Raymundo Farias de Oliveira
O sapateiro batia,
batia sem parar
o martelo de seu ofício…
Devassava o silêncio da rua
assobiando com entusiasmo
a valsa de todas as manhãs…
Sempre a mesma valsa!
Tudo tão monótono. Tão triste.
Era um desterro para mim…
O tempo passou.
Pois até hoje bate, com insistência,
na janela de minha memória
aquele martelo que ficou tão longe…
A valsa que o homem assobiava
renasce misteriosamente
no salão de minhas recordações.
E sinto uma vontade louca
de sair dançando no compasso macio
da velha valsa que a tantos encantou!
Mas…falta-me a dama
dos passos lépidos e dos braços sedosos