O Fórum Municipal da Educação de Tatuí terá novos encontros no prazo de seis meses, conforme anteciparam os responsáveis pela iniciativa, o secretário da pasta municipal, Miguel Lopes Cardoso Júnior, o diretor da Fatec de Tatuí, Mauro Tomazela, e a empresária Fabiana Grechi.
Proprietária da Educrescere, Fabiana disse que a primeira edição teve como meta ouvir os professores. Em um segundo momento, a proposta é olhar para as crianças. “De que forma? Como seres humanos, numa educação por valores, com empatia, com afeto, nos colocando no lugar do outro”, argumentou.
A empresária, que também é educadora, alegou que “estão cada vez mais emergentes os desafios. É urgente discutirmos esses temas para que possamos nos unir para uma construção coletiva de soluções”, asseverou.
De acordo com a empresária, os envolvidos nessa missão entenderam que não podem aguardar só do poder público uma solução. Fabiana enfatizou ser preciso ação. “Nós não temos de esperar, por isso que a proposta surgiu na forma de um fórum, para que essa construção surja, juntando todos os poderes”, disse.
No evento local, o estado esteve representado pela Faculdade de Tecnologia “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”, que cedeu espaço e desenvolve parceria com as redes pública e privada; o município, pela pasta da Educação, que convocou os professores participantes para as discussões; e a iniciativa privada, via Educrescere, responsável por convidar os palestrantes.
“A união permitirá a construção, por meio do debate, do que são nossas metas para uma educação de qualidade”, acrescentou Fabiana.
A primeira edição, realizada entre a quarta, 17, e a quinta, 18, visou discutir as “urgências” dos professores. “Na verdade, estamos aqui para trazer o educador no colo, porque para que você possa cuidar de alguém você, primeiro, precisa ser cuidado”, disse a organizadora.
Segundo ela, é preciso debater sobre desafios enfrentados pelos profissionais da educação em sala de aula. Fabiana relatou que muitos deles sofrem com problemas de saúde mental (depressão, crises de estresse e síndrome de pânico); outros, desenvolvem problemas na voz ou nas articulações.
Cardoso disse que tem percorrido as unidades de ensino e conversado com os professores durante os HTPC’s (horário de trabalho pedagógico coletivo). O secretário afirmou que, sempre que possível, mantém conversas com os educadores durante as reuniões de planejamento de trabalhos.
“Tenho percebido que temos uma equipe fantástica e extremamente compromissada. Só que percebi que estamos em um momento no qual precisamos dar voz para esse povo. Então, o fórum é esse espaço”, argumentou.
Os planos da secretaria são de consolidar o evento, razão pela qual enumerou o fórum deste mês como o primeiro. Além disso, o secretário explicou que os debates são realizados seguindo um regimento. “Até por isso, costumo falar que ele tem um caráter de audiência pública”, considerou.
Para breve, a intenção da secretaria é de ampliar o número de participantes. “Temos uma limitação do número de lugares, que estão todos ocupados. Por isso, queremos abrir o espaço para que mais pessoas possam contribuir”, adiantou.
Os debates da primeira edição foram iniciados pelos palestrantes, a partir dos assuntos abordados nas conferências. Fabiana argumentou que os profissionais tiveram a missão apenas de mediar as discussões e não de apontar quais dificuldades precisam ser superadas pelos educadores.
“Quem aponta as soluções que podem ser aplicadas é sempre o professor. O que nós vamos desenvolver aqui é um processo de metodologia científica”, afirmou.
Com ajuda dos palestrantes, os professores se dividiram em grupos temáticos para apontar situações de problemas, levantar hipóteses e soluções possíveis.
O secretário frisou que as palestras ficaram a cargo de profissionais da Educação, com livros editados e de várias partes do Brasil. Já os debates contaram com 40 mediadores. “As discussões servem para provocar os profissionais que atuam na Educação a dizerem o que podemos fazer por eles”, apontou.
“O Brasil inteiro e o estado de São Paulo e, mais especificamente, o Centro Paula Souza, estão preocupados com a formação inicial. Precisamos formar nossa sociedade como um todo com valores e aproximá-la das novas tecnologias”, comentou o diretor da Fatec.
Tomazela afirmou que a integração é fundamental para que haja melhora efetiva no aprendizado. Para isso, a instituição tatuiana já faz ações voltadas à aproximação do corpo docente – e da própria infraestrutura – às comunidades, a exemplo da Fatec de Portas Abertas, realizada sempre em outubro.
Na primeira edição, o público de mais de 400 pessoas apresentou sugestões que serão compiladas em documento norteador de ações. A secretaria pretende elaborar relatório contendo os apontamentos nos próximos dias. “Depois, vamos fazer um fechamento com os desafios e o próximo tema”, contou Cardoso.
Segundo antecipou Fabiana, a expectativa é de que o segundo fórum mire nas crianças em salas de aulas. “Elas não escolheram estar lá, ou serem alunas de um professor. Mas, é lá que elas vão ter que desenvolver uma relação afetuosa – ou pelo menos não violenta – com aquelas pessoas com quem vão passar a maior parte do tempo”, enfatizou.
Para Cardoso, o evento tem um caráter mais importante que os próprios assuntos, pois democratiza a participação e dá voz os profissionais. “Ele é um divisor de águas. A secretaria é uma antes e outra após o fórum”, concluiu.