ESG na prática: critérios para impulsionar as empresas

Patrícia Baceti
Patrícia Baceti *

As empresas brasileiras estão cada vez mais conscientes da importância das práticas ESG, que englobam critérios ambientais, sociais e de governança. Segundo um estudo da consultoria KPMG, 76% das empresas brasileiras incluem essas diretrizes em suas estratégias de negócio.

A adoção dessas medidas sustentáveis e socialmente responsáveis é vista como uma vantagem competitiva, capaz de gerar valor para os negócios e fortalecer os valores das empresas junto aos seus clientes, colaboradores e investidores. Mas afinal, como o ESG pode contribuir com a performance das empresas na prática?

A gestão das pessoas alinhadas ao propósito da companhia é um bom exemplo prático disso. Quando a empresa adota políticas que estimulam e valorizam um ambiente de trabalho colaborativo, inovador e de respeito mútuo, pode contribuir para o desenvolvimento de uma equipe mais engajada e comprometida.

Como resultado, a empresa pode atrair e reter talentos, aumentando seu engajamento, produtividade e melhorando a qualidade de seus produtos e serviços ofertados.

Outra questão importante é o alcance de clientes por identificação de valores sociais. A empresa que adota critérios ESG para se comunicar com seus clientes, divulgando práticas sustentáveis e inclusivas, pode atrair um público que se preocupa com essas questões e ter como resultado a conquista de novos clientes, além de fidelização dos antigos.

Essas ações certamente trazem os stakeholders para “mais perto” dos valores da empresa. Isso aumenta a base de usuários e, mais uma vez, a receita.

A governança é um dos principais pilares do ESG e tem como objetivo garantir a transparência e a responsabilidade nas operações.

Portanto, a implementação de políticas contábeis e de conformidade com empresas de auditoria ou, então, o estabelecimento de parcerias terceirizadas para amplificar os níveis de regulação e de melhores práticas, pode gerar ainda mais confiança dos investidores e acionistas.

Além disso, a implementação de práticas ambientais pode gerar benefícios a longo prazo. Como exemplos práticos, podemos dizer que a adoção de energia fotovoltaica nas unidades do negócio traz “à mesa” a redução de despesas administrativas, além da priorização do uso de energia limpa.

O incentivo ao uso de itens recicláveis e ações de coleta seletiva de lixo para a melhor gestão de resíduos também trazem benefícios diretos para a sociedade, natureza, e para a administração predial da companhia.

Em resumo, a implementação de práticas ESG pode contribuir significativamente para a performance sustentável das empresas, desde a manutenção de uma cultura forte, solidez das atividades-base, até a conquista de resultados cada vez mais expressivos. Ainda, é possível dizer que as práticas preveem mais do que conquistas de selos e certificações, pois podem aumentar o “valuation” do negócio, termo que significa “avaliação de empresas”, que envolve o julgamento da posição que tal companhia ocupa no mercado e a previsão do retorno de investimento nas ações desta. Portanto, é um caminho sem volta.

* CFO e líder de ESG, na One7