Entre os dias 1º e 5 de março, uma parte do espaço aéreo de Tatuí ficará restrita para operações. A razão é o 61º Campeonato de Voo a Vela do Sudeste, que acontecerá na cidade. O evento deve atrair entre 8 e 15 pilotos de planadores e marca o retorno das competições do gênero ao Aeroclube de Tatuí.
“O último campeonato que tivemos aqui foi uma etapa brasileira, em 1990. Ficamos todo esse tempo sem campeonatos em Tatuí, mas, neste ano, que voltamos ao círculo, estamos animados”, explica Eduardo Costa Rodrigues, atleta que desponta no esporte e é responsável pela coordenação da etapa local.
A vinda da competição é comemorada pelo presidente do aeroclube, Alexandre Simões de Almeida. De acordo com ele, o evento fortalece o clube de voo a vela do município, uma vez que dá visibilidade ao esporte e oportunidades para que outros pilotos da cidade e da região possam participar.
Para Bruno Nogueira Rodrigues, pai de Eduardo e um dos dois atletas que representam o aeroclube, a disputa trará outros benefícios. Em especial, para a economia da cidade. “Traz mais movimento para o aeroporto como um todo, mas, para o município, ajuda a movimentar outras áreas periféricas”, argumenta.
Com a disputa, a expectativa é de que os pilotos estreitem as relações com os demais competidores de outros aeroclubes, gerem vínculos, melhorem técnicas e possam aprimorar a atividade. Em paralelo, ainda, que os visitantes gastem no município.
“Quem vem para competir traz toda uma equipe de apoio e familiares. É um contingente de pessoas que vai se hospedar em hotel, comer em restaurante, abastecer em postos de gasolina e conhecer a cidade”, afirma Bruno.
A iniciativa de trazer a competição a Tatuí faz parte de estratégia adotada pelo aeroclube para estimular a atividade. Almeida explica que a entidade tem como um dos objetivos o desenvolvimento do voo a vela como esporte.
De acordo com ele, tanto Bruno como Eduardo vêm apresentando bons resultados nos campeonatos. Além disso, pai e filho estão mantendo regularidade de treino. “Fazia um bom tempo que isso não acontecia. E sediar o evento é estimular outros pilotos e alunos que estão se formando”, diz o presidente.
Em Tatuí, o evento será disputado em quatro categorias. A competição reunirá pilotos nas classes “open”, “racing”, “clube” e “KW-1”, sendo regida pelas normas do manual esportivo da FBVV (Federação Brasileira de Voo a Vela), responsável pelas provas.
As pré-inscrições terminaram no dia 20 deste mês, mas as inscrições são aceitas até o dia 28. Na data, serão realizados, ainda, o treinamento (voo de reconhecimento do espaço aéreo), a pesagem inicial e o briefing (instruções iniciais) dos pilotos.
O calendário da competição prevê abertura oficial, dia 1º de março, data na qual o Aeroclube de Tatuí fará a apresentação oficial do simulador de voo (reportagem nesta edição).
O equipamento (que teve desenvolvimento anunciado com exclusividade pelo jornal O Progresso) será incorporado ao ensino oferecido pela escola de planadores, em funcionamento no aeroclube local.
A intenção da entidade é realizar sessões de demonstração gratuita para os competidores e todas as pessoas que acompanharem o evento. O dispositivo junto à disputa deve contribuir para estimular a prática do voo a vela.
“É importante mostrarmos às pessoas que elas não precisam seguir a carreira de piloto, somente o que fortalece o esporte”, argumenta Almeida.
Segundo ele, a realização do evento em Tatuí é resultado de um trabalho que começou com a inscrição do aeroclube em edital aberto pela FBVV. Anualmente, a federação publica as datas dos campeonatos regionais e nacional. “Entramos com pedido e cumprimos uma série de exigências”, conta.
Além dos requisitos, a FBVV leva em conta outros fatores para deferir a candidatura. No caso do pedido, apresentado no final do ano passado pelos representantes locais, a federação considerou o hiato registrado pelo aeroclube.
“Uma das preferências que a FBVV teve conosco é o fato de que Tatuí não sediava um campeonato havia muito tempo, quase 30 anos”, conta Almeida.
Para receber os pilotos, o aeroclube nomeou uma comissão de organização. O trabalho está sendo coordenado por Eduardo, que já participou de eventos semelhantes e tem contato com a FBVV. “Estamos seguindo todas as etapas necessárias. Os trabalhos seguem com a preparação da estrutura”, diz o presidente.
A equipe de trabalho também está tentando parcerias com redes de hotéis, para hospedagens, e com clubes de lazer, para oferecer opções às equipes de apoio e pessoas que não estejam competindo. Entre elas, familiares dos pilotos.
O passo seguinte é contatar a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e os órgãos competentes para a emissão do Notam (Notice to Airmen, ou “aviso aos aeronavegantes”).
Trata-se de um documento que tem por finalidade divulgar, antecipadamente, toda a informação aeronáutica de interesse direto e imediato à segurança da navegação.
“A questão do espaço aéreo é a mais desafiadora”, ressalta o presidente. Segundo ele, o aeroclube precisa contatar, ainda, o Ministério da Defesa para obter a autorização e reservar a área a ser utilizada pelos pilotos nas competições.
O procedimento é necessário para garantir a segurança dos competidores e evitar cruzamentos. “Você estabelece uma área, e ela fica oficial durante o evento. Essa informação é divulgada para todos os pilotos do Brasil, que ficam cientes de que, no período, os planadores têm prioridade de sobrevoo”, conta.