Estresse e ansiedade estão entre os maiores vilões da saúde sexual feminina

No Dia da Saúde Sexual, especialistas explicam como a sobrecarga mental e emocional reduz o desejo e apontam caminhos para recuperar o equilíbrio.

A sobrecarga de trabalho, dentro e fora de casa, a pressão financeira e o desafio de conciliar múltiplas tarefas e a rotina de cuidados com crianças e idosos estão entre os fatores que mais têm impactado a saúde emocional das mulheres brasileiras, segundo o relatório “Esgotadas”, da ONG Think Olga. De acordo com o documento, 86% das brasileiras afirmam carregar um excesso de responsabilidades e quase metade (48%) enfrenta uma situação financeira apertada. Além disso, 28% se declaram como a principal provedora do lar e 57% das mulheres entre 36 e 55 anos relatam ser responsáveis pelo cuidado direto de alguém.

Esse cenário de esgotamento físico e mental tem reflexos diretos na saúde sexual. O estresse crônico eleva os níveis de cortisol e compromete a produção de hormônios sexuais como estrogênio e progesterona, afetando a libido, provocando fadiga, insônia e, muitas vezes, dificuldades de excitação e dor durante a relação. A ansiedade, por sua vez, gera insegurança, insônia e tensão muscular, o que prejudica a lubrificação natural e torna o sexo desconfortável. Já a depressão reduz a motivação e o prazer, intensificando a distância emocional no relacionamento. Em muitos casos, os medicamentos usados no tratamento do transtorno também contribuem para a queda do desejo.

Segundo a ginecologista da Afya Educação Médica em Brasília, Dra. Tatiana Chaves, a saúde íntima da mulher não pode ser desvinculada de sua rotina e condições de vida. Para ela, a sobrecarga mental desequilibra o ciclo hormonal e drena a energia física necessária para o desejo sexual. “O cansaço extremo e a sobrecarga mental desequilibram o ciclo hormonal e drenam a energia física necessária para o desejo sexual. Quando a mulher está exausta, o corpo simplesmente ‘desliga’ para o prazer”, afirma.

A médica acrescenta que a sexualidade feminina historicamente foi negligenciada. “A sexualidade da mulher por muitos séculos foi deixada de lado. Temos poucas décadas onde ela começou a ser vista como importante. A jornada tripla, com trabalho, casa e filhos, faz do sexo a última prioridade. Muitas mulheres podem passar anos sem sexo e não sentir falta, porque para a maioria delas não é uma prioridade”, explica.

No consultório, Dra. Tatiana costuma provocar suas pacientes à reflexão: “Por que você lava as louças da sua cozinha, que não traz prazer, mas não prioriza o sexo, que pode trazer prazer e conexão com seu parceiro? O tempo e o esforço são praticamente os mesmos”. Para ela, a questão está ligada à gestão de prioridades e de tempo. O corpo da mulher responde a tudo que a mente dela deseja. Organização de tempo é algo precioso e uma tarefa bem difícil para as mulheres, principalmente, as que trabalham fora de casa.

A psicóloga Renata Caveari, coordenadora de Psicologia do Centro Universitário Afya Itaperuna, reforça que a saúde sexual feminina não se limita ao corpo. Para ela, envolve também aspectos emocionais, relacionais e até socioculturais. “A saúde sexual não está restrita apenas ao funcionamento físico ou biológico. Ela envolve também fatores emocionais, psicológicos, relacionais e até socioculturais. Quando falamos em saúde sexual, precisamos considerar o ser humano de forma integral, valorizando não só o corpo, mas também o equilíbrio emocional e o contexto em que essa mulher está inserida”, explica.

Segundo a especialista, o desejo sexual está diretamente relacionado ao bem-estar emocional. Quando a mente está dominada por preocupações, medo ou tristeza, reduz-se a disponibilidade psíquica para o prazer e a intimidade. Esse é um dos motivos pelos quais ansiedade e depressão costumam impactar negativamente a vida sexual. Ela lembra que estudos já mostraram prevalência de disfunção sexual entre 58% e 83% das mulheres com depressão, o que reforça a influência direta do estado emocional sobre a sexualidade.

A psicóloga da Afya Itaperuna também ressalta que autoestima corporal elevada e uma postura assertiva – a capacidade de expressar desejos e respeitar limites – estão associadas a níveis maiores de desejo, satisfação e orgasmo. Além disso, quando as tarefas e responsabilidades do lar são distribuídas de maneira equilibrada, observa-se mais harmonia sexual e redução das diferenças de desejo entre os parceiros. “Trabalhar a autoestima, aprender a lidar com a culpa e distribuir responsabilidades são passos fundamentais para que a mulher se sinta mais presente consigo mesma e com o parceiro, algo que tem impacto direto na intimidade”, orienta.

O silêncio, porém, ainda é um desafio. Muitas mulheres evitam falar sobre suas dificuldades por medo de não corresponder, de frustrar o parceiro ou até de perder afeto. Renataalerta que esse silêncio só amplia o distanciamento. “Falar sobre dificuldades sexuais é um ato de coragem e de cuidado consigo mesma. Quando a mulher encontra espaço para se expressar sem julgamentos, abre-se a possibilidade de viver uma intimidade mais verdadeira e saudável”, finaliza.

Sobre a Afya  

A Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de  Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina, e 25 unidades  promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de  medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos  últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da  medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do  portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir  capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação”  (2023) como a mais inovadora do Brasil, e “Valor 1000” (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de  educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo  prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com  ImPacto”, do pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Mais  informações em http://www.afya.com.br e ir.afya.com.br.

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