Fábrica de monstros

AQUI, ALI, ACOLÁ

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: “O mundo jaz no maligno” (1 João, 5, 19).

Penso que qualquer ser humano, em sã consciência, gostaria de ver o mal erradicado da Terra. Gostaria de poder passear tranquilo, entre gente amigável, sem correr risco de ser assaltado ou morto. Gostaria que houvesse justiça social, onde todos tivessem o necessário e vivessem felizes os mesmos direitos e os mesmos deveres. Mas, por que isso não acontece?

Se observarmos bem, veremos que a maioria da humanidade, mesmo sem perceber, acolhe o mal em todas as suas dimensões, desde os pequenos vícios até o horror das guerras que os poderosos fazem, por exemplo, em vez da paz, como vemos hoje em todo o continente europeu, asiático e norte-americano. E, ao mesmo tempo, o ser humano, mais doente, sem perceber, rejeita a paz, o bem, aquilo que o faria feliz e saudável.

Posso dar mais exemplos: a intriga, desde tempos imemoriais, é uma prática comum, em todas as camadas sociais. Por que falar mal pelas costas do ser humano, ao invés de mostrar-lhe seus erros, para que os corrija?

Fazer falso testemunho, cobiçar o que é do outro, processar sem motivo justo, usar o próximo para os próprios fins, em vez de servir o semelhante, não constituem grandes males, que adoecem quem os pratica?

Viciar-se em tabaco, álcool, drogas, não é dar a mão ao maligno, mesmo que a pessoa venha a adoecer e morrer por causa disso?

Creio que o versículo acima, do discípulo amado de Cristo explica bem o que acontece. “O mundo jaz no maligno”. Ele não diz que o mundo luta contra o maligno, ou que foi pego à força pelo maligno, mas que “jaz” tranquilamente no mal. Ou seja, está de mãos dadas com os demos.

Não é difícil perceber que, se todos se empenhassem em conter a própria maldade, os próprios maus pensamentos, sentimentos e ações, cada um em sua profissão, em pouco tempo a sociedade pararia de fabricar monstros e retornaríamos ao Paraíso Terrestre.

Para isso, é preciso apenas um esforço para aceitar ver os maus sentimentos e pensamentos que esconde e as ações prejudiciais que está praticando, para corrigi-los. Pois sem consciência não há cura, nem felicidade.

Não está na hora de sermos amigos de Deus e ajudá-lo em sua tarefa de resgate do ser humano? Ou deixaremos que os demônios espirituais e humanos, acabem de vez com tudo?

O mundo jaz no maligno, mas pode jazer no Paraíso. Só depende de cada um de nós.

Até logo.

* Jornalista e escritor tatuiano