Em trânsito nos caminhos de Tatuí e do planeta

Encerradas as eleições municipais, que tiveram a definição do prefeito de Tatuí mais apertada das últimas décadas, segue a vida dos tatuianos – como de resto, dos moradores do país.

Sim, foi emocionante, em particular para quem “torce” por alguém, e mais ainda para aqueles que, de uma forma ou outra, integraram as campanhas dos candidatos e, porventura, farão (ou fariam) parte das equipes de governo municipal.

Sim, também houve diversas acusações trocadas – cuja veracidade ou falsidade deverão ainda ser apuradas pela Justiça -, as quais também podem ter animado a torcida. Porém, dentro dos limites minimamente “normais” da política, ninguém chegou a ponto de merecer ou dar cadeirada no outro.

Certamente, muitos dos ânimos acirrados, com o fechamento das urnas, terão calmaria progressiva, chegando mesmo, no futuro, a até reconfigurar o quadro legislativo recém-eleito quanto a posições de situação e oposição – dado o fisiologismo não ser corpo estranho à política.

Entre outros tantos aspectos positivos e negativos, que fique aqui ao menos um lamento quanto à insistência em se vilipendiar o estado laico, com tantas citações de fé – algo de franco interesse e foro apenas pessoal – como se “patrimônio público” fosse…

Também ecoa estranho, ainda, como seria essa tal “família” de que tanto se fala, mais até do que em educação, segurança, emprego, habitação, cultura…

Afinal, a se reforçar tanto que um único “modelo” é o ideal, automaticamente, fica complicado não deixar ideia de que os demais seriam errados… E, afinal, ainda que fossem, que isso tem a ver com a vida pública, e não – novamente – com a particular de cada um?

É certo que a tal opinião pública, ainda profundamente contaminada por esses discursos de ódio (pouco disfarçadamente cheios de preconceito mil), quase que “impõe” aos candidatos a obrigação de não serem necessariamente bons gestores (pelo menos não em primeiríssimo plano), senão “influencers” sectários e histriônicos devotos extremistas de uma jihad contra assombrações só não mais fictícias que risíveis – embora profundamente danosas, em particular, à democracia.

E não se está, aqui, a sustentar ideia de que este fenômeno é local – muitíssimo pelo contrário! O processo incivilizatório é mundial, impactando no extermínio do respeito ao próximo (em sendo “diferente”), da empatia em geral e do próprio conhecimento formal, científico, seguido do desprezo pela “verdade” – seja qual for esta, desde que não agrade às expectativas do indivíduo-eleitor.

Em Tatuí, até que o uso da fé alheia para ganhar voto foi surpreendentemente comedido durante a campanha – o que merece ser reconhecido e agradecido aos candidatos.

Mas, fazer o quê no âmbito global? Lembrando que boa parte do mundo caiu nessa arapuca infantil do “imaginário bem contra o hipotético mal”? Difícil apontar…

Apelar um pouco mais ao bom senso, ao real sentimento de amor ao próximo e, claro, parar para pensar diante de explícitas mentiras na internet seria um caminho interessante…

Agora, entretanto, é necessário reiterar que acabaram as eleições e, portanto, cabe voltar à normalidade, com atenção e empenho sobre problemas reais.

Um deles, por exemplo, foi bem apontado na semana passada pela enquete semanal do jornal O Progresso de Tatuí: a educação no trânsito. Ou, melhor dizendo, “a falta de”.

A questão figurou a pesquisa devido à Semana Nacional de Trânsito, em meio à qual teve início a instalação de 14 lombadas eletrônicas “educativas” em Tatuí – que não são “radares móveis”.

A instalação integra a segunda fase do convênio “Respeito à Vida – São Paulo Dirigindo com Responsabilidade”, firmado entre o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e a Secretaria de Segurança Pública e Mobilidade Urbana de Tatuí.

A finalidade é “a redução de velocidade dos veículos para proporcionar mais segurança aos usuários, além de melhorar as condições do tráfego de veículos e pedestres, bem como reduzir o índice de acidentes no município”.

As lombadas eletrônicas educativas estão sendo instaladas em diversos pontos. O secretário municipal da Segurança Pública e Mobilidade Urbana, Miguel Ângelo de Campos, reforça que as lombadas eletrônicas “educativas” não são radares móveis de velocidade para aplicação de multas, “que não foram instalados nos últimos anos e não há nenhum em funcionamento no perímetro urbano de Tatuí”.

“O objetivo maior é a redução de acidentes, oferecendo aos usuários das vias públicas municipais mais segurança, fluidez, conforto e, principalmente, educação no trânsito”, destaca o secretário da pasta.

A primeira fase do convênio “Respeito à Vida – São Paulo Dirigindo com Responsabilidade” já foi realizada, com a instalação de lombadas e lombofaixas, na marginal do Manduca, próximo ao Museu da Imagem e do Som – MIS Tatuí; na rua 11 de Agosto, próximo ao Centro Integrado de Reabilitação; e na rua 11 de Agosto, perto da padaria Onze.

Já a terceira e última fase será a troca de semáforos, que deve ser implementada conforme o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito do Contran, com a finalidade de informar, regulamentar, indicar e educar o usuário acerca da correta utilização das vias, tornando-as mais seguras ao trânsito.

As medidas parecem fazer sentido, ao menos se considerada a manifestação da grande maioria dos leitores que participou da enquete semanal do jornal O Progresso, a qual avaliou o comportamento dos motoristas de Tatuí de maneira muito negativa.

Na pesquisa, a pergunta foi: “Como você avalia o comportamento do motorista tatuiano?”. As respostas demonstraram significativa insatisfação, com as porcentagens: “péssimo” (38%), “ruim” (33%), “regular” (25%), “bom” (4%) e “ótimo” (0%).

E então pode-se retomar a uma das observações anteriores: quando se começa a desprezar a educação formal, não há como esperar que a pessoal também nãos seja comprometida…

Da mesma forma, essa falta de sensibilidade para com os demais também leva a comportamentos egoístas e agressivos, os quais não deixam de se manifestar no trânsito.

Enfim, há clara obrigação de muito trabalho pela frente – em Tatuí e no mundo, cujos melhores resultados precisam partir do real interesse quanto a tudo que é público, e não de âmbito particular. E, claro, com a revalorização da “humanidade”, da “verdade” e, sobretudo, da “educação” – em todos os seus aspectos.