Dados divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) indicam saldo negativo em cinco setores da economia local, relativos aos primeiros nove meses do ano.
A indústria de transformação, o comércio e a construção civil, nessa ordem, foram os setores que mais demitiram e apresentaram saldos negativos. Em contrapartida, o ramo de serviços mantém-se com saldo positivo na geração de emprego e é o setor que mais cresce no município.
O Caged, registro administrativo do Ministério do Trabalho, acompanha o processo de admissão e demissão dos empregados regidos pelo regime CLT.
Conforme as estatísticas, entre os meses de janeiro e setembro deste ano, a indústria de transformação demitiu 2.856 e admitiu 2.308 pessoas, registrando saldo negativo de 548 postos de trabalho.
Já o comércio demitiu 2.768 e admitiu 2.597 trabalhadores, com saldo negativo de 171 postos. A área de construção civil também manteve-se no vermelho: foram gerados 816 empregos, contra 869 demissões.
Na contramão da crise, três setores mantiveram-se com saldo positivo na geração de empregos. O setor de serviços registrou o surgimento de 650 novos cargos (2.546 demissões contra 3.196 admissões).
A administração pública e a agropecuária também mantiveram-se no azul: 93 desligamentos contra 207 admissões, e 505 demissões contra 563 admissões, respectivamente. No total, Tatuí registrou variação de 0,14%, com 39 postos em positivo.
No comparativo com os dados dos 12 meses do ano de 2014, a flutuação do emprego formal apresenta melhora. O ano passado terminou com variação negativa de 881 cargos, número obtido principalmente com o desempenho ruim da indústria de transformação, que fechou mais de 1.100 postos de trabalho.
Segundo o coordenador do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), Levi Pinto Soares, foi registrado aumento na procura de emprego nos últimos três meses.
“Não temos uma estatística, mas as principais vagas oferecidas são para abatedor de aves, ou seja, linha de produção, embalagem e expedição de produtos”, apontou.
O cargo de alimentador de linha de produção é, segundo o Caged, um dos que oferece menor salário – a média de admissão é de R$ 1.196. Conforme Soares, registrou-se aumento de procura por vagas de candidatos com nível de instrução mais elevado.
“Porém, a maior procura, ainda, é de pessoas de baixa instrução. Estamos mantendo a confiança com relação a novos postos de trabalho no próximo ano”, destacou.
Embora o setor de serviços tenha apresentado saldo positivo no município, empresas locais afirmam não terem observado reflexos no aumento da demanda. Segundo o mecânico Samuel Henrique O. Silva, “a situação poderia estar melhor”, em relação à quantidade de serviços prestados na oficina.
“Não estamos tão ruins, mas, anteriormente, nesse período, tínhamos até 30 carros em atendimento. Agora, não chega a dez. A expectativa é de que a situação melhore até o final do ano, período em que as pessoas viajam e necessitam ter o veículo em ordem”, diz.
Quem também aposta na chegada do final do ano para aumentar a demanda é Edson Rostelato, proprietário de uma transportadora. Porém, ele ainda tem dúvidas. “Final de ano geralmente é bom no ramo de mudanças, no qual atuamos, mas este ano estamos com a pulga atrás da orelha”, comenta.
Conforme Rostelato, a transportadora mantinha agenda cheia em até duas semanas, numa média de 60 a 80 atendimentos ao mês. “Agora, atingimos no máximo 45. E tivemos de realizar demissão de um membro da equipe. Não há outra saída”.
No Posto de Atendimento do Sebrae, em Tatuí, a orientação sobre finanças, marketing e administração, que pode ser útil em tempos de crise, registrou procura de 243 pessoas físicas e 1.261 pessoas jurídicas.
Financiamentos somam R$ 10,4mi em 5 anos
Nos últimos cinco anos, a Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista financiou R$ 10,4 milhões para empresas e para a Prefeitura de Tatuí. Grande parte do montante, 84%, é referente a operações de crédito realizadas somente em 2015, entre abril e setembro. Foram financiados, neste ano, um total de R$ 8,7 milhões.
Segundo a Desenvolve SP, até o momento, a indústria é a principal tomadora de recursos no município, representando o equivalente a R$ 8,9 milhões do desembolso total liberado pela instituição à cidade.
O restante dos recursos, R$ 1,4 milhão, foi investido pela prefeitura em obras de asfaltamento e recapeamento de vias.
Para Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Desenvolve SP, o aumento dos financiamentos está ligado a dois fatores. “De um lado, continuamos criando instrumentos para impulsionar os investimentos no Estado; por outro, diante da atual conjuntura econômica, parte dos empresários está percebendo que inovar é crucial para se manter no mercado”, diz.
As empresas atendidas na Região Metropolitana de São Paulo somaram financiamentos de R$ 32,5 milhões.