Da reportagem
Pelo terceiro ano consecutivo, deixar de usar o cinto de segurança ao volante é a maior causa de multas no trânsito tatuiano. Os dados são apontados em levantamento do Departamento de Mobilidade Urbana, feito a pedido do jornal O Progresso de Tatuí.
De acordo com o órgão da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, que administra e fiscaliza o trânsito local, em 2021, o município registrou média de 11 multas diárias por falta do uso do cinto de segurança, totalizando 4.095 autuações de janeiro a dezembro.
Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, deixar de utilizar o cinto de segurança é considerado infração grave. Quem for flagrado nessa situação está sujeito à penalidade de cinco pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e pagamento de multa de R$ 195,23.
Mesmo assim, nos últimos três anos, a falta do uso do dispositivo de segurança ficou em primeiro lugar no ranking das infrações de trânsito em Tatuí e, com consecutivos aumentos no número de ocorrências.
O resultado de 2021 representa aumento de 22% em comparação com 2020, quando a irregularidade rendeu, em média, nove autuações por dia. O número do ano passado ainda é 83,33% maior em relação a 2019, quando foram pelo menos seis multas diárias por não uso do cinto.
Os dados consideram as ocorrências flagradas diariamente pelos fiscais de trânsito, tanto de condutores como de passageiros, nos bancos dianteiros ou traseiro, sem a utilização do equipamento de segurança.
De acordo com o diretor do Departamento de Mobilidade Urbana, Yustrich Azevedo Silva, a falta do cinto de segurança é um dos temas mais debatidos em campanhas de conscientização e, também, o que mais preocupa as autoridades de trânsito, devido à gravidade das consequências que pode causar aos passageiros e condutores.
Segundo ele, o DMU já realiza campanhas focando no assunto, mas a intenção é intensificar o tema durante 2022, relembrando a obrigatoriedade e a importância da utilização do cinto de segurança, por meio de ações educativas.
Além da multa, a qual pode até fazer o condutor perder a CNH, o diretor apontou que o uso do equipamento de proteção (obrigatório desde 1977) faz a diferença e pode salvar vidas na hora de um acidente.
Estudo da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) mostra que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%.
Já um segundo estudo, do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), aponta que, se o passageiro não estiver usando os cintos atrás, o risco de se machucar ou morrer é maior do que estar no banco da frente.
Outras infrações, no ranking das principais causas de acidentes de trânsito fatais e não fatais, estão relacionadas ao uso do telefone móvel ao volante: segurar o celular, manusear e utilizar o aparelho.
Nos 12 meses de 2021, o órgão registrou 1.433 infrações de motoristas segurando o telefone ao volante. A ação foi a segunda maior causa de multas, com cerca de quatro autuações por dia – número equivalente ao registrado no ano passado.
Pela classificação do CTB, o uso do celular como telefone, segurado com uma das mãos e o manuseio para ler ou enviar mensagens de textos, postar em redes sociais, consultar aplicativos, entre outros, é considerado infração gravíssima, com R$ 239,47 de multa, além de sete pontos na CNH.
Já o uso do celular como telefone, mas sem usar as mãos (usando fone de ouvido, por exemplo), é considerado infração média, com multa de R$ 130,16 e quatro pontos na CNH. O acúmulo de 20 pontos ou mais, em um período de até 12 meses, implica na suspensão da CNH.
“O uso do celular ao volante pode distrair o motorista e causar sérios acidentes. Mesmo em semáforos, o uso é arriscado, pois o condutor ainda está em trânsito, e qualquer distração pode ser perigosa”, explicou o diretor.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, o uso do aparelho ao volante já é a terceira maior causa de fatalidades no trânsito do Brasil. Anualmente, o trânsito tira a vida de mais de 37 mil pessoas no país.
Estudos internacionais indicam que manusear o celular durante a direção é tão perigoso quanto conduzir sob o efeito de álcool. Estima-se que teclar ou atender ligação ao volante amplia em 400 vezes a chance de acidentes.
Até 2016, o uso de celular ao volante era uma infração média. O crescente número de acidentes fez com que uma alteração no CTB o transformasse em infração gravíssima. Mesmo com maior rigor, os números sugerem que a prática segue ocorrendo.
“É importante lembrar que os agentes de trânsito não estão nas ruas para aplicar multas. A função do DMU é garantir a segurança de todos: pedestres, condutores, ciclistas, enfim. A segurança é a nossa prioridade”, concluiu o diretor.