O julgamento de 18 pessoas que teriam envolvimento com uma rede de tráfico de drogas na região do Jardim Rosa Garcia 2 chegou à fase final. Neste dia 11, a juíza Mariana Teixeira Salviano da Rocha, da 1a Vara Criminal, deu prazo de cinco dias para que os advogados dos réus apresentassem as considerações finais por escrito.
No mesmo dia, a magistrada liberou o processo para vista do Ministério Público. Desde março, cinco dos réus apresentaram pedidos de liberdade, todos negados pela responsável pelo processo e em instâncias superiores.
Uma das petições foi apresentada pela advogada de uma ré que tem filho com idade menor de 12 anos. A juíza sustentou, por meio de despacho, que, apesar de reconhecer o direito que as mulheres têm de permanecer em prisão domiciliar para cuidar dos filhos, a acusada participaria de esquema de venda de entorpecentes que contava com a colaboração de adolescentes.
Dois dos acusados (ambos réus primários) tiveram alvarás de soltura expedidos pela magistrada no dia 13 de março. A decisão foi tomada após os depoimentos de fevereiro. De acordo com Mariana, “a prova colhida até esta oportunidade indica que não mais persistem os requisitos ensejadores de custódia preventiva”.
Entenda o caso
A suposta quadrilha teria laços com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e com servidores municipais. Entre os réus, estão um homem apontado como o chefe da organização criminosa, dois advogados, um ex-policial militar e uma escrivã da Polícia Civil. Alguns dos acusados são suspeitos de atuarem como lobistas junto ao ex-governo local.
Os acusados, sendo 14 homens e 4 mulheres, respondem por associação criminosa e tráfico de entorpecentes. A suspeita de envolvimento de uma policial civil foi encaminhada à Corregedoria Auxiliar de Sorocaba. Ela é processada por corrupção passiva.
O julgamento teve início no dia 6 de fevereiro e estendeu-se na mesma semana. Algumas das oitivas foram realizadas no início de março. Até o começo do julgamento, o processo tinha mais de 3.500 páginas.
Segundo despacho da juíza da 1a Vara Criminal de Tatuí, as interceptações autorizadas pela Justiça revelaram uma “extensa rede de criminalidade”, desde o “comando do tráfico de entorpecentes atuante na comarca até mesmo o envolvimento de indivíduos inseridos no âmbito do Poder Executivo municipal”.
Conforme o documento disponibilizado no site do Tribunal de Justiça de São Paulo, as investigações evidenciaram um “poder paralelo da criminalidade, que usufruiu de gama considerável de membros e influência”.
De acordo com o processo, a quadrilha teria três núcleos principais: o “de comando”, que chefiaria a organização criminosa e teria os comandantes do tráfico de drogas no Jardim Rosa Garcia 2; o “gerencial”, responsável pela distribuição das drogas em diferentes pontos e pela parte operacional; e o “de atuação da Prefeitura Municipal”, composto por servidores públicos e pessoas ligadas à administração. O processo é decorrente de investigações que começaram no ano de 2014.