Sediada em Tatuí, a equipe Território Motorsport manteve posição no “Rally dos Sertões”. O piloto Edu Piano fechou a 21ª edição da disputa em quarto lugar, mesma colocação obtida por ele no ano passado.
Em 2018, a surpresa ficou por conta da estreia de Nathan Domingues e Bruno Luppi. Os jovens pilotos competiram na última etapa da temporada, fechando o Campeonato Brasileiro de Rally Baja. A disputa integra o evento de rali que, desde 2016, tem Piano competindo exclusivamente na categoria UTV.
O veterano trocou de categoria quase na metade de 2016, quando precisou desistir do “Sertões. “Comecei sozinho, mas bati no terceiro dia da prova. Aí, abandonei. Já no ano passado, fui bem. Ficamos em quarto na geral”, contou.
No ano de estreia, Piano disse que a proposta da equipe era economizar. Entretanto, em 2017, a Território Motorsport voltou a investir, o que contribuiu para que o piloto tivesse o bom desempenho na categoria geral da competição.
Em 2018, o atleta manteve a posição na temporada. “Esse ano foi bom, mas tem muita coisa para evoluir. Lógico que competição depende de dinheiro e, quanto mais é investido, mais lá para frente o piloto poderá andar”, argumentou.
O representante de Tatuí começou a carreira em 1996, aos 27 anos. A primeira participação dele em disputa de rali foi no “Sertões”, por influência de um amigo.
“Na época, eu estava em uma loja de jipe. E meu amigo me indicou a competição. Nunca havia ouvido falar na prova, mas pensei que seria legal, pois ela saía de São Paulo e ia até Natal”, recordou-se.
Até então, Piano competia em provas de indoor (em circuito fechado e contra o relógio) e “raids” (um tipo de corrida na qual o piloto não pode oscilar a velocidade). Na ocasião, competia com um jipe Suzuki Samurai, com o qual debutou no Sertões. “Eu também tinha um jipe Engesa”.
O piloto se inscreveu na disputa 20 dias antes de ela começar, mais por insistência do amigo. Piano contou que não dispunha do dinheiro para inscrição, mas estava vendendo uma motocicleta. Um amigo dele pegou o veículo em troca do dinheiro da taxa. “Ele ficou com a moto e pagou a inscrição”, conta.
Com a inscrição feita, Piano levou o jipe para uma oficina mecânica. “Fizemos o básico, porque o carro já era todo mexido”, explicou. Por estar preparado para as disputas indoor, o jipe já tinha o “motor mais forte” e outras adaptações.
No entanto, como não havia muita experiência, o veículo precisava de reparos constantes. “Fui para o rali, mas só quebrando. Quebrava todo dia, e não tinha mecânico, não tinha nada. Eu e o navegador arrumávamos”, descreveu.
Em 1997, o piloto resolveu buscar patrocínio. Fechou com uma concessionária Suzuki, de São Paulo. Aí, trocou o Samurai por um jipe Vitara. O apelido dado a ele por amigos (chamavam-se de Piano) pegou. “Sou técnico afinador. Tenho uma loja de piano em São Paulo”, revela o competidor.
A troca de função, do piano para o volante – apesar de o piloto ainda ser proprietário da empresa – ocorreu por indicação de uma tia. Piano havia ido a um aniversário e, ao conversar com a tia, recebeu o conselho.
“Ela me disse que o irmão dela era igual a mim, nervoso e estressado. E contou que ele havia melhorado depois de ter comprado um jipe para passear”, recorda-se.
Piano ficou tão impressionado que saiu da festa direto para uma feira livre de automóvel, que acontecia no Anhembi, em São Paulo. Comprou o veículo. Na sequência, ingressou em um grupo de jipeiros, com o qual passou a participar de reuniões e a fazer passeios. “A equipe chamava Tração”.
Os programas com finalidade de socialização “funcionaram” para o piloto por um tempo, até que ele resolveu partir para provas e a buscar mais velocidade.
No indoor, ele chegou a disputar corridas em outros estados, como Rio de Janeiro. Dele, foi direto aos “Sertões”, da qual se sagrou oito vezes campeão.