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Segundo vereador eleito pelo PT em Tatuí, Vicente Menezes busca legenda que seja de centro-esquerda
“Primeiramente, eu queria dizer que fui para o PT (Partido dos Trabalhadores) em 2007. Eu vinha de uma eleição de deputado estadual pelo PPS (Partido Popular Socialista) – obtendo 22.308 votos –, no qual eu tinha projeto de me candidatar a vereador. Porém, na época, o prefeito estava dominando todos os partidos. O único que ele não tinha influência era o PT”.
A declaração é de Vicente Aparecido Menezes (Vicentão), que ingressou na legenda por conta do cenário político externo, mas deixou-a em função de episódio interno.
Convidado por militantes locais, pelo ex-deputado Cândido Vaccarezza e o atual deputado federal Hamilton Pereira, o vice-prefeito de Tatuí optou por sair do PPS porque não desejava fazer coligação com o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), do ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo.
“Eu não queria acompanhar o partido naquele projeto. Então, fui para o PT, sendo, porém, muito bem recebido pelos correligionários”, iniciou o ex-militante. “Tenho um relacionamento muito importante dentro do partido. E essa foi, em minha opinião, uma experiência muito gratificante”, adicionou.
Durante os oito anos de militância, Vicentão afirmou que contribuiu muito para o crescimento da legenda. Ainda elogiou o Partido dos Trabalhadores e o presidente do diretório municipal, Mário Luis Rodrigues da Costa (Martinho).
Vicentão declarou que o PT é “muito organizado, internamente, que adota como princípio o debate para tomada de decisões coletivas e prepara bem seus filiados”.
Entre os benefícios oferecidos para os correligionários, estariam estudos da política nacional, história da política no mundo e a “ideologia petista”.
Apesar disso, o vice-prefeito afirmou que o diretório local falhou com ele, especialmente porque não aceitou o pedido de adiamento da plenária. “Eu fiquei muito chateado com a direção e, em especial, com a executiva”, comentou.
O desapontamento envolve questões anteriores à reunião sobre o futuro político do PT. Vicentão informou que ajudou pessoalmente na ascensão de Marinho.
“É importante dizer que ele só foi presidente graças à nossa articulação. Participei da campanha dele, que, até então, nunca tinha votado nas convenções estaduais porque sempre foi filiado em Tatuí, mas não no diretório nacional, mesmo ele sendo um dos fundadores do partido no município”.
Por conta desse empenho e de outras questões, Vicentão afirmou que pensava ter uma “relação de afinidade” com Marinho. Dessa mesma forma, entendia o sentimento como recíproco. “No debate da relação com o governo (municipal), ele não respeitou um pedido meu, como filiado e vice-prefeito”, disse.
O motivo era a impossibilidade de ele participar da reunião por conta de uma fatalidade. Na época da plenária, um sobrinho do vice-prefeito sofreu um acidente na cidade de Itapeva, vindo a falecer quase um mês depois.
“Eu estava acompanhando o meu sobrinho, filho único de minha irmã, e, por telefone e por e-mail, pedi para cancelarem a reunião. Lamentavelmente, o Marinho e a executiva não acataram e quiseram tomar a decisão (de permanecer na base do governo municipal) à revelia”, argumentou.
Além de não atender à solicitação, Vicentão informou que a diretoria permitiu a participação – em voto – de correligionários com pedido de desfiliação.
“Havia pessoas que não tinham direito a voto, e ele (Marinho) colocou para votar. Fora isso, no pedido, eu solicitei que ele convocasse uma reunião de diretório, porque alguns filiados não estavam em dia com contribuições”, apontou. “Eu sempre paguei em dia, mas os demais não eram cobrados”, acrescentou.
Outra questão que causou choque de ideias foi o balancete das contas do diretório. Em entrevista, o vice-prefeito disse que cobrou, “por ‘n’ vezes”, a entrega de balancete com entrada e saída das contribuições recebidas pelo partido.
“Ele também não me apresentou nada. Por conta disso, decidi que sairia. Eu já deixaria o partido de toda forma, independentemente do Supremo”, falou.
O vice-prefeito também rechaçou a possibilidade de ter permanecido no PT caso o partido optasse por não continuar na base de apoio do prefeito. No momento, ele estuda propostas apresentadas por políticos e mantidas em segredo.
“Já recebi convites para me filiar por alguns partidos. Estou analisando. Tenho conversado muito com o prefeito sobre a sucessão e tenho um compromisso de voltar ao governo no caso de haver uma reeleição”, declarou.
Vicentão disse, ainda, que não saiu magoado do PT, mas ficou chateado por conta das circunstâncias, principalmente por “ter contribuído para o crescimento do partido”.
Enfatizou que faz parte da história da legenda, não só pelo atual momento, mas pela projeção conseguida. Em 2008, lembrou que o partido ganhou o segundo vereador da história da cidade.
“Entrei e ajudei a construir o partido. Tivemos eleição do segundo vereador – o primeiro foi o Paulo Borges. Na eleição seguinte, em 2012, eu acho que contribui mais ainda, porque saímos de um para três vereadores”, enumerou.
Em sua trajetória petista, Vicentão citou a parceria com Marinho. O vice-prefeito declarou que respeita a história política do presidente do diretório municipal.
Afirmou que Marinho é “um defensor das bandeiras do PT” e que, pela soma de esforços e do trabalho realizado, aguardava ter sido mais reconhecido.
Vicentão informou que três partidos abriram as portas a ele, números atribuídos à “trajetória de vida pública” e aos contatos com deputados estaduais e federais. “Todo mundo conhece minha história. Apesar das críticas que recebo por ter mudado de partido, há outros que mudaram até mais que eu”.
O vice-prefeito alegou, ainda, que “sempre colocou a cidade à frente de interesses pessoais e que não vê problema algum nas decisões já que tomou”. “Eu não poderia continuar num partido no qual a executiva não aceita um único pedido em anos de um filiado que tem mandato e importância”.
Além do prefeito, Vicentão citou que tem consultado companheiros políticos. O assunto tem sido unicamente a nova filiação partidária dele.
Entretanto, afirmou que o peso maior na decisão será o “projeto coletivo”. “Nunca fui personalista. Tanto que nunca quis ser presidente de partido”, frisou.
De antemão, Vicentão informou que integrará um partido de “centro-esquerda”. Disse que quer continuar a linha de trabalho na qual “teve origem e sempre atuou”. Também ressaltou que “jamais vai para a centro-direita ou direita”.