março, a Fatec Tatuí completa dez anos de atividades. O estabelecimento de ensino, ligado ao Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”, já formou 1.177 alunos, nos cursos de automação industrial, gestão empresarial, manutenção industrial, gestão da tecnologia da informação e tecnologia de produção fonográfica.

Antes de ter a sede própria, a Fatec começou as atividades em uma sala da Etec (Escola Técnica Estadual) “Salles Gomes”, em 2006. Enquanto não tinha o local definitivo pela Prefeitura, que ficara responsável pela escolha, a Etec serviu de sede provisória para a unidade, que começou as atividades ainda no primeiro semestre, de acordo com o diretor da Fatec Tatuí, Mauro Tomazela.

“O decreto saiu em 2 de março de 2006 e, naquele mesmo ano, as aulas começaram. Depois que o decreto saiu, fizemos um vestibular específico para Tatuí e começamos as aulas no primeiro semestre de 2006”, contou.

Na época da decisão do governo estadual por abrir uma unidade da faculdade em Tatuí, Tomazela era professor na Fatec Sorocaba e foi designado para colocar o estabelecimento de ensino em funcionamento.

“Sou de Sorocaba, professor na Fatec de lá, concursado desde 1986. Em Sorocaba, fui chefe de departamento, coordenador de área, vice-diretor e, quando surgiu a necessidade de fazer a implantação de uma faculdade em Tatuí, fui designado para a missão”, lembrou.

A “missão” era provisória e Tomazela ficaria poucos meses em Tatuí, até a unidade entrar em funcionamento. Entretanto, o professor acabou ficando, e está há dez anos no comando da faculdade.

O primeiro curso em Tatuí foi o de automação industrial. A escolha, segundo o diretor, levou em conta as características do arranjo produtivo local, que é a “vocação produtiva” de uma cidade.

“Aqui, começou com o curso de automação industrial pelas características das empresas locais na época, que precisavam automatizar. Era essa a necessidade naquele tempo”.

Na escolha do curso, além do arranjo produtivo local e regional, outros fatores são levados em consideração, explicou o diretor. A proximidade com cidades que possuem Fatecs, como Sorocaba e Itapetininga, fez com que tivessem sido escolhidos cursos diferentes dos existentes nessas cidades.

“Quando uma Fatec se instala na cidade, ela vai atender ao entorno daquela cidade, toda a região. E, às vezes, a gente tenta colocar cursos, não os mesmos que já têm em unidades muito próximas, mas a escolha sempre foi assim”.

Alguns cursos são criados especificamente para realidades locais. Como o de manutenção industrial, desenvolvido pela Fatec local e implantado na unidade de Pindamonhangaba.

Outro caso é do curso de tecnologia e produção fonográfica, que, segundo Tomazela, é o único oferecido por uma instituição pública em todo o Mercosul (Mercado Comum do Sul).

“A gente dá uma sondada no mercado, vê o que precisa em contato com o setor produtivo local, para que tenhamos cursos que tenham interesse e demanda reprimida”.

As decisões de instalação de novos cursos são tomadas pelo governo do Estado, com base na demanda e na justificativa apresentada pela direção local. As decisões não são impostas de cima para baixo, frisou.

“Existindo a demanda por um novo curso, nós mandamos as justificativas e montamos um processo. A aprovação final é em São Paulo. Eles levam em consideração o quanto vai custar e o impacto que o curso vai causar naquela cidade”, explicou.

Com as bases estabelecidas e dez anos de história, a faculdade, agora, procura vislumbrar os próximos desafios do futuro. Tomazela disse que o plano diretor da faculdade dividiu em três fases o projeto inicial.

A primeira fase, da implantação, foi vencida há tempos. A segunda está em conclusão, só faltando o tratamento acústico do estúdio fonográfico.

A terceira fase seria a da ampliação da faculdade. Entretanto, com o momento econômico desfavorável, a direção preferiu fazer o fortalecimento dos cursos já existentes, apresentando reformulações para readequá-los às mudanças sofridas pelo mercado de trabalho.

As reestruturações dos cursos são constantes. O diretor afirmou que o primeiro curso da unidade tatuiana já sofreu três aperfeiçoamentos, o que mostra a “flexibilidade para atender às necessidades do mercado”.

A abertura de novos cursos não é cogitada para curto prazo, disse. Os empresários e a sociedade civil apresentam sempre novas demandas de graduações, que, entretanto, nem sempre podem ser atendidas de imediato.

Um exemplo foi o pedido, por parte do Aeroclube de Tatuí, da abertura de um curso de manutenção de aeronaves.

“Era um curso muito interessante, porém, tem algumas exigências da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que, pelo simples fato de montar uma faculdade, ainda não habilita aquele profissional a desempenhar as tarefas”, afirmou.

Entre outras demandas apresentadas, está o curso de metalurgia. Porém, a Fatec Sorocaba já tem essa graduação no portfólio.

O diretor disse que, além dos cursos tecnológicos, a faculdade faz o trabalho de extensão, através da Fundação de Apoio à Tecnologia, que monta cursos de qualificação em parceria com empresas, como o caso da Elektro e a Escola de Eletricistas, que formou mais de 200 pessoas.

“Todas elas foram contratadas pela Elektro. É um curso aberto para todo mundo, através de processos seletivos. A pessoa faz o curso e, depois, a empresa vê se quer contratar o profissional”.

No caso de cursos específicos, a empresa é quem paga os custos com a contratação de instrutores ou professores e materiais gastos pela faculdade.

Outra atividade de extensão é a incubadora de empresas, que está instalada dentro do campus da Fatec Tatuí. Fruto de parceria com a Prefeitura e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a faculdade entra com a cessão do local para as microempresas e de insumos, como energia elétrica.

A Prefeitura oferece a administração da incubadora e o Sebrae dá o suporte e aconselhamento na gestão dos novos empreendimentos.

Um grupo de professores e alunos trabalha no desenvolvimento de um software para a Guarda Civil Municipal. O programa servirá para o gerenciamento das viaturas e equipamentos da GCM. Segundo Tomazela, o programa dará maior agilidade no atendimento às ocorrências.

“O software está em fase final. Conversamos com o professor, e ele me disse que teriam uma reunião com o pessoal da Guarda, e esperamos que, até o meio deste ano, entregaremos o programa”, explicou.

Outro programa desenvolvido por alunos do curso de gestão da informação é um jogo que foi distribuído para a rede municipal de ensino. Além de entreter, o aplicativo ensina as crianças a ficarem longe das drogas, em um trabalho de prevenção ao vício.

Uma parceria formada com o Poder Judiciário e a Prefeitura destina as máquinas caça-níqueis apreendidas, que são desmontadas. Os componentes eletrônicos têm como destino um almoxarifado da faculdade e são usadas pelos alunos em projetos de automação e eletrônica. Desde 2008, mais de 1.850 máquinas foram desmontadas.

“A gente faz o rastreamento do material usado e presta contas ao Judiciário. O quanto a gente aproveitou de tudo isso, em percentual, conseguimos transformar 20% em projetos”, afirmou.

Os componentes não aproveitados são destinados a empresas parceiras, que dão a destinação correta aos recicláveis eletrônicos, evitando prejuízos ao meio ambiente.

A maior preocupação da faculdade é oferecer ensino de qualidade aos alunos, disse o diretor. Para ele, além de aprenderem uma profissão, recebendo qualificação, os alunos ganham valores humanos.

“A preocupação é formar nossos profissionais, mas com valores humanos. Seja nas questões sociais ou nas questões de desenvolvimento de tecnologia, pois tecnologia é benefício para a sociedade”, concluiu.