Estendidas inscrições a projeto do Fundo





Cristiano Mota

Ana Paula quer estender atividades aos idosos não ‘contemplados’

 

O Fundo Social de Solidariedade estendeu o prazo de inscrições de interessados em projeto que visa promover a alfabetização entre o público idoso. Denominada de “Nunca é Tarde para Aprender”, a iniciativa deve iniciar aulas no mês que vem. O curso será oferecido gratuitamente na sede do projeto “Doce Lar”.

Criado a partir de estudo elaborado pela gerontóloga Paola de Campos, o projeto recebeu aval da primeira-dama e presidente do Fundo Social, Ana Paula Cury Fiuza Coelho. A ideia é estimular o aprendizado, dando condições de autonomia para idosos que não frequentam o Parque Ecológico Municipal “Maria Tuca”.

No espaço, o Fundo Social promove atividades junto a 180 idosos que frequentam o “Melhor Idade”. O grupo selecionado a partir de inscrições participa de ações e recebe acompanhamento de profissionais de segunda a sexta-feira no período da manhã. Eles recebem transporte e alimentação gratuitamente.

“A ideia é dar uma aula para alfabetizar pessoas maiores de 60 anos porque, no projeto, nós já temos uma professora que promove estimulações”, relatou Ana Paula. Conforme a primeira-dama, as aulas do curso de alfabetização ficarão a cargo da professora Marjorie Rinck Guerini.

A proposta do “Nunca é Tarde para Aprender” é ir além do trabalho desenvolvido no “Maria Tuca”. No parque, os idosos realizam atividades que visam à estimulação cognitiva e mantêm os participantes com “a mente ativa”. “Eles desenvolvem uma série de trabalhos para estimular a memória”, disse.

De modo a abranger o maior número de pessoas possível – e em especial as não atendidas pelo “Melhor Idade” –, o Fundo Social começou a discutir um formato diferenciado. A alfabetização surgiu por conta de verificação de demanda.

Conforme Ana Paula, voluntárias e integrantes da própria equipe da entidade trouxeram dados que permitiram a formatação de um curso com foco no ensino da escrita e da leitura. “Nós estamos vendo que a população está envelhecendo e que algumas pessoas idosas querem se alfabetizar”, relatou.

Na outra ponta, há quem precise reforçar o aprendizado, uma vez que abandonou os estudos ou que está há muito tempo sem estimular o cérebro em decorrência de problema de saúde. “Calhou a necessidade com as nossas ideias. Nós temos dois dias sugeridos para que o curso possa ser oferecido, mas ainda não definimos porque decidimos estender o prazo”, disse Ana Paula.

A gerontóloga e coordenadora do “Melhor Idade”, Paola de Campos explicou que o Fundo Social não promoveu pesquisa de levantamento para saber quantos idosos estão na condição de analfabetos ou analfabetos funcionais.

De acordo com ela, que também é arteterapeuta, o Fundo Social buscou embasamento em dados próprios e nas dificuldades encontradas junto aos participantes do projeto realizado no “Maria Tuca”. “Muitos deles (dos frequentadores do “Melhor Idade”) sabem ler e escrever, mas apenas o próprio nome. Para fazer as coisas simples, do dia a dia, é mais complicado”, contou.

Paola salientou que um dos objetivos do curso é a inserção da pessoa com mais de 60 e que é analfabeta na sociedade. “Ao alfabetizar o idoso, nós podemos incluí-lo em uma sociedade que o excluí por vários fatores, como ser velho e de baixa renda. Existem vários preconceitos contra a velhice que já deixa os idosos à margem da sociedade. Não saber ler e escrever é mais um”, disse.

Outro ponto que levou o Fundo Social a desenvolver o projeto é a prevenção da doença de Alzheimer. Conforme Paola, pesquisas mostram que quem entra na escola para alfabetização, seja qual for a idade que tiverem, correm menos riscos de contrair doenças que afetem o funcionamento do cérebro.

“O fator de proteção para a doença de Alzheimer é a escolaridade. Podemos dizer que os idosos estão sem este fator e se eles passarem a estudar, independentemente da idade, eles contam com esta proteção”, enfatizou.

A coordenadora classificou o projeto como “um curso rápido de alfabetização”. Os idosos devem frequentar aulas duas vezes por semana, as terças e quintas, no período vespertino. Os dias do curso e os horários em que ele será ministrado dependerão da disponibilidade dos inscritos. Em princípio, as aulas terão duração de quatro meses – com encerramento no fim deste ano.

A finalidade é que os idosos conheçam “todas as ferramentas da escrita e os conceitos de matemática”. “É uma experiência. Se as aulas não forem suficientes até o final do ano, continuaremos com a mesma turma em 2015”, disse a coordenadora.

Para o desenvolvimento das aulas, o Fundo Social optou por aplicar a metodologia do pedagogo Paulo Freire. O livro didático “Aprender para Contar: Alfabetização de Jovens e Adultos” que será utilizado é de autoria de Bianca Santana.

Paola antecipou que não é necessária a aquisição do material para fazer as aulas. “O material tem que ser diferenciado, pois não podemos infantilizar o adulto”, ponderou.

No término das atividades, os alunos receberão certificado, que não pode ser utilizado como comprovação de conclusão de ensino ou de grau de escolaridade. A razão é que o projeto é independente, de cunho autoral do Fundo Social, e, portanto, não tem ligação com o MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Por conta do estudo de viabilidade do curso e o melhor aproveitamento dos ensinamentos, a primeira-dama explicou que o Fundo Social oferece duas opções de datas para frequentar o curso. Ana Paula afirmou que os inscritos poderão optar por fazer aulas às quartas-feiras, das 15h às 16h30, ou as sextas, das 18h20 às 20h.

Como se trata de um piloto, a presidente do Fundo Social afirmou que o projeto não tem prazo definido. Segundo Ana Paula, o tempo de duração das turmas pode variar de acordo com o grau de conhecimento de cada um dos participantes.

A entidade também estipulou mínimo de dez alunos para iniciar as turmas. A primeira, porém, pode ser constituída por até 20 idosos. Os interessados devem se dirigir até a sede do Melhor Idade, na avenida Cônego João Clímaco de Camargo (Avenida das Mangueiras), 309. O atendimento é de segunda a sexta em horário comercial. Mais informações pelo telefone 3305-2585.

De modo a flexibilizar e permitir que mais pessoas participem, Ana Paula afirmou que o Fundo Social vai priorizar as necessidades dos alunos. Por essa razão, dará opção de escolha de horário e de dia para os interessados na alfabetização.

“Nós tomamos o cuidado de escolher até mesmo a hora, pensando em como as pessoas poderiam adequar suas rotinas com o curso”, comentou a primeira-dama.

Exercitando o corpo

Também em setembro, o Fundo Social deve iniciar o “Rítmica na Praça”. O projeto consiste em promoção de atividades físicas abertas ao público a acontecer na Praça do Idoso, situado no Parque Ayrton Senna da Silva, na vila Dr. Laurindo.

A ação é fruto de parceria entre o Fundo Social e a Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude. Toda a programação ficará a cargo da professora de educação física Ana Carolina Comeli. Ela ensinará ritmos de dança, como o axé, country e marchinhas carnavalescas para idosos interessados.

O projeto será realizado as terças e quintas-feiras, das 15h30 às 17h com, no máximo, 20 pessoas por turma. Os idosos serão selecionados por ordem de inscrição. Qualquer pessoa acima de 60 anos de idade da cidade pode se inscrever.

Conforme a coordenadora do “Melhor Idade”, o exercício físico para os idosos é “como um remédio”. Paola de Campos argumenta que a prática de atividades físicas “altera a qualidade de vida”, revertendo em benefícios para os idosos.