Da reportagem
A família da tatuiana Mayara Aparecida Soares, de 25 anos, informou que irá solicitar, junto à Polícia Civil, a prisão preventiva da mulher de 45 anos acusada de ter causado o acidente que levou a jovem à morte na noite de quinta-feira da semana passada, 5, no centro.
A motorista, conforme demonstram imagens gravadas por câmeras de segurança, dirigia em “alta velocidade” na rua Santa Cruz, quando atropelou a moto de Mayara, arremessando a vítima contra um poste e arrastando-a por dezenas de metros. Na sequência, as imagens de monitoramento mostram ela saindo sem prestar socorro.
A motorista, contudo, relatou não se lembrar do acidente, pois sustenta ter sofrido um mal-estar no momento da batida.
“A condutora foi encontrada a aproximadamente 950 metros do local do acidente, após bater em um alambrado da Guarda Municipal”, declarou uma pessoa próxima da motorista.
Essa pessoa ainda alega que a motorista passou mal, perdendo o controle da direção. “O filho tentou segurar o carro, acordar a mãe, mas, como é carro automático, não conseguiu parar o veículo”. “Ela está em um estado lamentável, à base de remédios”, completou ela, em mensagem enviada ao jornal O Progresso de Tatuí.
Ela estava cumprindo pena de três anos em regime aberto pelo crime de receptação qualificada, mas foi ouvida e liberada pela polícia após o acidente.
O boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil descreve o crime como “fuga de local de acidente” e “homicídio culposo (sem intenção de matar) na direção de veículo automotor”, com o agravante de omissão de socorro.
Familiares da vítima, por sua vez, além de pediram a prisão preventiva da motorista, divulgaram o vídeo feito por câmeras de segurança, que registraram o acidente.
“A família faz o pedido (de prisão) devido às imagens das câmeras de segurança e testemunhas que estão prestando depoimento, provas que demonstram que a motorista do carro estava dirigindo em alta velocidade e realizando manobras perigosas, assumindo, assim, o risco de causar a morte de outras pessoas, como realmente causou a morte da Mayara”, declarou uma fonte próxima da vítima.
“Ela era pessoa excepcional, dedicada, responsável, batalhadora; se formou em ciências contábeis, estava trabalhando como líder na Valecred; ficou noiva, tinha comprado uma casa junto com a noiva dela, com planos de se casar… Uma vida inteira pela frente, interrompida por uma imprudência”, completou.
O fato ocorreu por volta das 20h30 do dia 5. Mayara chegou a ser hospitalizada, mas faleceu durante a madrugada de sexta-feira. O velório ocorreu no sábado, dia 7 de setembro.
“Estamos ainda chocados e indignados por esse crime que nos levou a Mayara. Pela memória dela, queremos que a justiça seja feita e que a motorista seja punida pelo crime que cometeu”, afirma André Soares, irmão de Mayara.
Após o sepultamento, Mayara recebeu homenagens de colegas do Movimento Popular Práxis, espaço sociocultural-educativo que mantém em Tatuí uma escola de iniciação musical e um cursinho pré-vestibular, entre inúmeras atividades. Ela participava do Movimento desde os 14 anos e presidiu a entidade em 2021 e 2022.
Segundo postagem do grupo no Instagram, ela chegou na Práxis com 14 anos, “quietinha, tímida e um pouco brava, se tornou uma das principais lideranças do nosso movimento, daquelas que não têm medo de falar o que precisa ser dito e que fazia as coisas acontecerem”.
“Mayara era dona de uma energia contagiante, inteligente, comprometida, talentosa e prestativa; tudo que ela se propunha a fazer, executava com excelência. Ela sempre será lembrada por sua alegria, inteligência, talento e prestatividade”, completou.
Ela também integrava a equipe da campanha da coligação Muda Tatuí, que tem como candidato a prefeito Eduardo Sallum, um dos fundadores do Movimento Popular Práxis. Mayara atuava como contadora da campanha de todos os partidos que integram a coligação do candidato.